sexta-feira, 21 de março de 2014

Dia da Poesia?!...


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Porque hoje…
 Querem fazer dos Poemas infinitos,
Um solitário e tão finito quanto único dia,
Boicoto esse convencional delito dos delitos,
Continuando a procurar-me no infinito da Poesia;
Procuro-me na liberdade dos dias e na livre alegria,
Abraço a tristeza que sobrou dos poemas aflitos,
Abro os braços e solto o grito dos gritos,
  Libertando-me dessa hipocrisia!...

A poesia é todo o tempo,
É o princípio dos fins sem fim,
A fonte do livre fundamento,
De onde corre o movimento,
    Que te liberta de mim!...
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terça-feira, 18 de março de 2014

Di.Amantes e a Prata


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Lembras-te?!...
Entramos há momentos no Santuário,
Extravasavam os medos do nosso medo,
Teus verdes anos amadurecidos muito cedo,
Amadureceram meu velho espírito temerário,
Foi, dos dez meses de namoro, esse o corolário,
Com um sorriso de Deus, e já de Aliança no dedo,
     Continuamos casados de fresco neste aniversário!...

Nem todos os espinhos foram exclusivo das rosas,
Juntos em nosso jardim cuidamos de nossas flores,
Partilhamos probatórios espinhos e algumas dores,
   E as verdes urtigas ensinaram-nos lições preciosas...
Lembras-te?!...
Delicadas, em tuas mãos merecedoras de louvores,
Assim como a delicadeza das flores mais poderosas,
   Luz que do frasco dos anos eflui fazendo luminosas…
As floridas recordações de nós, felizes sonhadores,
     E a memória dos nossos prazeres sempre ansiosos!...

Mas, agora…
Lembramo-nos que nada mudou,
Continuas a dar-me tanto prazer quanto dantes,
Assim quanto é o Amor que com o mesmo prazer te dou,
Sem deixares de ser a Mulher que és e eu o Homem que sou,
    Somos Amor e sexo com amor, Esposa e Marido, dois amantes,
Anos de ouro, com muita prata que o tempo não nos roubou,
Resistência natural que faz de nós Humanos di.Amantes!...

O Futuro?!...
A Deus pertence,
E ao coração mais puro,
Assim se lembre quem o pense!...
     
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sexta-feira, 14 de março de 2014

Flor dos Sonhos


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Prometeram-lhe a copa do mundo,
Não lhe disseram que começava do fundo,
Prelúdio dos espelhos que a esperam sem pressa,
Reflecte pecados inconfessos que o reflexo professa,
No espelho das horas vê-se em flor por um segundo,
E floresce…
Uma cerejeira diz-se a mais feliz pelo mar de flores,
Confessa à brisa o segredo da suavidade das cores,
A brisa suspira e cai uma pétala que a entristece,
Fita-se em seus brancos e logo se envaidece,
Achegados a si dormem sonhadores,
   E o sonho acontece!...
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sábado, 8 de março de 2014

Aspirando...


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Vejo-me no chão e no ar,
Pairo sobre o retorno de ficar só,
Ténue de mim desta frágil vida a levitar,
Leve, leve…leve a luz que me ilumina o pensar,
Vejo-me ínfima partícula respirada num universo de pó,
    Sou aspirador aspirado com pouco ou nada do muito a aspirar!...

Sou tão terra quanto a minha certeza de ser o retorno à poeira,
Sigo os borbotos sobre as falsas tábuas de flutuante soalho,
Há tufos de lã que aspiram ir além da pata da cadeira,
Sinto-me que aspiro algo e sento-me à sua beira,
Cai levemente um fio do meu cabelo grisalho,
Aspiro a ideia de ser um velho carvalho,
  Aspiro o cabelo e a cinza da lareira!...

