segunda-feira, 15 de julho de 2013

Púmice da Pedra Polida

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À pedra polida,
Gasta-se-lhe a graça,
Perde o sentido alisado do humor,
Desembaraço do riso e embaraço na desgraça,
Alisa-se sobre os seixos e debaixo da graça perdida,
Falta-lhe uma polidez natural da imperfeição engraçada,
E na impossibilidade de polir-se no credo da divina graça,
Escorrega na lisa intranquilidade que dela grassa,
Cai desamparada nos complexos por si polidos,
  Como pedra litográfica impressa por anos idos,
Alma calcária litografada!...
Há um poroso murmúrio vulcânico de púmice sem vida,
Rejeitado pelas calçadas antigas e qualquer avenida,
Flutua entre quatro paredes de pedra requintada,
Sempre alisando-se nessa imperfeição alisada,
     Porosa e leve a arrefecida pedra polida!...
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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Dalí até ao Olimpo e às Areias Finas do Sul

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A haste de fibra óptica atravessava-lhe o endeusamento ao longo de uma extensão temporal até à terceira têmpora, o retrovisor da memória persistente amolecida pelo calor que a foi derretendo num corrimento teimosamente sólido, para dentro, todo para dentro de fora de si!... As cúpulas da cópula haviam ruído antes do acto e o tempo continuou voando seguindo a forma exacta , modelando-se até ao orgasmo impossível!... Dentro do peito, a dois beijos do coração, o coração olha a hulha e sua sombra  um pouco mais aclarada e esclarecida, em processo de destilação. Entre um batimento e um abatimento momentâneo do relógio, amolece o tefe-tefe vindo de fora de si, escorrendo Dali até acolá do tempo flácido e inútil, onde os deuses e o adeus proclamam as despedidas dos “enfins”  libertadores e tão sós entre si. Enfim!...   
Um sem fim,
De confins até à ambrósia e aos néctares divinos,
E, finalmente, o sémen dos antes cristalinos,
E dos depois flácidos que renegam o Éden e o jardim,
Descrentes em Deus e nos hinos,
Cânticos e poemas que os vagabundos cantam às frivolidades,
Dedicam às eternas vagabundas de eternidades,
E, ainda, à palavra errante dos critérios elitistas mais finos,
Prisioneiros dos deuses e dos pontos sem continuidades,
Mas, as Árvores do Conhecimento e da Vida são vulgaridades assim,
À distância da loucura e da negação às meias vaidades,
E às saudades retratadas nos ingratos destinos…
Mas, os desatinos, meu Deus, os desatinos!...
 Á solta lá, que de lá até Dalí, num visão perfeita da realidade enterrada até meio corpo, sobrava-lhe a sombra do remorso e da esfinge e de outro corpo, o da ideia… e ninguém ousava deixar cair o porquê sobre a tela, nem mencionar a nomenclatura das talas que, de um lado, asseguravam a fixação das palavras fracturadas. Do outro lado, outros deuses, nem maiores nem menores, desentalavam a inspiração tímida, condicionada e em vias de desalentar-se entre Apolo, Eros, Poseidon e os raios e corisco de Zeus, mais o seu mau feitio. Dalí, sempre dali, como de outro ponto qualquer da intimidade lacrada com óleos entre linhos cruzados e secantes, mais ou menos rápidos, depressa chegava onde às filhas bastardas dos deuses só era permitido sonhar!... Hera, quer quisesse ou não, fora traída, encornada pelo tempo e já ninguém lhe emprestava a importância que impunha por direito e porque outra coisa seria inconcebível. O tempo é tão paciente quanto Hades e há sempre um mensageiro, um ladrão e quantos vagamundos, e Hermes, a desassossegar todas as almas inseguras do universo!...
