Vamos unir-nos em vivas!...
Vivam as aparências e os sofistas,
A vertigem do sofisma e os trapezistas,
Vivam os honestos vendidos,
Vivam os ilusionistas,
Os santos corrompidos,
Os narizes muito compridos,
E as mentiras dos jornalistas!...
Demos vivas aos ricos cavalheiros,
Demos vivas aos ricos cavalheiros,
Vendamos vivas felizes aos optimistas,
Toca a comprar ricas vivas para os
banqueiros,
E para os cheios de esperança, sempre pessimistas,
Vivam os suicídios de empréstimos
despesistas;
Ora viva a realidade das árvores
idealistas,
Os pinhões azuis dos castanheiros,
E os corais cinzentos no céu verde da
ilusão,
Longa vida aos salva vidas que morrem no
verão,
E vai um viva que viva para as dunas dos
surfistas,
A onda sem brilho onde surfam os
alquimistas,
E, ainda, o ouro tolo das minas de carvão,
Vivam os ricos sem um único tostão,
Vivam os irmãos únicos sem um único
irmão,
Vivam também as suas abortadas gêmeas irmãs,
Filhas sem mãe e nem pai das belas com
senão,
Emprestemos vivas à mentira e à razão,
E
devolvamos vivas de boas noites pelas manhãs...
Já e agora, porque não dar vivas,
Á vida depois da morte,
E com o azar de alguma sorte,
Ter a sorte e o azar como perspectivas,
Num jogo único sem quaisquer outras alternativas,
Onde ganha o mais fraco por ser um manhoso mais forte?!...
Viva a eloquência mirabolante dos versos
sinuosos que se fazem aos vivas da ironia em frases de expressas intenções duvidosas
do seu essencial conciso,
Viva o verso preciso,
Extenso,
E de improviso,
Sem consenso,
Defeito
imenso,
Sem aviso,
Pretenso,
Indeciso,
Intenso!...
Viva a minha cisma,
Viva a lógica impensável do teu
pensamento,
Vivam as mil vidas do meu perfeito sofisma,
Vivam os reflexos difusos do meu prisma,
Vivam os sofistas do fundamento!...
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