Arrasto palavras acumuladas,
Junto-as sem cuidado a um canto,
Formam-se frases para meu espanto,
Imperfeitas com aspirações desinspiradas,
Varro do pensamento ideias desfragmentadas,
Aspiro novos fragmentos que levitam por encanto,
Sem borbotos atraídos por sujas palavras empoeiradas,
São todas elas parte de um tema,
Aspirações e inspirações aspiradas,
   São aspirador que aspira ser Poema!...
    

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terça-feira, 4 de março de 2014

Feliz Fazer Feliz...







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Momentos…
A Vida por momentos!...
A felicidade que não se tem,
Tormentos…
O tormento de saber tão bem,
Do mal sentir haver muito quem,
Lamentos…
Lamento dos infelizes sem ninguém,
A sós com os seus pensamentos,
Isolados e sem felizes intentos,
   De fazer feliz alguém!...

Morrem tristes por triste viverem,
Viveram tristes sem o saberem,
Entranhada foi a infelicidade,
Estranha e sem finalidade,
 Sem a Alma feliz fazerem,
     Triste para a eternidade!...

Afinal…
Sabemos bem,
Que só somos felizes,
  Fazendo feliz alguém!...
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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

...do Siso

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Tanto demorou a nascer,
Quase tanto quanto o juízo,
Tanto não queria eu o perder,
E antes que pudesse perceber,
Ainda antes de qualquer aviso,
Anestesiado me foi o sorriso,
Às mãos do que tinha de ser,
Arrancado foi o meu dente,
    E não sei o quanto de siso!...

Vê-se o brilho aparente,
No esmalte da uma bela coroa,
Disfarça-se o hálito que magoa,
A quem cheira a boca de frente,
Esconde-se a dentina decadente,
E uma infectada polpa em pessoa,
Dentes mordem discretamente,
    Outros mordem línguas à toa!...

Saio insensível pela anestesia,
Bocas bem tratadas são impedidas de sentir,
Granulomas consentidos fazem os dentes cair,
Por não me sentir, minha língua quase eu comia,
A fome é o antibiótico de um povo em agonia,
Caem os dentes de bocas prestes a ruir,
   Cerram-se novos dentes noutro dia!...

Já sem ver o lado direito do juízo,
Vejo a dor escondida,
Vejo gente,
Vejo gente mordida,
Vejo um dente,
Vejo a verdade doente,
Vejo lindos dentes sem vida,
Vejo o pus sobre a comida,
    Vejo a coroa que mente…
      E já não vejo o meu dente do siso!...
    
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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Bissexto dos Comuns

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Comum não é qualquer ano,
Nem os há para qualquer um,
Há dias iguais de ano comum,
E nódoas no branco do pano,
  Há panos tingidos por engano,
      Bibes sujos sem futuro algum!...

Comum é também o pretexto,
Ego que roda à volta de seu rol,
Júlio e Gregório são puro crisol,
É ímpar a ideia de ano bissexto,
 Pares indivisíveis pelo contexto,
     Espelham o dourado do seu sol!...

É movimento sem contestação,
Girar à volta de si,
Como nunca vi,
Girar num cerco de translação,
Os calendários pouco são de ti,
São a convenção de quem se ri,
Convencionada razão,
São religiões da religião,
O poder algures por aí!...

Tudo gira por este mundo que gira,
Ai que giro ver loucas ideias a girar,
E rolam cabeças à volta da mentira,
Abraças o bissexto que anos te tira,
      És ano comum com a cabeça a rolar!...
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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sexo Causal...

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Escondemos-te o que sabes desta mágoa,
Do teu amor tão distante que nos magoa,
Procuramos-nos em tua moral de pessoa,
E é um rio que vemos, triste e sem água,
   Leito árido por onde teu Amor se escoa!...

Do sadio Amor dos que te amam te dão,
É Amor nascido ainda antes de nasceres,
Dado à luz, foste a luz dos amanheceres,
Amanhecemos contigo em nosso coração,
     Anoitecemos tristes se triste anoiteceres!...