Atrás de mim, de costas voltadas para minhas costas, continua imóvel e silenciosa, com as fontes em fogo, atravessadas pelas hastes. Numa das extremidades, um espelho ora côncavo ora convexo, transmite-lhe a imagem perfeita da distorção que quer ver… dali, já que, Dalí, o outro entendimento da análise, é um lado em deslocação na memória para uma possível insignificância, embora aparente!... Como aparentes são os destinos do destino que os vagabundos não têm, por mais que o destino dos passos errantes vagueie por aí sem a menor ideia do destino do dia seguinte… com toda a convicção do mundo e dos vagabundos contrapostos à idolatria fraca de vista,
Força que não é sua e refúgio adinâmico,
  Fraqueza bruta, coitadinha e calculista,
Com olhos cegos postos na conquista,
Com medo da derrota e do seu egoísmo satânico,
Até, daquele carrapito infantil no primeiro retrato irrealista,
Olhando apenas para um adentrar de si idealista,
E, rendida ao só seu parafrasear mecânico,
    Movimenta-se num bloqueio surrealista!...
E como gostava que o destino lhe houvesse sido generoso, atribuindo-lhe têmporas intactas, invioladas por retrovisores!... Só ela sabia o quanto amaria seu corpo generoso de vagabunda onde os deuses do Olimpo vagueariam e abusariam de seus conflitos, sobre sua carne, dentro de sua carne violada e agradecida!...
Quisera Deus que as pequenas girafas em chamas dançassem elevadas em notas soltas, fumegadas das liras, bafos inócuos de Apolos e cantos de musas de suas musas e dos espelhos prisioneiros dos reflexos e das milhentas birras em jogo num qualquer quadro pendurado no recanto das pequenas obras agigantadas!...  Quase Mulher, quase mulheres, toda ela e elas, gaveta e gavetas, umas fechadas, outras por fechar num acordeão de movimento e sua ausência, impelindo os foles para trás e adiante, para dentro e para fora… com a preciosa ajuda das pacientes muletas e outros dispositivos de ativação e sensação de equilíbrio na travessia das areias finas do sul, até ao céu azul. “Afrodite bem pode esperar sentada pelas palavras que não lhe direi”, pensou. Pela primeira vez, senti-me trespassado, como se um abraço fosse disparado contra as minhas costas, atrás de mim, sempre atrás de mim, entre mim e o quadro, os objetos moles e o tempo, talvez a idade, o sexo e a jura. As palavras em fuga, a tristeza das palavras, o desconforto que as gavetas lhe causavam e os segredos bem guardados nessas gavetas vazias. Dali ao Ó-limpo sempre sujo dos vagabundos, ia um passo ou muitos passos caídos no esquecimento, como esquecidos pelos aplausos curvados, frenéticos, estrondosos e… moles!...
Ainda atrás de mim, na tela de minhas costas, foi-se ela e Dalí,
deixando atrás de si
A reação muito feia do seu expressionismo,
No horrível silêncio do grito mais asfixiante que já vi!...
Edvard Munch era todo seu, um grito medonho à medida de toda a beleza de suas palavras e seus medos,
E de todas as suas muletas,
Escondidas de Dali e seus brinquedos,
De suas vazias gavetas,
Cheias de segredos…
 E de mim,
Enfim!...
Borboletas,
Leves entre meus dedos,
Como o permanente de canetas,
Sem tintas mágicas nem meus bruxedos!...
Arrancou as hastes a sangue frio e desfez o retrovisor em incontáveis palavrões e acabou desconfiada de tudo!... Culpa-me, como se eu fosse um minúsculo deus!...
Ou o rei do “Ó-limpo”, o Vagabundo, nesta realidade vagabunda dos sonhos e das Palavras fantasmas!...







hahahahaha… Bú.

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terça-feira, 2 de julho de 2013

Sono Aninhado

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Quando o meu sono a persuadia,
Vinha o sono dela aninhar-se em meu sono,
E dormia!...
 Ainda ensonados,
Num abraço aninhados,
Aconchegadinhos na fantasia,
Do meu sono por ela persuadido,
Entre os beijos adormecido,
E carinho aconchegados,
Em plena harmonia,
O sono merecido,
Uma vez mais,
    Adormecia!...
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