quinta-feira, 22 de março de 2012

"Quezélias"

.
.
.

Oh, quezílias,
Ai, quezélias,
Ho, Marílias,
Ai, Amélias,
Tuas palavras são vãs Emílias,
    Inócuo perfume de camélias!...

   Oooohhhhhhh...hehehehe...
...quezilenta palavra sem voz,
Ai, quezélia que não existes,
Oh, Palavra porque desistes,
De ser verdade de todos nós,
Ai, vejo que ainda persistes,
Na  mudez em que insistes,
Oh, ruído pífio de todos vós,
   Ai, palavra que não resistes!...

Ai, quezílias barulhentas,
    Oh, quezélias quezilentas!...

Oh, quezílias!...
Oh, Quezélias!...
.
.
.

terça-feira, 20 de março de 2012

Horas Diferentes

.
.
.
A Primavera não chega aos corações arrefecidos,
Velados na apatia dos Invernos que os enregelou,
Nem o Verão mais quente os mantém aquecidos,
Por renunciado Sol de sombrios raios entristecidos,
   Foi-se o calor com as folhas que o Outono levou!...

Um lívido coração,
Levita a um olhar do chão,
À espera que a árvore adormeça,
Uma folha adormece no calor do Verão,
E antes que a triste despedida aconteça,
Já não renasce o despertar para a ilusão,
De ser  verde folha que se entristeça,
No saber de não haver sido em vão,
Antes que por sua árvore feneça,
Precoce adeus sem previsão,
      Que por si se despeça!...
  
Na Primavera que se vai aproximando do Outono,
Culturas diferentes semeiam promissoras igualdades,
Das diferentes cores vivas germinam verdes Amizades,
Deixadas à solta entre as indomáveis horas sem dono,
Atrasando o adiantamento da desencontrada verdade,
   E logo adormece para acordar no regresso do sono!...
.
.
.

segunda-feira, 19 de março de 2012

23...

.
.
.
Há pó de prata perto de nossa porta,
Do pó de ouro se fez aliança de nossa aliança,
Respeitada no ouro onde gravamos nossa confiança,
Nossos nomes que nossa fidelidade exorta,
Na certeza do valor,
Sem preço do Amor,
Fortuna do respeito que nos importa,
E em nós grava a carinhosa lembrança,
   Dos anos que nosso Amor comporta!...

Embora cheire a prata ainda distante,
Mais rico do que o ouro ou diamante,
É admirável este Amor que enriquece,
Cada momento que por nós acontece,
Votos enriquecidos em cada instante,
Deste sentimento que nunca arrefece,
A renovada paixão cúmplice e amante,
    Casamento que por fiel amor apetece!...

Ainda não é de prata este ano,
Ainda que fosse jamais será mais precioso,
   Do que a fidelidade deste sentimento Humano!...
.
.
.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Insegura...

Vê-se-lhe a criança semeada pela Vida,
Dizem que é Bem-se-quer ou Margarida,
Num belo jardim descoberto pela felicidade,
Há flores a dizer que é um rebento sem idade,
Flor exalando a terra fresca de roseira florida,
Sem espinhos sente-se flor de beleza ferida,
  Desenfeitada por aquela agreste lealdade...
Sentia-se-lhe o perfume da filha perdida,
De uma sensível pétala agradecida,
E de outras pétalas tão suas que a faziam flor,
lábios entregues ao desvelo de seu amor...
Renascia por cada pétala renascida,
Reagindo com ansiedade,
Ao beijo de sua vontade,
E de um certo renascer sonhador,
Que não a fizesse flor vencida,
Com a sensação da necessidade,
De ser flor protegida,
  Pelos espinhos da saudade...
Abraça-se-lhe seu primaveril olor,
Perfume de Inverno em despedida,
Do velho espinho protector,
Escol delicado de ser ela,
Delicadeza sempre bela,
   Em sua e sempre dor!...
 .
.
.

terça-feira, 13 de março de 2012

Vulcão...

.
.
.

A uma distância discreta da flama viva do teu olhar,
Ateio meus olhos em fogo atrás do fogo que te consome,
Vejo arder de desejo incógnitas brasas no teu corpo sem nome,
Lábios incontidos mordem-se na insaciável vontade de te beijar,
Quando pressentes a língua que sente tua língua de fogo queimar,
Abandonas-te à lenta lava incandescente que o teu desejo come,
E saboreias a chama dos momentos que incendeiam tua fome,
    Até à erupção que por extasiados momentos te vai saciar!...

