quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Sonhar o Sol

.
.
.
Com os meus sonhos por sonhar,
Nesse teu sorriso que não adivinhei,
Despertam as manhãs com que sonhei;
Fui adormecer sem sonhos no teu despertar,
Só queria metade dos nossos dias que eu te dei,
    Para nossas noites que me deste, poder eu te dar!...

Foram todas as nossas noites, dias até ao anoitecer,
Amanhecíamos em nós com o sorriso que amanhecia,
Talvez fosse a nossa felicidade vinda de nós, a acontecer,
Foram todos os nossos dias, dias de sol até ao amanhecer,
    Aquela nossa mais bela noite beijando nosso mais curto dia!...
     Como contar os dias, se eram noites felizes do que acontecia?!...
Apenas o calor dos nossos corpos e a luz em olhos de prazer,
    Como contar noites se na noite dos teus olhos, dias eu vivia!...

 Sonhos que dormem longe do Sol e tão perto da Lua,
E só o Sol ilumina os sonhos que se querem iluminar,
Caminha uma só sombra solitária à meia-noite na rua,
     Não há em seus olhos solitários qualquer eclipse solar!...
   
.
.
.


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

ABC-Insoletrável



.
.
.
Triste!...
Em vez do ABC,
Este inteligente PC,
Que tudo sabe por mim,
Palavra triste do meu fim,
Insoletrável para quem a lê!...
 Triste...
Eu ser usado para escrever,
Vazio de gramática e sem caligrafia,
Feliz analfabeto a quem dizem o que ler,
Bem escrevendo palavras feitas sem o saber,
Denominador comum de escusada ortografia,
Sem memória das velhas palavras que lia,
Sobre palavras em vias de entristecer,
Nem pronome nem sujeito em teoria,
   Impraticável conjugação do verbo aprender!...

Triste!...
Triste o autómato escravizado,
A tristeza da tinta e do papel censurado,
As palavras que não te direi quando se apagar a voz,
Ai, se apagar-se a luz à nossa volta, apaga-se em nós,
Extingue-se o nosso nome nunca soletrado,
  Morrem as palavras e ficamos tão sós!...
   Ai, tão obscuro o saber oculto na escuridão!...
Ó iluminados deuses da iluminância concedida,
Dais a luz que a luz nos roubas sem nossa permissão,
Não há no desligado computador os gritos da revolução,
    Apagaram-se as palavras escritas na velha escrita esquecida!...

Triste!...
Triste!...
  Pudesse eu dizer!...
 Triste!...
   Soubesse eu escrever,
   Soubesse eu amanhecer,
     A Palavra da noite... 
  Triste!...
.
.
.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sexo, Moscas e a Sombra do Amor


.
.
.

Carentes de carinho,
Caros saem os olhos da cara,
Carregam sombras da manhã clara,
Pesados são os olhos em cego descaminho,
Perdidos no anoitecido olhar do seu olhar sozinho,
 Sem ver cair a lágrima que na sombra os aguardara,
     Sonhando encarar os cegos olhares em desalinho!...

Como uma sombra nas trevas da clara razão,
Move-se a luz que olhos perdidos encandeia,
Deitou-se a sombra sobre a luz fraca da ideia,
E antes de ajoelhar-se aos olhos da confissão,
Olhou-se na cara mais triste do falso coração,
    Vendo-se rosto do pesadelo da cara mais feia!...

Quando uma fraca cabeça já por demais perdida,
Pela falta de orgulho que o sexo promíscuo fodeu,
 Pouco resta da vontade responsável já toda fodida,
  Tudo parece amor numa doentia relação distorcida,
     Jamais o Amor será isso que é, e nunca aconteceu!...


Doentes não são as moscas, 
Por um pedaço de merda amarem,
Doentes são as cegas paixões mais toscas,
    Desses doentes, enquanto da merda gostarem!... 

.
.
.





quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Sumiço dos Afetos

.
.
.