Como é imensa a tristeza da saudade,
É mais triste quando estás mais perto,
Tão longe te vislumbramos amizade,
Procuramos-te de coração aberto,
E o que encontramos mais certo,
     É uma triste realidade!...

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Tão cego o nexo causal,
Das circunstâncias até ao efeito,
Tão sexo é o hábito do sexo casual,
Do acontecer até ao defeito,
Já friamente contrafeito,
Na podridão social!...
    
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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

As Pombas do Papa

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Bergoglio e "Madona",
No palco partilhado a meias,
Pela verdade que vem à tona,
Ondula o líquido sobre as teias,
Talvez seja o azeite de candeias,
Breu feroz de secular intentona,
Que não se limitando à sua zona,
    Tomaram o mundo em alcateias!...

Papa de livres credos e religiões,
Papos d’anjo de mui nobres intenções,
Agora, vejam bem o milagre de tudo isto,
Vai o Papa, papando os créditos de Cristo,
Congregando as mais diferentes opiniões,
O Messias sem anúncio nem nunca visto,
  Espectáculo para amolecer os corações!...

A peneira que falsos raios de Sol destapa,
Jesus Cristo, atirado à morte pelo Judeu,
   Para espanto dos traidores, não morreu!!...
Ressuscitou a Paz, sem espada nem capa,
Com seu humilde Amor que Deus lhe deu;
Se a morte não o matou, ninguém o mata,
A usura sem Deus, tomou Roma à socapa,
Se a Verdade reclama o crente como seu,
Crê-se no pagar pelo que sofre ou sofreu,
Em nome da Verdade infiltra-se um Papa,
   Conciliador enviado pelo insuspeito ateu!...

Sobe ao palco uma imagem da humildade,
Milhões de Almas em desespero de causa,
Perdem-se no pouco que resta da verdade,
Despojam-se perante o brilho da divindade,
E quando a mentira vai permitir uma pausa,
O palco bem montado volta a subir,
Sobe com ele a estrela celeste a fulgir,
Arrebatando a plateia com palavras de bondade;
A dignidade, a Paz e o Amor continuam a fugir,
Aproxima-se a miséria, o ódio e a guerra,
Há pedaços da Almas debaixo da terra,
     Corpos etéreos são para substituir!...

Chegada é a vez das pombas brancas imaculadas,
Jerusalém quer as bombas catolicamente alimentadas,
Falsos Cristãos fecham os olhos à presença dos falcões,
Abutres brancos pairam sobre malogrados corações,
Libertam-se aves de paz para serem assassinadas,
Aos olhos cegos das muito católicas opiniões!...

 Libertam as pombas,
Libertam a brancura,
Libertam as bombas,
  Libertam a ditadura…

Canta uma juventude insegura:
“Papa Rock,
Papa Papa,
     Papa Pop”!...


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Hábito Livre da Livre Rotina

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Sou de Rotinas,
Gosto de passar… e passo,
Pelo nunca onde sempre passei,
Faço-me no caminho que desfaço,
E faço o que desfiz quando cheguei;
Reconstruo partidas das quais partirei,
Livre dos pontos exactos de compasso,
Sem linhas que limitem o meu espaço,
E me prendam à periferia de uma lei,
Obriguem à constância do escasso,
    Curva inconstante do que sei!...
    Sou de hábitos e rotinas…
Dou por mim a ver-me passar,
No verde da mimosa já amarela de cor,
Revivo a sensação nova do revisitado estupor,
Imobilizo-me no sorriso dos lábios florescidos por amar,
E pinto o primeiro quadro que sempre pintei e volto a pintar,
    Único, da delicadeza de Primavera a florir no Inverno em flor!...
   Sou de rotinas…
Neste hábito de sentir nos compassos a incerteza a aflorar
Esquecidos dos círculos fechados incompletos por amor!...
    
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