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sexta-feira, 19 de abril de 2019

Miséria Moderna

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Ó miséria, a quanto obrigas,
Lembras-te dos orgulhosos,
Cheios de nada e manhosos,
Cheios de suas duas barrigas,
Com que cantavam cantigas,
       Barrigas falsas de invejosos?!...

A quanto obrigas, ó miséria,
Dona de nada, sem piedade,
Mostras-te por tua metade,
Parte cheia de vaidosa léria,
Como se fosses palavra séria,
    Que tu revelas por caridade!...

Onde estás ó antiga pobreza,
Que a tantos, a fome matavas,
Eras ajuda forte, tua fraqueza,
Tanto davas e não te fartavas;

Na sopa, contavam-se as favas,
Verdes quintais e tanta beleza,
Ó miséria, espalhas tuas larvas,
    És, agora, semente de tristeza!...
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sexta-feira, 1 de maio de 2015

Colheita Perdida


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Mordeste a terra deixada ao abandono,
Cemitério onde enterraste teus dentes,
Sonhavas com trabalho, esse teu dono,
O pesadelo de perdê-lo tirou-te o sono,
     Hoje não dormes por muito que tentes!...

Mordeste a terra alheia, tão fértil e pura,
Viste teus dentes caírem a cada dentada,
Mastigaste teu árduo suor da tua agrura,
Semeaste-te em campos de escravatura,
     Colhes a tua raiva dentro de ti enterrada!...

Hoje, ainda vês teus campos reverdecer,
Nos olhos que ainda procuram abastança,
Olhas teu prato onde nada há para comer,
    Vês a desilusão nos pratos da tua balança!...

Semeaste uma desenterrada lembrança,
Teu olhar ainda semeia o que teve de ser,
Esqueceste onde semeaste a esperança,
    Ai, se soubesses onde a esperança colher!...
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