segunda-feira, 29 de julho de 2013

Girassol entre Falésias

.
.
.


Orgulhosa a água em sua abundância,
Escorria pela garganta Até às margens labiais,
As virilhas vincavam-se até os glúteos sensuais,
Encurtando o prazer exposto à mesma distância,
Abriam-se as paredes que libertavam a fragrância,
    Corriam entre os penhascos as cores menstruais!...

No alto da falésia sentes-te vir em fogo que arde,
És um fátuo girassol gravitado por infinidades de sóis,
    E feneces nos rios exânimes mais cedo ou mais tarde!...
.
.
.
 


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Gota de Sede... insaciável

.
.
.



Não foi tua sede que mataste,
Bebeste toda a minha sede por ti,
Por ti ficou esta sede que deixaste;
És gota única de minha sede sequiosa,
Talvez lágrima que em teus olhos eu li,
És nascente farta e fonte luminosa,
És poema feito de água preciosa,
    Último verso que eu não bebi!...

Um piscar no teu piscar,
Lê-me com o desejo que te leio,
Lemos a gota sedenta em nosso olhar,
Copiamos o brilho malicioso na gota imerso,
E expandimo-lo para todo o universo,
Numa gota ímpar sem se esgotar;
Abres teu peito livre e revelas teu seio,
Universal, o próprio universo… e cheio,
    Teu outro seio convida-me a beijar!...

Na última gota que ainda não bebi,
Está tua sede insaciada por me saciar,
Versos salgados,
 Que no teu corpo escrevi!...

.
.
.



quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pé do Filiado Político

.
.
.


Abeirou-se da inocência,
E da Criança,
Elogiou-lhe os cabelos e a trança,
Afastou-se da consciência,
   Afagou-lhe a desconfiança!...

.

A Democracia está internada em estado crítico,
Há vestígios profundos de abusos de confiança,
    Dissimula-se a pegada ao pé do filia.do político!...
.
.
.

 


quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Sol e a Sombra... da corrupção


.
.
.


Hábitos de caminhos abrasados,
Empecidos por mais um dia quente,
Derrete-se o passo que se fica lentamente,
Debaixo dos pés crepitam insectos queimados,
     Haverá sombra de melhores dias mais à frente?!...

“Este Sol corrompe os dias e torna-os sombrios…”

Hábitos de caminhos fechados abrem-se ao suor,
Há fosfatos a escorrer em sulcos de transpiração,
Há pequenas escrivaninhas d’água e outra maior,
Sento-me na fresca cadeira d’água e vejo melhor,
Descrevo as miragens num assomo de inspiração,
Os adjetivos evaporam-se na escrivaninha menor,
Quase tudo é nada e é do nada que caio na razão,
  Caio no hábito de procurar-me no caminho pior!...

Este Sol corrompe os dias e torna-os sombrios,
Vende a sombra a quem lhe comprou a ilusão,
     O Sol que queima os pobres nos dias mais frios!...
.
.
.

 


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Púmice da Pedra Polida

.
.
.



À pedra polida,
Gasta-se-lhe a graça,
Perde o sentido alisado do humor,
Desembaraço do riso e embaraço na desgraça,
Alisa-se sobre os seixos e debaixo da graça perdida,
Falta-lhe uma polidez natural da imperfeição engraçada,
E na impossibilidade de polir-se no credo da divina graça,
Escorrega na lisa intranquilidade que dela grassa,
Cai desamparada nos complexos por si polidos,
  Como pedra litográfica impressa por anos idos,
Alma calcária litografada!...
Há um poroso murmúrio vulcânico de púmice sem vida,
Rejeitado pelas calçadas antigas e qualquer avenida,
Flutua entre quatro paredes de pedra requintada,
Sempre alisando-se nessa imperfeição alisada,
     Porosa e leve a arrefecida pedra polida!...
.
.
.