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Virgens pingos atrevidos,
Tremem ao ser recebidos,
Entre os seios sequiosos,
Beijam-se nervosos,
Beijos tremidos,
Beijos aleivosos,
Secos lábios traídos,
Por leves pingos ansiosos,
Que secam nos brilhos perdidos!...
Lê-se leve a pele reescrita na poeira,
Lavrada pelas letras da palavra sedenta,
Bebe dos poemas toda a sede verdadeira,
Em cada triste página que secando lamenta,
Ser o lado mais seco de uma página poeirenta,
A secar no outro lado de uma folha mensageira!...
Entre os cabelos de chuva e o vento que a penteia,
Silêncios nostálgicos contemplam o sol no outro lado,
Todas as centelhas de luz já dão brilho ao significado,
Como se o sentido da lágrima que a si se presenteia,
Só se fizesse para que se faça o olhar onde se leia,
O cheiro da terra revolvida no corpo inebriado!...
Desabafa-se a terra molhada,
Ergue-se fresca com o cheiro,
Ergue-se fresca com o cheiro,
A geosmina de corpo ligeiro,
Banho da Alma enlameada,
Adivinha-se folha abraçada,
E beijo de fiel companheiro,
Reescrito na página rasgada,
De um perfeito livro inteiro!...
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Valorizando a natureza e a estação do ano propícia à fertilidade, a emoção e a comunicação sem ruído de interpretação, “Geosmina” perfuma com cheirinho de terra úmida pela chuvinha que cai fina e fraca, e inunda o poema de carinho e cuidado, germinando uma poesia que deixa na gente uma vontade louca de ser terra, chão e chuva; papel e tinta; boca, beijo e verso; reverso da poesia d’Alma.
ResponderEliminarE nesse instante me questiono até onde comentar esse poema, que toma conta de mim como se fosse a própria chuva, mas já agora marcada pela tempestade, não [in]correria no risco de sujá-lo com minhas epeedices e ameaçaria a beleza de uma poesia que exala o melhor de todos os perfumes: a serenidade!
Só até o seu desfecho, e descobrir que seria o mesmo que cometer uma apropriação indébita, e passível de ser punida, e condenada, arrisco, então, não a comentar, mas a pedir licença para REcolher um pouco dessa terra que REnova a vida e trazê-la para o meu dia. Só por hoje, ou enquanto durar essa poesia que me devolve a sensibilidade inscrita nas muitas páginas “De um perfeito livro inteiro!...”: a própria terra que vem da vida em sua homenagem.
Onde as mãos, a acolher a terra revolvida, guardam suas sementes como se pudessem eternizá-las para sempre à memória da poesia, ou desse instante poético, o fruto livre dos poemas d’Alma.
Obrigada.
Um Poema à memória dos afetos... por seu aroma.
ResponderEliminarAbraço, António Pina.