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domingo, 31 de dezembro de 2017

Última Aposta (O Fim)

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Os dados já foram lançados,
Libertarão a brancura das pombas,
Os olhos da verdade continuarão jogados,
Pouca sorte a dos inocentes condenados,
    A peças mortas em tabuleiro de bombas!...

Mais um segundo de vida que passou,
Ultimo momento de um estranho jogo,
Na falta de tudo, tudo vale, até o rogo,
Perdeu tudo quem toda a vida queimou,
Ardeu a inocência consumida pelo fogo,
     Ardeu todo o tempo que a vida apostou!...

No fim,
Aposta-se tudo que já não se tem,
Na esperança de tudo vir a ter,
A sorte não começa, porém,
Aproxima-se o fim com desdém,
Sem o dia seguinte, acabado de perder,
Talvez houvesse um dia de sorte mais além,
Naqueles momentos que passam sem se ver,
Deixa o desejo que todo o prazer contém,
E por ele é capaz de a inocência morrer,
Morte do dia seguinte que já não vem,
   E jamais haver a sorte de o saber!...

É no princípio do fim,
Que se aposta em tudo que se perdeu,
Aposta-se em todas as flores de um jardim,
  No mesmo jardim onde tudo morreu!...
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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Inexistência do Existir


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Eu penso que a guerra não existe,
É-me essa fraca ideia que persiste,
Em ser a indiferença do “tanto faz”,
Tanto faz que nunca se viva em paz,
No coração de quem da paz desiste,
   E, à sua frente, vem a guerra atrás!...

Até penso que o meu pensamento,
É a guerra aberta com o que penso,
Se é pela paz que a guerra lamento,
Não lamento meu espantoso senso,
Propenso à paz que já não aguento,
   Paz pútrida de cheiro tão intenso!...

Fica Deus pensativo e Estupefacto,
Pensativo, não fica o Diabo melhor,
É o remédio para a paz muito pior,
Remédio violento, guerra de facto,
Receita de pensamento putrefacto,
    Como se fosse a morte mal menor!...

Eu penso que a guerra não existe,
Nem nunca a paz, pela paz existiu,
Naquele mundo que se ergue triste,
 De onde a paz da consciência caiu!...
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sábado, 31 de dezembro de 2016

Fim do Fim

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Este fim,
Tão prestes a ser fim,
É o fim de muitos sonhos,
É o fim de desejos medonhos,
O princípio de tudo que há em mim,
O triste fim dos sorrisos tristonhos,
Dos velhos sorrisos assim, assim,
E dos tristes “assins” risonhos!...

Mas... não tenham ilusões,
Que o pior dos fins está para vir,
Há um fim que teima em não parar de rir,
Ri-se do princípio de todas as ambições,
Até ao fim, alguns não vão conseguir,
Serão vencidos pelas tradições,
E pelas mais velhas emoções,
Ás quais não vão resistir,
     E eis novas desilusões!...

Este é o fim do do dinheiro,
O fim de muita vendida certeza,
É o princípio novo da beleza,
Que teve um fim certeiro,
O fim de toda a riqueza,
 Desumana por inteiro!...
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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Mundo do Fim do Mundo



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Nunca um fim do mundo,
Se fez tanto deste mundo,
Nunca estive eu tão perto,
Do medo de estar tão certo,
Desilusão e medo profundo,
Tu, que não o vês, decerto,
Tal é a cegueira, lá no fundo,
    Por tanta guerra encoberto!...

Sou profeta da desgraça,
Uma desgraça de profeta,
Sou o teu baço da vidraça,
Sou as línguas de fumaça,
Sou a curva em linha recta,
Por onde meu fumo passa,
Esfumando-se e logo afeta,
   O coração que despedaça!...

Há em cada fim de cada dia,
A esperança que adormece,
Descansa em serena sintonia,
Com uma maciez de nostalgia,
E a esperança que amanhece,
Em mais um dia que acontece,
Esperança de ser o que seria,
 Se o mundo a Paz quisesse!...

Neste mundo onde vivemos,
Sem saber com que fim, afinal,
Somos bestas da morte bestial,
Neste mundo onde morremos,
Somos bestas que nos fizemos,
    Sepulturas abertas a tanto mal!...

E é neste mundo que estamos,
Mundo que é mundo, por enquanto,
Refugiados no egoísmo do nosso canto,
E é neste estranho mundo que ficamos,
A matar a vida, antes que morramos,
   Em rituais suicidas e sem espanto!...
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domingo, 4 de outubro de 2015

Luto Celeste


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Vieram de terras distantes,
Para muito perto da inocência,
Fugiram de histórias dissonantes,
Sobre covardia de fugas humilhantes,
Nas trouxas com pedidos de indulgência,
Havia muitos negalhos a atar a incoerência,
Pontas soltas de mentiras incessantes,
Bem atadas à histórica precedência,
    Da ganância estrelar!...
E as estrelas são todas cadentes,
Por mais celestes que se mostrem azular,
Há séculos que há muito sangue nos dentes,
Das veias de todas as raças feitas diferentes,
Algumas estrelas são impossíveis de tatuar,
Na sempre negada igualdade crepuscular,
São iguais ao resto dos frios sóis poentes,
Na esperança perdida, perde-se o olhar,
Dos cadáveres ainda quentes!...

