quinta-feira, 16 de junho de 2011

Amor é... (+I de + III)...

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Giz branco erudito,
Cinzel De escultura primitiva,
É emoção de cal viva,
Queimando corações de granito,
É fogo de singular perspectiva,
É o mito,
Princípio do infinito,
Fim sem alternativa,
Pedra definitiva,
Silêncio aflito,
Incrustado no grito!

Amor?!...
Sem chegar a tanto,
É mais do que tal,
É veneno nas veias,
É açúcar no sal,
Uma mosca a tecer teias,
Aranhas de pedra e amantes de cal!...

O verbo sonhador,
Das palavras erodidas,
Pelo frio das almas perdidas,
Perdidas de amor!...

E o Amor é…

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terça-feira, 14 de junho de 2011

Amor é... ( Poema III de III+I )

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Amor?!...
Eu amo o vinho!...
Bebo um copo,
 Bebo dois,
 Bebo três,
Envinagrados, retintos e carrascões,
Feito à martelada, vomitado de borrachões,
Nele me afogo trinta e quatro dias por mês,
Não me importo com opiniões,
Entorno um garrafão de uma vez…
Nele sou tudo que me apetece,
Bebo quanto vinho aparece!...

Só minha sede não bebo,
Só minha sede não bebe!...

Eu amo a cerveja!...
Bebo uma, duas, três,
Bebo quanta cerveja houver,
Afogo-me em aguardente,
Bebo quanto álcool vier,
Bebo sôfrego repetidamente,
Seja o que Deus quiser!...

Só minha sede não bebo,
Só minha sede não bebe!...

Bebo do cálice que se segue,
Meu amor que não durará,
Fito a caneca que beijarei,
E minha sede se apaixonará,
Mas a sede, essa não matarei,
Minha sede que sobreviverá!...

Só não resiste minha sede,
Na água pura de cristal,
Água fresca que não vejo,
Água fresca que não há,
Água fresca que eu desejo,
Amor louco que me matará!...

Só minha sede não bebe,
Só minha sede não bebo!


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Amor é... ( Poema II de III+I )

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Complacente com a placenta,
Que não assenta,
Em minha silhueta acentuada?!...
Não!...
Tenho uma placenta em ti,
Aguardando minha consciência de mim,
Que eu amarei até ao fim!...
Amo amar-me,
Amo-me mais ao que podes dar-me,
Amo demasiado no espelho as medidas certas,
Para poder amar o amor que despertas!...

Será amor verdadeiro,
Isto que sinto pelo dinheiro?!...
Como amar-te se não vais existir,
Amar-te, decisão minha tomada?!...
Como?!...
Amar-te se não pudeste resistir,
Amar a condenação de “coisa” rejeitada!...

Meu amor sou eu oferecendo agenesia,
A liberdade conquistada,
Noite após noite, dia após dia!...

Como amar-te, se o Amor que restou,
Se regenera por cada prazer que dou?!...

Amor sou eu e minha Liberdade,
É a minha livre independência,
Acima de qualquer verdade!...

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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Amor é... ( Poema I de III+I )

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Noite após noite,
Dia após dia,
Perdida por ti no seio de coisa nenhuma,
Noite após noite,
Sem dias após dias escondidos a levedar,
Noites após noites!...
Amor!...
Numa queda sem fim,
Até te encontrar,
Até esquecer-me de mim,
Não após não,
Sim após sim,
Apenas Amor,
Sem dor,
Apenas coração!...

Amor é viver,
Saber como o fazer,
Amor sou eu,
Este esbelto corpo que é meu,
É a força do querer,
À submissão do meu poder que pensas ser teu!...

Amor é Conquistar, trair, matar…
É o Ser!...
Amor é morrer!...
É desistir de mim, é… Amar!...
É sentir sem sentido,
Sacrificar teu mundo,
Esquecer um amigo!...

Amor é conquista a qualquer custo,
É o desprezo pelo Amor de quem Ama,
Por mais que te pareça injusto!...

Amor é..