Quantos inimigos da verdade,
Tantos inimigos que a mentira vai unindo,
Unidos na construção do mundo que vão destruindo,
Juntos na intriga, dividem a natureza da verdadeira amizade,
Intrigante o sumiço do afeto que parece não ter deixado saudade,
Toma-se chá de sumiço com o açúcar que nos está mentindo,
     E restamos-nos amargos amigos da desigual igualdade!...

Para que o melhor do mundo seja só dos farsolas,
Há redil mais eficaz do que o anestesiante prazer do deleite,
Pela satisfação de esquecer o passado por um futuro de esmolas,
       Quando a esmola são palavras de água que virão ao de cima no azeite?!...
Desdenham as beatas por tal disparate não ser reacção que se aceite,
     E têm razão, as velhas liberdades enclausuradas em gaiolas!...

Já não as atinge o afeto involuntário do orgasmo,
Atingidos que foram os afetos cada vez mais afectados,
Amigas de si mesmas, deram-se ao sumiço do entusiasmo,
Divindades sarcásticas, ajoelham-se ante o olhar do sarcasmo,
São-se amigas sem nada, entre inimigos deleitados!... 
  
.
.
.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Nuvens e o Vento


.
.
.


Teu olhar cansado, baixado e triste,
Vai alegrar-se quando vir a alegria passar,
Talvez a alegria passe pela tristeza que sentiste,
Teus olhos arrependidos pela alegria que não pediste,
Entristecem-se perto daquela alegria que não pode ficar;
Olha que ao longe, há olhos que te olham e te fazem sonhar,
Revêem-te em seus olhos a tua esperança que não desiste,
E descem ao sítio onde tuas lágrimas adormecem!...
Eleva-te até ao cume da montanha e leva teu olhar,
Salga as tuas doces lágrimas e nelas faz-te ao mar,
Segue as nuvens velozes que não se entristecem,
São loucas pelo vento, mas nunca enlouquecem,
E antes que o vento as leve sem nunca as amar,
Pede à nuvem mais baixa que te ensine a voar,
   Sente como as nuvens, do vento se esquecem!...
  
.
.
.




quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Pressentimentos Revisitados (Literal e dito)


.
.
.
Este não vai ser o ano dos indiferentes,
Não será o ano dos papas ou dos presidentes,
Não é ano para os pobres coitados,
Para lamúrias dos indigentes,
Nem para os coitadinhos,
Dignos do dó literal e dito!...
Os velhos não ficarão sozinhos,
Filhos não serão abandonados,
Não é um ano para maus vizinhos,
Nem para os fígados de maus vinhos,
Para jovens emigrantes angustiados,
Ou para as saudades dos apegados,
Do apego aos ternos ninhos,
    Dignos de dó literal e dito!...
Não será o ano dos inconscientes,
Dos pensadores nem dos inteligentes,
Muito menos será ano dos desconfiados,
Ou da confiança nos mais exaltados,
Não será ano dado a obedientes,
E muito menos aos curvados,
À experiência dos oferecidos,
E aos tapetes espezinhados,
    Não será ano para esquecidos,
   Dos preguiçosos e adormecidos,
Não haverá lugar para os lembrados,
Será um ano, de lembranças muito restrito,
Não será ano do santo da casa nem do proscrito,
Nem este será dos milagrosos anos mais desejados,
   Será o ano de todos os pressentimentos revisitados,
      Dignos de dó literal e dito!...

  Ou não!…
Pode ser o ano de todos os anos,
De todos, ou apenas mais um,
A prova de todos os Humanos,
Para se redimirem dos enganos,
   Reerguendo-se na verdade comum!...
Mas nisto do homem e da Humanidade,
Por muito consensual que seja a verdade,
Pode ser mais um ano sem consenso algum,
   Continuando sem divergir da triste realidade!...

Ou então…
Juntemos a coragem ao grito,
    E lutemos pelos dignos de dó literal e dito!...
   
