quinta-feira, 5 de abril de 2012

Dizei-me...





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Diz-me, Jesus...
Porque Te ressuscita o pecado,
Depois de ter-Te matado?!...
Diz-me, Jesus...
Porque continuas a morrer de Amores,
    Por todos nós, tão ingratos pecadores?!...
Diz-me porque continuas a ser crucificado,
  Por ovelhas pobres e abastados pastores!!...

Porque carregas a nossa cruz,
    E os cravos que Te farão sangrar?!...
Porque nos continuas a perdoar,
 Como se fosses nossa Luz?!...
Dizei-me, Jesus...
Porquê eu nego,
Ser ingrato e cego,
Sem qualquer proposta,
Rezando pela tua resposta,
Conformismo a que me apego,
      Espírito de minha pobreza tão exposta?!... 

   Dizei-me, Jesus!...
   Será esta a minha Cruz?!...
 .
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1 comentário:

  1. Mesmo o sangue em contraste com a tela negra e a expressão de dor não é maior que a razão que enaltece o poema “Dizei-me...” que padece por não encontrar respostas, nem proposta de cura ou alívio, à dor que provém da incompreensão pelo sofrimento alheio.

    E eu fico aqui, lendo esses versos e me perguntando o que sangra mais, se a dor do Poeta ou o poema em si, embora reconheça que, ainda que presuma uma resposta, não tenho autorização para apontá-la, nem como parte interessada que sou, por fazer parte integrante dessa humanidade, e por admitir que também foi por mim que Cristo foi sacrificado na cruz.


    [De repente interrompo minha leitura, respiro fundo e sorrio. A Paixão de Cristo e o VERBO! O Imperativo Afirmativo e o Presente do Indicativo de ‘dizer’ toma-me em revelação.]


    O sangue que escorre do poema não é fruto da criação ou imaginação poética. Não é visual. É carne! É COMpaixão! É da Paixão de Cristo. Dos versos à poesia, a reflexão consiste na cobrança pelo caráter restrito da expressão de nosso arrependimento.

    E atrevo-me a não escrever mais nada a respeito. Como se pudesse, e posso, deixar em suspense tudo que depreendi com este poema, não sem antes registrar a minha solidariedade com seu tormento. Dessa atitude inédita me dou conta de que não sou tão pequena assim e cogito a hipótese de que pela diferença, por essa diferença, o pranto da poesia d’Alma exala seus frutos. Em mim.


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    Feliz Páscoa à família d’Alma.

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