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Cruzavam-se em qualquer caminho,
Dos seus caminhos traçados no deserto,
Cada qual, dentro de si caminhando
sozinho,
Consumidos por ásperas vendas de bordado
linho,
Fitas rasgadas nos olhos fechados em
ponto aberto,
E nos olhos bordados,
Relevos desencontrados,
Cresciam atrás de agulhas do bordado mais
incerto,
Não eram agulhas de aço a entristecer de
desalinho,
Nem o tecido era toalha de altar dos
pecados liberto,
Eram veredas, o caminho por toda a
solidão coberto,
Silêncio bordado no coração triste aberto ao espinho!...
Sem desígnios, os espectros transversais,
Bordam-se com a poeira que os atravessa,
Tempestades exaustas morrem nos areais,
A praia deserta e desertos são almas
iguais,
De olhos postos em alguém que as impeça!...
Todos vão passando pelo que passamos,
E não vemos passar quem por nós passa,
Somos caminho único da nossa desgraça,
E por nossa desgraça todos desgraçamos!...
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