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sábado, 11 de junho de 2011

Da Orgia ao Avesso


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Veio um eunuco, um pederasta e um proxeneta,
E um galopim abrindo caminho a toque de sineta,
Todos eles tendo na testa bordados de emulação,
Esvoaçavam na leveza de uma airosa borboleta,
Prometendo muito prazer em caudais de dulcidão,
Tentador remédio santo para males do coração,
Carne mal passada em vez da habitual punheta!...

Enquanto o castrado guardava o harém,
O proxeneta conferia doze putas mal contadas,
Deitando contas à vida de contas mal paradas,
Aguardava um cu impaciente sua vez também,
Ficando das esfomeadas escolhas muito aquém,
Vaginas de outras vaginas por elas enrabichadas!...

Lá continuava o garoto badalando o chocalho,
Com um olho vesgo na puta e outro no vergalho,
Belas esposas do rei eram tentações das arábias,
Sempre guardadas eram cartas fora do baralho,
Trunfos maiores de arriscadas sequências sábias;
Mas… porque não jogar uma cartada?!...
-O eunuco algum prazer há-de ter,
Sem seu badalo, mulheres não podia comer!...
Arriscando, o jovem, uma atrevida jogada,
Seduziu o guardião da tentadora mulherada,
Prometendo por ele algo fazer,
Mas…
O sodomita trejeitando doméstica enciumada,
Numa estranha abordagem capciosa,
Intrometeu sua sodomizante língua gulosa,
Propondo uma sensual orgia combinada,
Sem a vaginal concubina de meretriz horrorosa!...

Já doze línguas trabalhavam nos clitóris do harém,
Sentindo línguas do deserto em seus clitóris também,
Quando o chulo desconfiando do número que viu,
Mandou tudo para as putas que as pariu,
Castigou a primeira fêmea em pleno orgasmo,
Que entrelaçada em todo aquele entusiasmo,
Nem a pancada sentiu,
E, vindo-se violentamente num longo espasmo,
De outros espasmos de prazer não desistiu,
Humilhando o reles homenzinho,
Que, cego pelo ódio do seu interesse mesquinho,
Em vez de uma das suas doze putas sem lei,
Agredira a mais bela das esposas do rei!!!!...
Com cinco dedos bem fustigados na seda da face delicada,
E um olho todo negrinho por conta da agressão,
Perdeu o proxeneta o traseiro tesão,
Ganhando uma certeza adivinhada,
De arrepiar fortes machões de vida obstinada,
Capões inatos de falhada circuncisão,
Falo castrado pela cimitarra de um eunuco capão,
Castigada vida por reles vida castigada!...

Entretanto,
O corpulento e castrado guardião,
Confundido por um insuspeito plano inocente,
Deliciava-se com o garoto atrevido,
Que lhe sussurrando papilas húmidas no ouvido,
Estava ansioso pelo seu paradisíaco presente,
Irresistíveis mulheres ardendo em sangue quente,
Prontas para foderem um galopim atrevido!...

E tudo corria bem;
O eunuco entre suspiros vibrava,
O garotelho em putas e outras mulheres pensava,
E, não havendo mais homens, também,
Avançaram as putas livres de quem as aprisionava,
Para satisfazerem seus desejos de mulher libertada,
Enquanto espreitava na sombra o harém,
Arrepiado de desejo, com medo, porém,
Já que seu guarda ainda as guardava!...

O rapazote já não tocava a sineta,
Com doze putas que lhe ofereciam,
Substituindo a sensaborona punheta,
O bacanal era um céu de outro planeta,
Onde quase todos os sentidos se perdiam,
Pela passagem em chamas de um cometa,
Que incendiara a alma de um estranho poeta!...

Escreveu a testemunha sobre este triângulo ordinário,
Descrevendo em acta o sentimento perdulário,
De um eunuco que virou proxeneta meigo,
Um proxeneta que deu em guardião solidário,
Doze putas escondidas da lei,
Transformaram-se no harém do rei,
E rainhas que mudaram seu vocabulário;
Quanto ao jovem leigo,
Esse aprendiz de fraco peido,
É príncipe da criadagem grei,
Literatelho de fraco povo literário!...

