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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Sereias de Areia

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Naveguei mares de fome rasgando celestes firmamentos,
Bolinei triângulos de velas enganando traiçoeiros ventos,
Fui açoitado nos promontórios dos corpos que percorri,
Sonhando fêmeas em cada costa que por elas submergi,
Possuí a histeria das bruxas em penetrativos tormentos,
Nadei de vértebra em vértebra saboreando costas de ti,
Ainda sofri clandestinos castigos por tão febris intentos,
Onde lambi o convés de teus naufragados sentimentos,
Saboreando grilhetas de sal que do teu tesouro senti!...

Encontrei-me tão perdido no tempo de finas areias,
Gravei a erosão de seu nome em cada anónimo grão,
Juntei búzios mágicos em hipérboles de minhas ideias,
Fitei meu mar encantado por minhas supostas sereias,
Esperando por elas em sereias da minha inspiração;
Pensava eu estar seguro nos braços seguros de Zeus,
Esperança à deriva em branca espuma de imensidão,
Ressaca repousada entre carinhos de abraços meus,
Castelos de sua areia e discípulas metáforas de Deus,
Ode minha cantada à faina sagrada de seu coração!...

Desbravei virgindades em bateis solitários,
Arcas douradas prenhas de negros dobrões,
Ensaiei abordagens com a carta dos corsários,
Autorização de reis passada aos mais fiéis ladrões,
Afundando promessas gravadas em meigos corações,
Diário de bordo escrito com o sal de prazeres vários!...

De tão rico tesouro real restou o broche prometido,
Enterrado na areia do teu corpo louco de mim escondido,
Trabalhei o mar entre tuas pernas com afinco de grumete,
Descobrindo finalmente teu tesouro, fruto do mar proibido!...

Navegando minha língua guiada por teus astrolábios,
Encontrei continentes de prazer em teus desejos sábios!...


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