quinta-feira, 20 de abril de 2017

Tristes Trovas do Mundo Triste


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Que triste mundo este,
Da morte se faz festa,
Ainda mal nasceste,
E já nada te resta!...

Que triste vida esta,
No mundo se faz a morte,
Ninguém se manifesta,
Neste mundo sem sorte!...

Tristeza muito forte,
Toda esta tristeza,
Mundo sem fé nem norte,
Bem longe da beleza!..

Tão triste a crueza,
Deste mundo vazio,
Cheio de riqueza,
Em triste desvario!...

Água cega no rio,
Triste por ter de fugir,
Foge do coração frio,
    Sem olhos para sorrir!...

É tão triste não sentir,
A tristeza sentida,
Viver e não conseguir,
   Ver a vida perdida!...

De tudo esquecida,
Triste por em nada crer,
Esperança vencida,
Por esperança não ter!...

Só Deus nos pode valer,
Valha-nos o Seu amor,
Até Deus vemos morrer,
   Rezamos à nossa dor!...

Tão triste este horror,
Por onde caminhamos,
Caminho do Criador,
    Esse que renegamos!...

Nossas vidas amamos,
Com toda a nossa vida,
Vida que desprezamos,
     Neste mundo, perdida!...

A vida prometida,
Promessas de fartura,
Farta a fome de vida,
    Farta de amargura!...

A natureza pura,
Natureza perfeita,
Sua memória futura,
     Que o homem rejeita!...

A mentira enfeita,
A beleza sofrida,
A tristeza se deita,
     Na noite mal dormida!...

Triste esta ferida,
Tão aberta do nada,
 Sangra na despedida,
     Por tristeza criada!...

Triste e fustigada,
Pela humanidade,
Triste e indignada,
     Por triste maldade!...

Feito de saudade,
Chora o coração,
Vem a ansiedade,
     E toda a emoção!...

É rezada a oração,
É Deus a esperança,
Amor, conforto e pão,
   Caridade e bonança!...

Mas, se nem Deus resiste,
Á tristeza do mundo,
Também Deus está triste,
    P’lo amor infecundo!...

Entristecer profundo,
Tristeza de sentir dó,
Tão triste o Ser imundo,
     Reduzido ao triste pó!...

É tão triste ser triste,
Tão triste por nada ser,
Sentir que não resiste,
   Á certeza de morrer!...

É o medo de sofrer,
Triste efeito dominó,
Nasce o neto sem avó,
     Morrem filhos sem querer!...

Chega o anoitecer,
Chega o pesadelo,
Triste dia o de saber,
    Da morte sem apelo!...
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