terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Crente e o Crápula

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Antes que a verdade surgisse,
Surgiu o tal discurso esperado,
O político quis dizer o que disse,
E disse!...
Disse que o céu de azul pintado,
Às vezes era cinzento carregado,
E se negras nuvens alguém visse,
Pediu que a ele logo se dirigisse,
Para azular o seu juízo matizado,
     Evitando que outra cor sentisse!...

Bem longe de tudo que o ingénuo pensa,
Os mesmos que agora lhe vendem a cura,
    São os mesmos que lhe deram a doença!...

Falou-lhe aos ouvidos para que ouvisse,
A sorte que era em não sentir amargura,
Fê-lo confiar num bem que sempre dura,
  Tanto durou essa cegueira de nascença,
Durou até à primeira desavença,
Última fé na loucura,
E na própria tolice,
Que lhe ficou para memória futura;
Ouve agora o crápula com uma diferença,
    Concorda com tudo que o crápula não disse!...

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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O Sábio que Tudo Leu e Nada do que Era Para Ser, não foi, Ainda que Pudesse Ter Sido Seu

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Este é o sábio registo,
De um sábio portento,
Sábio de lido momento,
   Tão sábio que posto isto…

O sábio que antes de nascer,
Por mil anos num ventre viveu,
No útero da mãe aprendera a ler,
Todos os sábios livros do mundo leu,
Todavia,
Mil sábios anos lidos,
Nenhuma palavra escreveu,
E com todos os livros paridos,
Foi sabiamente parido e…
Morreu!...

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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Subjetivo Papal


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Obedecendo à estrela bífida dos tais,
 Os humildes clones crucificam a verdade,
A ciência do sorriso omite as traições fatais,
Escondidas nas costas da cruz coberta de ais,
Mas, nos olhos da miséria cresce a falsidade,
Com milagrosas promessas de bondade,
Nascerão frutos dos milagres papais,
    Deus é vítima da santa castidade!...

Aos seus pés pedia a Deus,
Para ser Deus exclusivo,
Só seu, pedidos seus,
A deuses ateus,
    Subjetivo!...
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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Caso Perdido

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Qualquer caso de saúde mental,
É caso para ser um caso perdido,
 O dinheiro é um caso pressentido,
Caso não o tenha é quase mortal,
E em caso da morte ter sucedido,
Sucede-se a óbvia relação causal,
Das causas ao efeito mais natural,
    De para morrer bastar estar vivo!...

Imagina-te bem vivo num caixão,
Há médicos à tua volta atenciosos,
As análises são casos espantosos,
 Das unhas encravadas ao coração,
Dos incríveis vírus muito famosos,
Até à cura por carniceiros zelosos,
Doutores da morte por prescrição,
Tão amáveis e de olhos carinhosos,
   Receitam a morte por procuração!...

Já fora do caixão onde estiveste,
A teu lado vai o caixão a enterrar,
À tua frente há uma porta celeste,
A única porta que nunca quiseste,
Aberta sobre ti convida-te a entrar,
Nas tuas costas há faturas a cobrar,
Dão-te toda a terra pelo que deste,
   Terra que pagaste e morres a pagar;
És um caso perdido,
Que médico algum quer encontrar,
O teu médico amigo,
Caminhou contigo,
Acreditaste que o sorriso te ia salvar,
Milagroso abrigo,
Mas, pobre condenado, até te matar,
Deste muito do que ele quis a ganhar,
         Esse simpático perigo!...
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