domingo, 30 de dezembro de 2018

Como Outro Dia Quaqluer

.
.
.

Não estava frio,
Nem estava vento,
Estava um dia cinzento,
Como outro dia qualquer…
Não se ouviam vozes do rio,
Cheio de silêncio e tão vazio,
Tépido fio d’água alvacento,
Caudal adormecido e tardio,
Como outro rio qualquer…
Não se via um sentimento,
Não se via no olhar o brio,
Vestígios de um lamento,
E nem por um momento,
Se fez luz, se fez sombrio,
Apenas esse passar lento,
   Como outra vida qualquer!...


Nem frio,
Nem vento,
Apenas cinzento,
Tanta vida por um fio,
Traçada na folha do tempo,
   Como outro dia qualquer!...



.
.
.
 


quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Talvez Apostasia

.
.
.

 
Lá do alto, onde a cegueira o via,
Ele observava do seu altivo olhar,
Do alto a baixo, fé perpendicular,
Uma linha, o caminho da idolatria,
Perfeito em sua forma de fantasia,
Até que algum corte fizesse falhar,
     Tanta fartura de fé, luz de cada dia!...


Pura, a carne virgem na horizontal,
Deitada num desejo que a despia,
Fitava o brilho do que a confundia,
Todas as estrelas do seu céu carnal,
O desejo e a confusão,
 O pecado e a confissão,
O medo do corte, castigo corporal,
E o sangrar do corte que não queria,
Corte que já fora perfeito e vertical,
O seu acto de contrição,
  Talvez a liberdade, talvez apostasia!...
 
.
.
.