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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Até ao Regresso...



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Da dor que ficou,
Da dor que partiu contigo,
É dor por inteiro que ficou comigo,
Repartindo-te por tudo aquilo que sou,
Dói tanto este vazio onde estou,
Dolorosa Saudade de abrigo,
    Feita do Amor que te dou!...

Nós queria-mos tanto proibir-te de partir,
Evitar que pela razão jamais nos deixasses,
Queria poder dar-te tudo para que ficasses,
E tudo que temos é a tristeza deste sentir,
Sempre na Esperança de vermo-nos sorrir,
Naquela certeza de que nunca duvidasses,
Da felicidade que sempre esteve no porvir,
     Para que todas as nossas lágrimas secasses!...

O nosso abraço,
É do tamanho da vida,
É o universo de uma Alma sentida!...
É este estreito e forte laço,
O nosso abraço,
Que ficou em nossa despedida!...
É esse teu corajoso passo,
Apartado do nosso regaço,
Que trilhando a Esperança prometida,
Te mostrará o grande valor da partida,
    E no regresso o valor de mais um abraço!...

Abraço,
    Meu Filho!...



quarta-feira, 18 de abril de 2012

Pombas... (A Inconsciência da Fome)

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Cultivado na intenção caiu um grão de milho,
E logo alertou a fome duma pomba sorrateira,
Silenciosa caminhou ao longo da calada caleira,
Sob as telhas expostas à sombra da fome do filho,
As penas que escondiam o esfomeado empecilho,
Alimentavam os olhos de uma ocasião matreira,
Conforme revela um ladrão, incendeia o rastilho
    Caiu a pomba infiel aos pés duma fisga certeira!...

Os pombos solitários andam por aí desorientados,
Enjeitando sujas pombas brancas desempregadas,
Negras nuvens de negros abutres voam carregadas,
Trazem as sombras vorazes dos apetites insaciados,
Chuva vermelha cobre a fome de pássaros apeados,
Pombos desarmados abandonam pombas armadas,
Esquecidas das brancas penas de seus voos amados,
     Caídas em cinzas negras de velhas searas queimadas!...

Se por ocasião das colheitas preciso for,
Virão corvos brancos e pacíficos falcões,
Flores vermelhas e os cravos de outra cor,
Cortar o pio medroso de outras ocasiões,
Com dois afiados gumes das expressões,
    Sulcadas na cegueira da fome com fervor!...

Deixaram-se esguiar as asas da liberdade,
Sucumbiram as pombas proibidas de voar,
É tão diferente o céu no inferno da realidade,
Reais diferenças entre a diferente igualdade,
   De ver livres pombas deixarem-se arrastar!...

E é nos ninhos abandonados de filhos sem nome,
Que leio cortes nas asas daqueles que não sabem amar,
Apenas porque lá no alto voam os que não ensinam a lutar,
    E toda a coragem das penas foi caindo na inconsciência da fome!...
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