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Veio um eunuco, um pederasta e um proxeneta,
E um galopim abrindo caminho a toque de sineta,
Todos eles tendo na testa bordados de emulação,
Esvoaçavam na leveza de uma airosa borboleta,
Prometendo muito prazer em caudais de dulcidão,
Tentador remédio santo para males do coração,
Carne mal passada em vez da habitual punheta!...
Enquanto o castrado guardava o harém,
O proxeneta conferia doze putas mal contadas,
Deitando contas à vida de contas mal paradas,
Aguardava um cu impaciente sua vez também,
Ficando das esfomeadas escolhas muito aquém,
Vaginas de outras vaginas por elas enrabichadas!...
Lá continuava o garoto badalando o chocalho,
Com um olho vesgo na puta e outro no vergalho,
Belas esposas do rei eram tentações das arábias,
Sempre guardadas eram cartas fora do baralho,
Trunfos maiores de arriscadas sequências sábias;
Mas… porque não jogar uma cartada?!...
-O eunuco algum prazer há-de ter,
Sem seu badalo, mulheres não podia comer!...
Arriscando, o jovem, uma atrevida jogada,
Seduziu o guardião da tentadora mulherada,
Prometendo por ele algo fazer,
Mas…
O sodomita trejeitando doméstica enciumada,
Numa estranha abordagem capciosa,
Intrometeu sua sodomizante língua gulosa,
Propondo uma sensual orgia combinada,
Sem a vaginal concubina de meretriz horrorosa!...
Já doze línguas trabalhavam nos clitóris do harém,
Sentindo línguas do deserto em seus clitóris também,
Quando o chulo desconfiando do número que viu,
Mandou tudo para as putas que as pariu,
Castigou a primeira fêmea em pleno orgasmo,
Que entrelaçada em todo aquele entusiasmo,
Nem a pancada sentiu,
E, vindo-se violentamente num longo espasmo,
De outros espasmos de prazer não desistiu,
Humilhando o reles homenzinho,
Que, cego pelo ódio do seu interesse mesquinho,
Em vez de uma das suas doze putas sem lei,
Agredira a mais bela das esposas do rei!!!!...
Com cinco dedos bem fustigados na seda da face delicada,
E um olho todo negrinho por conta da agressão,
Perdeu o proxeneta o traseiro tesão,
Ganhando uma certeza adivinhada,
De arrepiar fortes machões de vida obstinada,
Capões inatos de falhada circuncisão,
Falo castrado pela cimitarra de um eunuco capão,
Castigada vida por reles vida castigada!...
Entretanto,
O corpulento e castrado guardião,
Confundido por um insuspeito plano inocente,
Deliciava-se com o garoto atrevido,
Que lhe sussurrando papilas húmidas no ouvido,
Estava ansioso pelo seu paradisíaco presente,
Irresistíveis mulheres ardendo em sangue quente,
Prontas para foderem um galopim atrevido!...
E tudo corria bem;
O eunuco entre suspiros vibrava,
O garotelho em putas e outras mulheres pensava,
E, não havendo mais homens, também,
Avançaram as putas livres de quem as aprisionava,
Para satisfazerem seus desejos de mulher libertada,
Enquanto espreitava na sombra o harém,
Arrepiado de desejo, com medo, porém,
Já que seu guarda ainda as guardava!...
O rapazote já não tocava a sineta,
Com doze putas que lhe ofereciam,
Substituindo a sensaborona punheta,
O bacanal era um céu de outro planeta,
Onde quase todos os sentidos se perdiam,
Pela passagem em chamas de um cometa,
Que incendiara a alma de um estranho poeta!...
Escreveu a testemunha sobre este triângulo ordinário,
Descrevendo em acta o sentimento perdulário,
De um eunuco que virou proxeneta meigo,
Um proxeneta que deu em guardião solidário,
Doze putas escondidas da lei,
Transformaram-se no harém do rei,
E rainhas que mudaram seu vocabulário;
Quanto ao jovem leigo,
Esse aprendiz de fraco peido,
É príncipe da criadagem grei,
Literatelho de fraco povo literário!...
Há quem não sendo, seja o que é,
Sendo que não é o que quer ser,
Parecendo não ser São Tomé,
Ainda que não vendo… o crer!...
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