.
.
.




domingo, 29 de dezembro de 2013

A Saudável Transparência da Loucura Consentida


.
.
.
Há uma mente sã em corpo são ou um corpo perfeito terá, obrigatoriamente, de ser encabeçado pelo armazenamento de um cérebro de noz?!... Podemos ser nós armazenados ou a noz do armazém. Podemos ser um corpo bem empacotado e pronto para despacho, em fim de ano memorável, sem loucura, sereno e natural!...
Tudo normal,
O princípio do fim e o fim do fim,
E o início casual,
Dos casuais assim-assim,
Assim como a loucura mais acidental,
   E os heróis imperfeitos embrulhados em ti e em mim!...
Há coisas a reter no pensamento. Mesmo que o pensamento se retenha nessa estranha forma de retenção selectiva dos pequenos vidros partidos e dos grandes estilhaçados. Os soldados da paz, andam por cá para isso, e para lá do que podemos imaginar num só ano perfeito, sem armas, desarmados, armados até ao pirilampo de alarme, o olho e a simbiose perfeita com o grito da sirene, abrindo alas ao socorro que passa sem olhar para os lados e, às vezes, até o que vem de frente é cegueira justificada, aos olhos postos no fogo por atear ou no fogo posto ao pôr-do-sol. Não é este o presente caso que, por acaso, não envolve o calor do corpo ou do esquentamento sem precaução em baixo inverno, nem as repentinas cheias de verão e transbordos ejaculados para fora da gravidez e respectiva assistência aos partos... ou às mães de pernas abertas ao grito bem seguro pelo cordão umbilical, sem incidentes de maior,
Ou melhor,
Do mal que por mal, mais vale do piorio,
E nada pode ser pior,
No entrelaçar da ajuda e muito suor,
Do que tentar uma gravidez em completo desvario,
De uma mulher em delírio de passada e prenhe de cio,
    E ainda o dito parto por consumar não lhe violara a mioleira,
Como viria a acontecer antes de acontecer naquela cegueira,
E, a verdade não dita, é que tudo se tornou mais frio,
   E nada de concrecto nasceu daquela maluqueira!...
Há anos perfeitos e este foi um deles, o ano dos vidros de janela, à espreita, onde olhos perfeitos e felizes se esconderam da perfeição social e política, para não caírem na perfeita tentação de aceitar telhados de vidro e enormes vidros de proteção que erguessem quantas paredes quisessem. A perfeita transparência do que não se quer esconder, porque numa sociedade perfeita e sã, nada se esconde, nem a sanidade mental nem a loucura mais transparente. O problema seria mesmo de transparência!... Com tudo tão transparente, um telefonema transparente, com 41 de pé, atravessou linhas transparentes da companhia telefónica transparente e chegou aos ouvidos transparentes do operador de telefone, ambos transparentes. A mensagem não podia ser mais transparente: -Socorro, é urgente. Há sangue por todo o lado, vidros partidos e golpes profundos, talvez alguém já tenha morrido e eu estou a segurar o telefone com dois pés que não são meus, porque já nem os meus ricos polegares tenho, nem mais 3 dedos.
Mais claro não poderia ser!...
-Pode repetir?...
-Estou a morrer.
Nada a esconder,
Se mais um vidro se partir,
O mais certo é ninguém sobreviver,
E lá se vai a transparência em vias de se extinguir,
Os ataques de riso e a imensa vontade de rir,
E a fuga em massa prestes a acontecer,
Seria uma ameaça à clareza do porvir,
Futuro das manivelas do transparecer,
alavancas do vidro que teria de ser!...
O que quisessem que fosse a esperança, por longos e saudáveis anos de vidro!...
Antes de Deus ter-se apercebido, e já carregadores de maca, médicos e paramédicos se tinham espatifado na curva mais apertada do fado gingão que os conduzia no desespero, abraçado às guitarras que gemiam... e das suas vozes incrédulas!... Um bêbado, muito bêbado, que passava conforme podia, descalçou o segundo sapato, colou-o às orelhas e participou a ocorrência às entidades competentes, continuando o seu caminho descalço!...
Não tardou a passar a mesma ambulância a uma velocidade espavorida que, entre ziguezagues e muitos esses, nem reparou nesses seus camaradas que, em coisa de instantes e perfeita saúde mental, já haviam voado com os anjinhos, em socorro da tragédia da vidraria global!... E chegaram. Aquilo estava feio!... Globalmente, pouco se notava da transparência dos vidros da vidraria, o sangue convertera aquela fábrica de transparências em inúmeros vitrais a serem montados por quem tivesse paciência para resolver puzzles inconcebíveis da mesma cor. Confirmaram alguns dedos espalhados, quase todos de mãos cheias de indicadores e polegares de consentimento e confirmação. Um verdadeiro massacre de cortes profundos, provocados pela suspeita teórica de suicídio dos irreconhecíveis pequenos vidros quebrados e pequenos estilhaços de grandes vidros polidos!...
Mas Deus é grande e há sempre quem sobreviva. E o que sobrevive, sobrevive acima de todos e de todas as coisas, numa independência só reservada à vontade do inexplicável, mas que encaixa perfeitamente na consagração do milagre, atribuído à intenção da igreja e à integração de novas almas com algum dinheiro ou miséria para denunciar com toda a clareza dos santos mistérios e divina, o que vem sempre a calhar. E alguém imagina maior tragédia do que esta?!... A transparência estilhaçada?!... O milagre estava ali, entre os vitrais pintados com escorridos de sangue; quebrado, partido e era visível o golpe profundo provocado. Sim, provocado, sabe-se lá em qual das múltiplas vítimas. Não havendo tempo a perder, vidro bem seguro e toca a colocá-lo com muito cuidado na maca de serviço!... Demoraram 48 horas, nem mais nem menos segundo, a percorrer 2 km, sem nem mais nem menos milímetro, pois todo o cuidado era pouco para a salvação da transparência e aquele vidro transparente e limpo, era único!...
Não se ouviu a estridência da sirenes e dos pirilampos vermelhos ou azuis de escolta autoritária, nem uma réstia de luz na transparência em deslocação no escuro!...

