segunda-feira, 10 de junho de 2013
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Cancro
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Meu cancro e eu,
Inseparável inimigo,
Em mim e só meu,
Aconteceu!...
Sempre comigo,
Leva-me consigo,
Sou alimento que é seu,
Sou seu abrigo,
Alento que arrefeceu,
Quase jazigo,
Quase morreu,
Meu
cancro amigo!...
Quase morri,
Quase vivi,
Medo de viver,
Vida que não vi,
Medo de morrer,
Inesperado castigo,
Medo de ver,
Descuido sentido,
Descuido sentido,
Fizeste a vida crescer,
Meu cancro amigo!...
Vive cem anos em mim,
Teu escravo eu serei,
Serei teu bondoso rei,
Para que não sejas ruim,
E contigo viverei,
Nossa
vida sem fim!...
Um cancro achou-se indigno,
Não merecia alimentar-se da maldade,
Sabia ser um destino demasiado benigno,
Para corações tão ausentes de bondade,
Sua força crescia na doente verdade,
Morreu triste o cancro maligno!...
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sábado, 1 de junho de 2013
Látice
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De um lado o prazer do pecado que se
confessava,
Todos os pecados passam pelo látice até
ao missionário,
Ao outro lado, chega a confissão em forma
de nudez escrava,
A carne ajoelha-se na penumbra da
tentação da penitente que pecava,
Os demónios em expurgação atravessam as
carnes cruzadas do confessionário,
Envolvem a penitência decotada da
pecadora e a tentação do pecado incendiário,
São postos em causa dois últimos
mandamentos,
Há o pressentimento dos últimos
sacramentos,
Infinitas configurações de fogo
apossavam-se da proteção do látice que latejava,
Entre as línguas que se cruzam arde a
cruz crucificada do confessor solitário,
Abrem-se e fecham-se os espaços do mesmo
fogo que o pecado ateava,
Vai e vem o entra que sai à volta dos pensamentos,
Perversos desejos do inferno lambiam o
arrependimento que restava,
O secreto lado absolvente ajoelha-se no
centro sentido do contrário,
Ao lado da penitência que ardia de prazer
e já não se salvava!...
A sotaina que cobre a carne açoitada pelo
pecado,
Cobre o homem que resiste e toda a sua
fraqueza,
Trinte e três botões e as cinco chagas do
crucificado,
Absolvem-se aos olhos de sete símbolos do
sagrado,
Seja preta, violácea ou vermelha de maior
grandeza,
Cobrem apenas as partes de uma parte da
pobreza,
Eternas suas cruzes traçadas no látice excomungado!...
Uma batina esgueira-se em auxílio,
Há beatas possuídas exorcizadas num
ápice,
Devotas sem um único pecado auxiliadas ao
domicílio,
Murmuram-se silêncios na noite de um
santo concílio,
Apaziguada
foi a carne nos diversos lados do látice!...
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terça-feira, 28 de maio de 2013
Eu Flutuo
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Eu flutuo!...
Enquanto os outros caminham e me vêm caminhar a uma distância inexistente do chão que pisam, eu flutuo um pouco, muito pouco, acima do chão que os pisa!... Eu flutuo, sem peso, sem forma… talvez seja a forma de um peso excessivo que se forma, não por ele mesmo, não pelo que pesa na sua própria consciência, mas…
Enquanto os outros caminham e me vêm caminhar a uma distância inexistente do chão que pisam, eu flutuo um pouco, muito pouco, acima do chão que os pisa!... Eu flutuo, sem peso, sem forma… talvez seja a forma de um peso excessivo que se forma, não por ele mesmo, não pelo que pesa na sua própria consciência, mas…
É um peso esmagador,
Ocupante,
Invasor,
Perturbante...
Demasiado petulante,
De um pobre sonhador,
Deitado ao desamor,
Hehehehe… Galante!...
Eu flutuo!... Serpenteio entre as escamas esquecidas nas camas perdidas, das
companhias ou do companheiro… entre o valor perdido do dinheiro… e da raiva que
morde os que perderam algo, sem saberem que, ao perderem-se, foi tudo que
perderam. Procuram-se entre as pessoas que não flutuam, entre as pernas
daqueles que caminham entre eles, imóveis… entre o interior das coxas onde o
sexo repousa, dorme e… dorme. É tanto o sono que não sabe se dorme. É tanto, o
interior que morre!...
Não morre por morrer,
Vai morrendo sufocado,
Pesado,
Morre por não foder…
Envelhece por envelhecer,
Cansado,
Sem prazer!...
E, pelos outros, eu quase amuo!...
E, pelos outros, eu quase amuo!...
E é pelos outros que, no caminho deles, eu flutuo!...
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