.
.
Afagada a cor da última folha que resta,
Pela lágrima em seiva de um olhar meigo libertado,
Liberta transparências dos carreiros duma densa floresta,
Que agradecem os veios em pagos de um castigo calado,
Por flutuantes perdões verdes de um seco silencio parado,
Remissível no sossego da dádiva que ao grito empresta,
Soltando a folha muda da palavra nua que se manifesta,
Num espairecido suspiro de verde adeus ignorado!...
Na força da folha que falha,
Faz-se forte a fábula que fala,
Excitando a façanha que embala,
Faguice que na nudez pálida se espalha,
Tocando vestes nuas caídas de um farto seio,
Transformando em ternura de uma etérea poalha,
E que de luz a liberdade do suspiro seguinte que se cala,
Porque a última folha é olhar verde caído de uma eterna batalha,
Conquistada na perda da cor que na vida, entre a morte, à dor vive alheio!...
No calculismo de ventos sádicos que fustigam as nervuras das árvores sem tendência,
A frieza altiva de árvores desenraizadas, gelam o frio com promessas de mais frio,
Envolvem-se em gelados unguentos untados nas serpentinas de inocência,
E culpam as serpentes envolvidas por espirais ventanias de exigência,
Convencendo as palavras bífidas a serem berços de leito macio,
Prontas para acolher os beijos ocos de um fruto vazio,
Eco adormecido de atenuante sonolência,
Do interior das árvores sem cio,
Inverno de sua penitência!...
Uma a uma, enquanto o tempo não dorme,
Delicadas, abrem-se nuas mãos suavemente,
À cor esmaecida de um verde sono ausente,
Juntam-se os gestos num lamento enorme,
Repetindo-se entre o abandono conforme,
No policromo frio de uma folha jacente!...
Na floresta sem cor de muita gente,
Há folhas caídas dos olhos das árvores que choram,
Derramando a seiva de esperança que o coração sente!...