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Virgens pingos atrevidos,
Tremem ao ser recebidos,
Entre os seios sequiosos,
Beijam-se nervosos,
Beijos tremidos,
Beijos aleivosos,
Secos lábios traídos,
Por leves pingos ansiosos,
Que secam nos brilhos perdidos!...
Lê-se leve a pele reescrita na poeira,
Lavrada pelas letras da palavra sedenta,
Bebe dos poemas toda a sede verdadeira,
Em cada triste página que secando lamenta,
Ser o lado mais seco de uma página poeirenta,
A secar no outro lado de uma folha mensageira!...
Entre os cabelos de chuva e o vento que a penteia,
Silêncios nostálgicos contemplam o sol no outro lado,
Todas as centelhas de luz já dão brilho ao significado,
Como se o sentido da lágrima que a si se presenteia,
Só se fizesse para que se faça o olhar onde se leia,
O cheiro da terra revolvida no corpo inebriado!...
Desabafa-se a terra molhada,
Ergue-se fresca com o cheiro,
Ergue-se fresca com o cheiro,
A geosmina de corpo ligeiro,
Banho da Alma enlameada,
Adivinha-se folha abraçada,
E beijo de fiel companheiro,
Reescrito na página rasgada,
De um perfeito livro inteiro!...
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