Tudo silêncio sobre silêncio!...
Sobre silêncio que enchia a almofada suspensa,
Aos passos suaves de coelho, seguia em silêncio, o seguro,
Era importante assegurar a suave transparência do futuro,
E a certeza da transparência máxima da recompensa,
Da clareza mais pura ao braço dado, propensa,
Dada ao sorriso mais sério e mais duro!...
E, eu, suave, delicado e, acima de tudo… educado,
Bem ou mal, sempre curioso e mais ou menos puro,
Sempre desconfiado,
Sem que me tivesse cortado,
Segui a transparência dos estilhaços,
E cortei a bondade oferecida dos espaços,
Em vidros transparecidos do que me fora dado,
Seguindo de perto até ao hospital mais próximo!...
Sempre, sempre em silêncio, na minha forma de ver, até ao destino ou depósito de lixo para reciclagem e alívio de contas públicas.
Entrei por não me deixarem entrar e o que vi, já havia entrado antes de mim, ocupando os corredores pré fabricados até à lotação esgotada e mais um, outros tantos, ainda mais um que estivesse para vir e seguido por outros, sempre bem vindos ao fim do ano!...
Um espectáculo digno de quem sempre quis rir,
E nunca se riu,
Como nunca se viu,
Nem se reviu no que não sabe como sentir!...
Um ano transparente e a transparente sensação,
De não compreender a razão da razão,
Do porquê e porque um sapato caiu,
Caindo da maca onde decantava um vazio garrafão;
Noutra maca, uma página sem sinal de vida que a vida perseguiu,
Fora arrancada ao resto do livro que estava algures sem coração,
E um vidro de leitura, outrora transparente, conseguiu,
    A melhor cama e conforto da global atenção!...