Ardes com prazer intenso nesse fogo interno,
Quando te vais do medo de tuas asas inflamar,
    E te vens com o calor das asas do inferno!...
.
.
.



sábado, 10 de março de 2012

Na Pdocura...

.
.
.
“Estive com todas onde estiveste,
À espera que nunca mais voltasses,
Todas elas me deram o que me deste,
Mas jamais alguma fez o que me fizeste,
Desaparecida fosses quando pensasses,
Em fugir de todo teu Amor se amasses,
Quem te queria e sempre quiseste,
     Sem querer que com elas ficasses!...

E se é por ti que sempre passo por lá,
Pelas tuas entre-coxas onde tu não estás,
Talvez entre teu ninho que a mim não se dá,
Por respeito ao prazer ausente que por ti se faz,
É também pelo regozijo que deste por quem está,
Ainda à espera que pelos desejos delas te soltes,
E que pelo teu desejo ao desejo delas te dás,
Esperando para que só por ti não voltes,
E mesmo que por mim não te vás,
Não voltas para que eu não me vá,
Como se pedisses que por ti eu fique por cá,
      Fazendo-te presente na ausência que te trás!...”

*

Baseado na eterna luta,
Do surpreendente Amor verdadeiro,
De um educado e sensível cavalheiro,
Pelo Amor dedicado a uma doce puta,
Que por Amor mudou a sua conduta,
     Deixando de dar prazer por dinheiro!...

Ainda hoje continua a sofder,
Aquele Homem que pdocura em todas as putas,
   A Mulher que por ele, puta deixou de ser!...

.
.
.


quinta-feira, 8 de março de 2012

Violoncelo...

.
.
.

Das quatro longas cordas do violoncelo cansado,
Baila-me a voz serena de uma distante melodia,
Vem aninhar-se comigo e adormece a meu lado,
Sonhando meus sonhos entre os zigs do passado,
E seus zags amenos embalados na suave sinfonia,
Balbucio pleno de emoção a gemer na harmonia,
Aninar leve no ondular de meu sono sossegado,
    Afagado pelo arco em zig-zags de branda Poesia!...

Adormeço enlevado num sorriso adormecido,
Vão adormecendo as cordas no arco da madrugada,
    Acordo a solfejar com um sorriso agradecido!...
.
.
.


terça-feira, 6 de março de 2012

feio...



.
.
.

A beleza é subjectiva,
Coisa feia, coisa linda,
Ou até mais feia ainda,
Superficial análise intuitiva,
Ainda que mais feia não possa ser,
Há sempre algo mais feio,
Um bojeço pelo meio,
Torpeza imunda difícil de conter,
Mais feio ainda do que possa parecer,
Odre seboso de peçonha cheio!...

Gordos, muito gordos e formosos,
Magros, muito magros e famosos,
Pobres, muito pobres de olhos findos,
Ricos, muito ricos e todos lindos,
Belos ricos, muito belos e charmosos,
Feios pobres, muito feios e piolhosos,
Todos eles são bem vindos,
Espreitam na porta os pobres curiosos!...

Pobreza é feio combustível,
Da máquina solidária em andamento,
Sobre os despojos do consentimento,
Consentindo a fealdade possível,
Beleza em decomposição apetecível,
Apodrecendo no pensamento!...

Feio, feio, é ser-se feio,
E gostar de o ser,
Repugnante sem receio,
Ser-se tão feio e o merecer!...

Pele de seda bem tratada,
Fina seda bem vestida,
Indumentária de marca apropriada,
Ostentação pela miséria alimentada,
Para o anúncio da esmola prometida,
Promessa linda da riqueza amiga,
Vintém de escárnio para o pobre,
Mapa do tesouro para o nobre,
A pobreza de sua dignidade coibida,
Verdade feia do pobre escondida!...

Subjectiva é a beleza,
A indigência é um rosto perfeito,
Perfeita é a pobreza,
Mina de ouro para o Direito,
Justiça deleitada em macio leito,
Berço de oportunista fraqueza,
Mostrengo de egoísta avareza,
Instituição de caridade posta a jeito,
Para o rico toda a riqueza,
Para o indigente nada feito!...

Mas, feio, feio, é mesmo o feio,
Tão feio que feio se vê,
Ao ver-se feio de tão feio,
Sabe que é feio sem saber porquê;
Talvez nem seja tão feio assim,
ou até um pouco mais,
O mais feio dos animais,
De todos eles o mais ruim,
Descaro de ruindade feia sem fim,
Vendido a quem lhe paga mais,
Veneno à mesa de ricos comensais!...

