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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Sofismática do Que Viva






Vamos unir-nos em vivas!...
Vivam as aparências e os sofistas,
A vertigem do sofisma e os trapezistas,
Vivam os honestos vendidos,
Vivam os ilusionistas,
Os santos corrompidos,
Os narizes muito compridos,
E as mentiras dos jornalistas!...
Demos vivas aos ricos cavalheiros,
Vendamos vivas felizes aos optimistas,
Toca a comprar ricas vivas para os banqueiros,
E para os cheios de esperança, sempre pessimistas,
Vivam os suicídios de empréstimos despesistas;
Ora viva a realidade das árvores idealistas,
Vivam as castanhas nos pinheiros,
Os pinhões azuis dos castanheiros,
E os corais cinzentos no céu verde da ilusão,
Longa vida aos salva vidas que morrem no verão,
E vai um viva que viva para as dunas dos surfistas,
A onda sem brilho onde surfam os alquimistas,
E, ainda, o ouro tolo das minas de carvão,
Vivam os ricos sem um único tostão,
Vivam os irmãos únicos sem um único irmão,
 Vivam também as suas abortadas gêmeas irmãs,
Filhas sem mãe e nem pai das belas com senão,
O sem senão das promessas grávidas e vãs…
Emprestemos vivas à mentira e à razão,
   E devolvamos vivas de boas noites pelas manhãs...
Já e agora, porque não dar vivas,
Á vida depois da morte,
E com o azar de alguma sorte,
Ter a sorte e o azar como perspectivas,
Num jogo único sem quaisquer outras alternativas,
        Onde ganha o mais fraco por ser um manhoso mais forte?!...
Viva a eloquência mirabolante dos versos sinuosos que se fazem aos vivas da ironia em frases de expressas intenções duvidosas do seu essencial conciso,
Viva o verso preciso,
Extenso,
E de improviso,
Sem consenso,
 Defeito imenso,
Sem aviso,
Pretenso,
Indeciso,
     Intenso!...
Viva a minha cisma,
Viva a lógica impensável do teu pensamento,
Vivam as mil vidas do meu perfeito sofisma,
Vivam os reflexos difusos do meu prisma,
    Vivam os sofistas do fundamento!...