quinta-feira, 3 de maio de 2012

Até ao Regresso...



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Da dor que ficou,
Da dor que partiu contigo,
É dor por inteiro que ficou comigo,
Repartindo-te por tudo aquilo que sou,
Dói tanto este vazio onde estou,
Dolorosa Saudade de abrigo,
    Feita do Amor que te dou!...

Nós queria-mos tanto proibir-te de partir,
Evitar que pela razão jamais nos deixasses,
Queria poder dar-te tudo para que ficasses,
E tudo que temos é a tristeza deste sentir,
Sempre na Esperança de vermo-nos sorrir,
Naquela certeza de que nunca duvidasses,
Da felicidade que sempre esteve no porvir,
     Para que todas as nossas lágrimas secasses!...

O nosso abraço,
É do tamanho da vida,
É o universo de uma Alma sentida!...
É este estreito e forte laço,
O nosso abraço,
Que ficou em nossa despedida!...
É esse teu corajoso passo,
Apartado do nosso regaço,
Que trilhando a Esperança prometida,
Te mostrará o grande valor da partida,
    E no regresso o valor de mais um abraço!...

Abraço,
    Meu Filho!...



4 comentários:

  1. “Só quem toma um sonho / Como sua forma de viver / Pode desvendar o segredo / de ser feliz”
    ¬


    A poesia d’Alma reforça essa utopia. Por isso é verdadeira. Por isso quando divide soma, e soma multiplicando a dor num amor muito maior. Porque inteiro é o Homem que o sente e o vive, por ser tanto e mais, por ser Pai.

    [...] Na corrente, vibrando para que todas as portas se abram, todas as oportunidades se façam e seu filho encontre o que está indo buscar, consiste a oração ao Pai de todos os pais. E Deus, como Pai de Amor, nada deixa faltar aos seus filhos.

    Como de mim, como leitora, fica o desejo manifesto no desfecho entregue à reciprocidade do enlace [“Abraço, / Meu Filho!...”] ao tempo como recurso de espera. E assim concluo minha leitura com a mesma expressão latina inscrita no final de todas as obras inacabadas, por confiar à espera de sua continuidade ao (tão) abraço: ‘Reliqua desiderantur’.

    Como filho, ele merece. Como pais, também.

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  2. ‎[...] O poema à disposição marca a solidão pertencente a um momento que não existe mais. O presente é do amor distante. Daí sua dor. O pai que escreve alonga seus braços para um momento que ainda não existe. E o filho que o recebe alonga seus braços para um momento que ainda vai existir.
    E o poema passa a ser dos braços que não se tocam, mas abraçam-se na certeza de alcançar outros braços ainda maiores: o amor entre pais e filhos.

    Teresa Alves

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  3. Imagino a dor, a dor sentida, a dor de amor, de saudade, de desejo que tudo dê certo.
    O seu poema deixa o leitor participante desta partida, e torcendo pelo regresso, e torcendo para o sucesso.
    abraço

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