A beleza é subjectiva,
Para a mentira pode ser muito feia,
Para a verdade feia e meia,
Para ambas uma feia atractiva;
Beleza da pele admirável que cativa,
Derme que esconde varicosa veia,
Falsa beleza de muita podridão cheia!...

Feio, por mais feio que o seja,
Pode ser lindo aos olhos de quem o deseja,
Para os olhos dos olhos é o que parece,
Mesmo que pareçam olhos de inveja,
São olhos da Alma do qual padece!...

Feio, feio, é ser-se feio,
E gostar de o ser,
Repugnante sem receio,
Por ser-se tão feio e o merecer!...

Feios, feios, são pessoas sem coração,
Pessoas a apodrecer na cara feia de sua razão!...
.
.
.








segunda-feira, 5 de março de 2012

Belo...

.
.
.
Subjectiva é a beleza,
Coisa alinda, coisa linda,
Ou até mais linda ainda,
Análise intuitiva da delicadeza,
Ainda que mais linda não possa ser,
Há algo de ainda mais lindo pelo meio,
Uma flor em oferta difícil de conter,
Mais linda do que possa parecer,
   Um jardim de magia cheio!...

Gordos, muito gordos e amorosos,
Magros, muito magros e garbosos,
Pobres sem pobreza de olhos vindos,
Ricos ou pobres, belos de tão lindos,
Belos ricos, muito belos e charmosos,
Pobres belos, muito belos e formosos,
Todos , sem condição, são bem vindos,
   Dançam juntos tão felizes e curiosos!...

Beleza sem condição é belo combustível,
Da bela máquina solidária em andamento,
Movida com alegria do melhor sentimento,
Sentindo e dando a sentir a alegria possível,
Beleza imparável em reinvenção apetecível,
   Florescendo com a beleza do pensamento!...

Belo, belo é ser-se lindo,
E gostar de o ser,
Admirar seu sorriso, rindo,
  Ser-se belo e o merecer!...

Pele de pele bem lavada,
Cada um em sua pele bem vestida,
Indumentária humana consagrada,
Ostentação pela felicidade alimentada,
Partilha alegre da alegria prometida,
Promessa linda de riqueza amiga,
Rizo de prazer para o pobre,
Igual riso para o nobre,
Verdadeira riqueza consentida,
   Verdade bela pela vida exibida!...

Subjectiva é a beleza,
A igualdade é um rosto perfeito,
Cotrações perfeitos em sua leveza,
Força da natureza a bater no peito,
Batendo docemente em macio leito,
Leito de tão nobre riqueza,
Mantendo aquela chama acesa,
   Para que pela bondade tudo seja feito!...

Mas, belo, belo, é mesmo o belo,
Tão belo pelo que não se vê,
Ao não ver-se belo de tão belo,
Dizem que é belo sem saber porquê;
Talvez nem seja tão belo assim,
Ou até um pouco mais,
O mais belo dos animais,
O mais belo odor do jasmim,
   Flores belas no mais belo jardim!...

A beleza é subjectiva,
Para a verdade é muito bela,
Na verdade é beleza à janela,
Sorriso belo de beleza atractiva,
Beleza da admirável pele que cativa,
Derme que não esconde a poética veia,
   Verdadeira poesia de beleza cheia!...

O belo, por mais belo que o seja,
Pode ser belo aos olhos de quem deseja,
Para os olhos dos olhos é o que parece,
A beleza dos olhos de quem almeja,
   Olhos da alma que a alma oferece!...

Belo, belo é ser-se lindo,
E gostar de o ser,
Admirar seu sorriso, rindo,
   Ser-se belo e o merecer!...

Belos, belos, são pessoas com coração,
   Rejuvenescendo no rosto belo da razão!...
.
.
.




quinta-feira, 1 de março de 2012

Quem viu...

.
.
.
...e lá seguiu,
Diz quem o viu,
Seguindo o infinito sereno,
Levando consigo o doce veneno,
   Que entre as flores conseguiu!...

Diz quem a viu,
Que a meiga flor ali ficou,
À espera do amor que floriu,
No encontro que nunca existiu,
    Com o beijo que a envenenou!...

...e lá seguiram,
Sem ninguém os ver,
De mãos dadas com o anoitecer,
Cada um com o adeus que vestiram,
Levando a promessa de não esquecer,
O sorriso que florescia ao amanhecer,
    Pelo desejo que por ambos despiram!...

...e diz quem os viu,
     Que nunca eles se viram!...
.
.
.