quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Presépios...

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Sem o brilho da ilusão,
Monta-se o presépio dos iludidos,
Em cada cena sobressalta a alucinação,
Abraçada pela insânia dos desejos perdidos,
É dormente a força perdida deitada nos pedidos,
E o desejo dorme no desperto íntimo da humilhação,
Enquanto o estábulo deserto pretende ser a negação,
Da Luz acolhida na esperança de todos os acolhidos,
Para quem a saudável humildade é a realização,
   Dos humildes desejos dos desiludidos!... 

No outro lado prescindiu-se da esperança,
Enfeitaram-se pinheiros de ouro com peso imoral,
Nada se perdeu nem em Jesus há qualquer semelhança,
Com o pequeno brilho desprezado pelo infiel fiel da balança,
Onde são pesados os mais pesados erros de enfeite fatal,
E há ricos que se vão perdendo numa alucinada dança,
   Nos delirantes tentáculos de um padrasto natal!…

Ardem palhas de conforto possível,
Nos olhos inflamados em fogo sem rosto,
Derramam-se lágrimas falsas de combustível,
   Na Esperança sempre vítima de fogo posto!...
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1 comentário:

  1. Misturo meu olhar ao olhar do poema e encontro um Natal na atualidade. Seu olhar me devolve as cores, formas e volumes, perspectivas e luzes, mas sua textura cega meus olhos. E, enquanto insisto em mantê-los abertos, apesar da dor pela clarividência que não troco pela ilusão, sou tomada por um sentimento de náuseas, ou de culpa, por reconhecer, ou admitir, que também eu faço parte daquele cenário.

    Ou dos muitos “Presépios...” que foram substituídos por outras personagens às decorações natalinas, onde o aspecto religioso da data perde para muitos outros papéis dentro da sociedade, e a atração principal acaba sendo a troca de presentes, uma atividade que só reforça os laços sociais.

    E a festa, antes religiosa, ganha aspecto de comercial.

    Por mais que insisto em dizer o que vejo, o que se mostra não se aloja jamais no que digo, ou comento, e por mais que o poema me faça ver o que está me dizendo por metáforas ou marcadores, o lugar onde meus olhos se descortinam só se define pela multiplicidade da linguagem. E é nesse lugar que me dou conta que aquilo que A. Pina redimensionou é poesia. Na devolução do olhar. Ou dos muitos olhares que dou espaço para ver mais longe, e adiante de mim. Na imagem que se fixa além, na arte pela palavra escrita e descrita. Na linguagem do poema com o wallpaper.

    Mas não é apenas essa a imagem que fica. Ou a que retenho. Há outra. A da linguagem dos dedos, das lágrimas da salvação, da esperança, da humildade, da estrela, e do dourado que é chama, pela luz da reflexão.

    Na comunhão dos versos com o ritmo, na argumentação como intenção. Lá onde a preocupação com a humanidade, pela sensibilidade, na busca permanente e no encontro com a renovação poética, e na esperança renovada do próprio mundo tem lugar garantido no espaço etéreo da poesia d’Alma.

    É isso. E isso sim é maravilhoso. E sem dúvida, o meu melhor olhar.


    Feliz Natal.

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