Mostrar mensagens com a etiqueta jorge sampaio. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta jorge sampaio. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 23 de junho de 2015

O Imã e a Diáspora (com decoração)

.
.
.
Escorre o sangue dourado,
Até à fôrma que molda a consciência,
As medalhas de ouro para a complacência,
Premiam a impostura do homem curvado,
O ouro digno do Povo foi ao povo roubado,
Para condecorar traidores e a aparência,
Parece de ouro o condecorado,
    Ouro vendido em evidência!...

Nada sobrevive no deserto de cada um,
A dignidade prostrada é postura comum,
A terra está lisa até à curva mais áspera,
Do coração já não é extraído ouro algum,
Sangue dos povos fez de ouro a diáspora,
     Há ouro no peito do patriotismo nenhum!...

Imãs desconhecidos,
Com dois polos de atração,
Repelem pobres de outra nação,
Atraem ricos estrangeiros engrandecidos,
E logo que seus sonhos sejam interrompidos,
     Já a pobreza lhes provoca um efeito de repulsão!...

Espalharam-se por caridade e casamentos,
O imã tem dois polos de intenção igual,
Um polo corrompe os pensamentos,
E antes dos justos julgamentos,
      Condecora-se o traído Portugal!...
.
.
.


sexta-feira, 24 de maio de 2013

... do vento matreiro que passa!...


.
.
.


Com um dos pés na cova,
E outro meio desenterrado,
Enterra-se o velho reformado,
Acompanhado pela léria da trova,
Verso em fuga do vento acovardado,
     Medo que não passa e se renova!....

Chegados os dias da negação,
Trazem a tristeza e a depressão,
E toda a vontade incrível de rir;
Chora-se nela uma muda nação,
Mamuda e nunca farta de servir,
É sua a mama acabada de mungir,
Serve versos em plena deserção,
   À trova do medo em concepção!...

Com um pé na cova que cavou,
Cava sua cova cavada à espera,
 Já nas covas o poeta desespera,
Espera a espada que atraiçoou,
Enterrado no muro que venera,
    Junto à coragem que desertou!...

Veio mais um e já são três pés,
A mesma cova e três escavados,
Acabados num profundo revés,
 Dentro da cova dos enterrados,
Lideram escavações de lés-a-lés,
Cavam sete mares os encovados,
Lideram espuma dos revoltados,
    Vão-se na cova das novas marés!...

É a última trova dos covardes que passam,
Como os ventos matreiros que fogem de um País,
Velhos versos em fuga que muitos poemas desgraçam,
Neste País de falsos poetas que de poetas se disfarçam,
   E cantam o roubo de uma trova a um Portugal infeliz!...


.
.
.