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Deitada na cama,
Sob lençóis brancos de linho,
Recebe seu marido que a Ama,
Abre suas pernas à falta de carinho,
Na certeza do prazer se perder no caminho,
E esconde dos olhos a lágrima que não engana!...
Vinha-se nos ais dos orgasmos sonoros que fingia,
Naquelas madrugadas casuais do frio tesão do mijo,
Aproveitados momentos tristes de um oportuno pau rijo,
Do carinhoso marido que a ele mesmo há muito tempo mentia;
A meio da função a verdade murchava dentro da esposa que sofria,
Restando o Amor que oferecia lágrimas fingidas de grato regozijo!...
Uma Mulher esmagada pelo submisso peso doméstico do drama,
Sente no nervoso corpo de fogo a necessidade de sentir alguém,
E ainda que não mostre sua necessidade de sentir-se também,
Teme compreender os desejos que o seu corpo proclama;
Na ausência dos orgasmos interrompidos com desdém,
Ajoelha-se ardendo de tesão aos pés de ninguém,
Suplicando o perdão pelo pecado que a reclama!...
Não sabia amaldiçoar o Amor prometido,
Jurara respeito sem desvios infiéis na sua ventura,
Mas tanto respeito dedicado e tão sufocante ternura,
No leito era um cativeiro de doloroso prazer oprimido,
A um coito frio, sem qualquer prazer feliz, resumido,
Transformando a cama numa mesa de tortura!...
Penetrada pelo vigoroso tesão da vida,
Inchado no órgão selvagem que a possuía,
Revolveu-se dentro de si uma força incontida,
Liderada por um anjo que entre demónios ardia,
Enlouquecendo de gozo o pudor que se subvertia,
Salivando lágrimas de arrastada virgem arrependida,
Domesticada na contenção de uma educação perdida,
Em desejo escondido entre as coxas que o fogo lambia,
Atiçando orgasmos infernais de uma Mulher agradecida!...
Há muitos orgasmos fingidos entre lençóis,
Há abundantes ejaculações de olhos que choram,
Há tesão em cantos presunçosos de mudos rouxinóis!...
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