Pode parecer loucura de um ano louco,
Ano de surdos e o fim do ano mais mouco,
Mas, a surdez da loucura está sempre atenta,
Sente o sabor dos cortes que lhes sabe a pouco,
   Cura os vidros com a transparência que enfrenta...
E os vidros que sangram...
   Dessa saudável transparência da Loucura consentida!...

.
.
.




quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Tão Natal... o fugaz!...


.
.
.
Ali estava a inocência a brilhar,
Dando abraços abertos de luz sem brilho,
O brilho abria os braços aos abraços do olhar,
Mas, muitos braços de ferro, com medo de falhar,
    Falharam quando não tiveram força para abraçar um filho!...

…ali estava toda inocência a brilhar,
Sem o brilho que os olhos inocentes ferisse,
Envolto em pouco mais do nada que nele se visse,
Pouco mais do Verbo nu conjugado no Ser de se dar,
É divinamente misterioso o Verbo que se quer conjugar,
   Tão divino quanto o Amor que partilhado se sentisse!...

…ali, numa manjedoura ainda sagrada de quente,
Pelo bafo das vacas, de burros e de todos os cordeiros,
Depressa se transformou em lascas de secos madeiros,
     Prontos para serem dores da Humanidade que sente!...

...ali... aqui,
Talvez em ti,
Longe do mal,
Mais uma vez,
Do fugaz se fez,
    Mais um Natal!...
.
.
.


sábado, 21 de dezembro de 2013

Natividade Perseguida


.
.
.

Ainda o Amor não nasceu,
Cada vez mais o perseguem,
Como se o estivessem a seguir,
Seguem-no com paciência de santo,
Decidem deixá-lo viver, por enquanto,
E, na perseguida esperança de o ver cair,
Deixam que braços imperiais o peguem,
     Braços de guerra onde o Amor morreu!...

As palavras oferecem esperança vã,
No vão da escada que sobe até ao céu da Fé,
Sob o peso do ouro que se faz num pesado talismã,
Desce a riqueza, à procura de mais riqueza no amanhã,
Da sobrançaria da montanha, a vertigem não deixa ver o sopé,
      Uma criança é salva para salvar o Homem e, por ele, morrerá, até!...

E lá vamos tropeçando na perseguição incessante da fútil prenda,
Queremos o ouro e o acesso à escada que ao céu, na terra, nos leve,
Não é em vão que vivemos nesse vão, sob as escadas sem emenda,
  Vãs, sãoas nossas dívidas à dúvida mais certa que nada nos deve!...
.
.
.





segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A Pedinchice

.
.
.

As crianças cumprem a ordem,
Espalham-se para pedir o que podem,
Pedem a quem puder dar o que puder,
Deu o último suspiro uma pobre mulher,
     E os ricos que pedem não lhe acodem!...

Uma jovem desnudada,
Pôs a nu alguma almas despidas,
Umas despiram-se da carne de suas vidas,
Outras vestiram-se com a sua carne desejada,
Enquanto uns se davam à Natividade marcada,
Recebendo a Esperança, para muitos, perdida,
     Almas perdidas pagavam por corpos de nada!...

As crianças continuam a pedir,
Dão inocência à inocência de quem dá,
Dão certezas do feliz Natal que alguém terá,
Ninguém lhes mente por não querer mentir,
Dão-lhes promessas da fartura que virá,
    Anuncia-se a fome que está para vir,
Os que recebem não vão acudir,
     E a pedinchice continuará!...

Uma alma simples partilha o pouco que tem,
Quem pouco tem, partilha muito do que recebe,
Não há significado para o preço a pagar a alguém,
Dos seus dias que partilha, nada deve a ninguém,
     Quem os diários da Alma partilha, a si, nada deve!...
.
.
.