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Não fora suposto relacionar,
Quatro bigodes de gato, por cada gato, a
dar,
Eram trinta pardos de janeiro, os
famintos gatos,
Trinta e um se, por sete vezes, quisermos ser exatos,
Trinta e um se, por sete vezes, quisermos ser exatos,
E menos um gato de fevereiro, que já era
suposto faltar;
Seriam os pelos mais duros em seus sentidos
mais latos,
Os voluntários à força que a fome soube
forçar,
Soltaram os 366 miados mais abstratos,
Mas depressa deixaram de miar!...
A felicidade numa gaiola é relativa,
Como relativa é a felicidade da própria
gaiola;
Um passarito baloiça no poleiro de sua
perspectiva,
Uma gaiola vê-se fechada no coração de sua
tentativa,
Prisioneiros de uma argola livre, presa a
outra livre argola,
Solta-se um dos muitos bigodes de gato e
abre-se uma alternativa,
Se mais bigodes de gato se soltassem!…
Se as argolas, delas se libertassem!…
Um gato sem bigodes, preso do lado de
fora, arranha uma viola,
Sem cordas nem bigodes, sem força nem
desespero, mia uma esmola,
Na gaiola feita de bigodes de gato, há uma
esperança contemplativa,
Os bigodes vão crescendo no gato e caindo
da gaiola evasiva,
Sem perguntas, as respostas são vagas nos
elos da escola,
O coração não aprende e os gatos são
atitude passiva;
Se, pelo menos, os gatos miassem!…
Se os corações frios sangrassem!…
Se houvesse uma relação entre a liberdade
dos gatos orgulhosos,
E os corações, livres de pelos desesperados,
livres e carinhosos!…
Se as lágrimas presas nas lágrimas não
secassem!…
Se a relatividade não fosse chave de
prisão na mão dos poderosos,
Ou um pelo, em desespero, à espera que o
arrancassem!…
Gaiolas em projecto,
Corações em gaiolas projectadas,
Gatos fechados em gaiolas relativadas,
Corações de passaritos em prisões sem
tecto,
Relativismos de liberdade com gaiolas relacionadas!...
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