Há quem não sendo, seja o que é,
Sendo que não é o que quer ser,
Parecendo não ser São Tomé,
Ainda que não vendo… o crer!...
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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Imperfeito Hermafrodita




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Deslizando entre precisos raios de sol,
Ao longo do afiado fio frio da navalha,
Barbeia-se a calma de um caracol!...

Ao longo do fio da mesma navalha,
Espreguiça-se a serenidade de outro caracol,
Na direcção oposta entre raios de Sol!...

Imóveis, no meio exacto do frio da navalha,
Dorme a tranquilidade de um e outro caracol,
Cortando-se da noite, um escondido raio de sol,
Adormece no fio perfeito da lâmina que falha!...

Um corte viscoso escorre ao longo do fio,
Perfeição lenta da lenta morte do cio!...

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terça-feira, 7 de junho de 2011

Flor


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…Agora, em cada palpitar de Vida,
Semeemos desejos simples de meiga flor,
Cuidado bem-me-quer ou silvestre margarida,
Reguem-se com sorrisos de esperança renascida,
E inalemos os suaves aromas do Amor!...

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Monstruosidade




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…Depois chegou a Europa dos ateus,
Dos imperadores do dinheiro,
E dos Judeus!...
Heil, demoníaco mensageiro,
A história que te tem como carniceiro,
É a mesma que está a chacinar Europeus!...
A Classe média, remediados, pobres e todos os seus,
São sugados até ao osso num usurário plano financeiro!

Hei, Lars Von Trier e outros independentes,
Muitos outros sentirão o ressuscitar da voz,
O grito esmagará esse filme atroz,
Dos protegidos publicamente,
Pelo poder que não consente,
A contestação de todos nós!...
Mas, tal como em vós,
O grito será pertinente,
Revoltado mas consciente,
Por tão fartos dos coitadinhos,
Que semeiam em nossos caminhos,
Vampíricos argumentos e a sua semente,
Sugando-nos o sangue ainda quente,
Que nos escorre da coroa de espinhos!...

Hollywood é criminoso processo,
Apontado ao alvo na nossa testa,
É o filme de uma raça em festa,
Após a realização com sucesso,
Do indubitável drama  impresso!...

A vítima ressuscitou a besta irada,
“Heil, Hitler!...”
E, tal como o monstro deve ter previsto,
A Europa foi traiçoeiramente coroada,
Por falsos europeus de Social fachada,
Financiados pelos traidores de Cristo!...

Há um cheiro fúnebre naquela cor estrangeira,
Escorrendo pela face triste de nossa bandeira,
Fecham-se pálpebras sobre uma morte lenta,
Estreitam-se crinas cruzadas de uma peneira,
Para que só passe a Esperança e Água benta,
Separe os demónios daquela Fé que aumenta,
E nos purifique a Alma da possessa cegueira!...


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sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Erguer da Queda


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A queda do arlequim mirabolante,
Que, divertido, nos fez rebentar de cansaço,
É gargalhada que ergueu o circo a outro palhaço,
Gritando, agora, vogais roucas de uma consoante,
Que rasgam as goelas de um histrião hesitante,
Derivando entre a revolta e o frágil ameaço,
De partir seus pés de barro degradante!...

Todos se riram da anunciada desgraça,
Todos choraram chalaças de tanto rir,
E esse palhaço ainda nos ameaça,
Com o palhaço que está para vir!...

Muitos morrerão de riso,
Muitos palhaços rirão até morrer,
E poucos compreenderão o aviso!...

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Tão... ironia

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…Tão estafado de tudo,
Tão mudo!..
Tão vazio do que não dou,
Tão aprendiz de meu estudo!...
Tão farto do lugar onde não estou,
Tão cheio do nada que te dou,
Tão certo de mim, sobretudo…
Tão irónico que sou!...

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