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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Convenientes Dedos do Medo


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Com medo das inconveniências,
Achava conveniente escolher o medo,
Muito bem de convir é não apontar o dedo,
Ao mesmo dedo que nos acusa de conivências;
Ensina-nos o dedo a apontar o que nos convém,
O mesmo dedo que sobre o nosso dedo sabe bem,
O que muito bem sabemos sobre a nossa consciência,
Só não sabemos o que não sabemos de nossa demência,
Nem queremos saber da razão que o demente não tem,
Vai daí, aponta o nosso dedo o lugar de nossa ausência,
    E logo que vai, desviamos os olhos do dedo que vem!...

Enquanto coçava o cu da mão, achava o dedo merdoso,
Que todos os seus dedos existiam para serem medrosos,
Por medo de ser apontado, apontava o dedo corajoso,
Apontava-se também com seus dedos corajosos,
Antes que os outros dedos desonrosos,
Apontassem ao seu dedo honroso,
     A culpa por estarem furiosos!...

Convinha, convinha e há que convir,
É conveniente respeitar o medo imposto,
Conviessem muitos a verdade da razão a seguir,
Mas por cada dedo que vai, há-o que está para vir,
Apontam-se dedos na esperança de garantir o encosto,
Da mesma mão, há culpados dedos acusados de desgosto
Atadas estão as mãos que ao tolhimento se deixaram anuir,
   As mesmas mãos que escondem a pouca vergonha do rosto!...

É mais complicado do que parece, dizem os dedos instruídos,
As mão devem apresentar-se sempre limpas como as de Pilatos,
    Há dedos felizes sob a ditadura de punhos e são corrompidos,
       Não se fazem mão que os responsabilize pelos seus actos!...

   
                             
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