O céu já não sabe o que fazer,
Tudo é céu aberto de valas comuns,
Rasgados são os céus pelo cego poder,
O céu vê suas estrelas caídas fenecer,
Tudo é um céu para o céu de alguns,
O céu de luto não para de sofrer,
   Pela morte dos céus comuns!...
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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Crianças, a Fome e a Fome de Leão

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Acordo sem deixar de dormir,
Neste sonho que me enrola,
Ou, talvez não…
Não sei ler e volto à escola,
Não há quem me possa acudir,
Acudo-me num rabisco farsola,
O professor é um terrível anão,
Escreve de espingarda na mão,
Solto um grito e vejo-me a cair,
Caio numa oferta, sou a esmola,
Sou o jantar de um famoso leão,
Engolido, passo por uma argola,
É ouro que a noiva está a vestir,
Visto-me e avisto-me a despir,
Não tenho qualquer ereção,
Revisto-me sem consolação,
Sinto prazer que deixei de sentir,
Sinto uma nudez que me esfola,
Sou coelho a dormir na caçarola,
Ou, talvez não…
Acordo em corvo cor de carvão,
Sobrevoo uma criança sem gramática,
Tão indecifrável é a linguagem do cifrão,
Enrola-se a língua à língua que se enrola,
Blábláblá... qualquer coisa e um pouco de pão,
Voam os chapéus que sacam coelhos da cartola,
Cada cartola mais alta é uma cartola democrática,
Foram-se os coelhos mágicos e só ficou uma pistola,
A fome de uma criança aponta a pistola automática,
Aponta às dores de dentes do regressado leão,
Contrata-se um dentista, por caça, fanático,
E antes que o mudo mundo grite não,
Os pássaros morrem numa gaiola,
As crianças tomam uma decisão,
O medo da vida é sintomático,
     E morrem com determinação!...

Acordo sem deixar de dormir,
Sonho com um leão feito de luz da lua,
Há um sol que para alguns só brilha a fingir,
Caçadores de leões são a humanidade no devir,
    Crianças morrem nos dentes da fome que continua!...
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A Porta (Ruínas da Esperança e da Virtude)


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O que mais as revoltavam,
Era o prazer de tanto gostarem,
De suas culpas que lhes apontavam,
Simulando a denúncia que lamentavam,
Não se sabe se por não se envergonharem,
     Ou por mais rumores que sobre elas faltavam!...

Sentadas no último banco da Igreja em ruinas,
De mãos unidas num entrelaçado de fingimento,
Faziam ondular uma sequência de invisíveis cortinas,
Até ao velho padre que aos olhos das sagradas doutrinas,
Vestia transluzimentos de Deus, cobrindo-se de fundamento,
Da brisa dos rumores iam caindo cortinas de pensamento,
     Até só restarem a porta fechada e quatro esquinas,
       E o rumor invisível de um divino lamento!...

Com os rumores do tempo,
Rumores em invisível abatimento,
Cada esquina ruiu envolta em solitude,
As cortinas ainda ondulam naquela quietude,
Inquietas com os rumores que batem à porta,
Dizem que fora de portas há uma igreja morta,
    Envolvida em cortinas desprendidas da virtude!...

Atrás da porta fechada, ondula a solidão do vazio,
Não há ventos de paz e a meiga brisa do amor ruiu,
A boa-fé na plenitude de Deus entrou em desvario,
Um mensageiro sem saída perdeu-se num desvio,
Vazio de Humanidade aproximou-se cheio de frio,
Ajoelhou-se em frente da velha porta que se abriu,
Orações vazias jaziam sob o pó do futuro sombrio,
    Já dentro de si, olhou para fora e com a porta caiu!...

Com o Amor a perder-se num caminho tão incerto,
    E com Jesus a nascer, nascia o Amor ali tão perto!...


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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Quasecaos diÉbólico


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As contas por pagar,
A cabeça tonta a doer,
O fim do mês para fatigar,
Anorexia do salário a enjoar,
Os pelos em pé e varas a tremer,
O que resta da força a desfalecer,
O vómito na boca cheia a sufocar,
Uma conta atrasada por resolver,
O carteiro e mais contas a chegar,
Voltas à cabeça de entontecer,
Frias vertigens a ameaçar,
E a febre!...
De repente, o estômago em alerta,
O gargarejar das tripas e o casebre,
-Ai, Deus me tenha a porta aberta,
O cu que até ao alívio se aperta,
Correr como uma lebre,
Diarreia certa!...

Cercado por extra-humanos para cá da terra,
Talvez o fantasma de um Neil Armstrong lunar,
E da pequena nave onde me puseram a sonhar,
Parece-me ouvir um ranhoso fedelho que berra,
Um cadáver já previsto disse que o iam incinerar,
Os extraterrestres socorrem com ares de guerra,
Um batalhão de luvas brancas está pronto a pagar,
Os herméticos sabem que sou um cão que não ferra,
Aproximou-se uma picada que me fez desconfiar,
E logo me apaguei!...
Um raio de sol e acordei,
Que raio teria acontecido?!...
Não sei se sonhei que tinha morrido,
Talvez tenha mesmo morrido, pensei,
Tentei levantar-me, meio entontecido,
Soltei um peido e por ali me fiquei,
O cheirete deixou-me divertido,
Mas voltou a diarreia comigo,
Mais um e me envergonhei,
Mais um arrepio sentido,
    Senti que me borrei!...

Uma televisão a um canto,
A notícia e uma estória malévola,
É sem grande esforço que me levanto,
Falam dos meus sintomas, para meu espanto,
Para uns, sou a pior bomba a rebentar de ébola,
Para outros sou vacina milagrosa, por enquanto!...

Há um esquálido médico com ar desprezivo,
A sua indiferença nada diz sobre o diÉbolico respectivo,
Da superfície do seu ameaçador silêncio, quer que eu acredite,
Eu sou a cura de marca e o genérico do ébola inofensivo,
Prescreve-me caldos de galinha e um anti gripe!...


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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Carne e Osso


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Depois, com a nossa carne totalmente empenhada,
Obrigaram-nos a comprar sonhos que eram nossos,
Nos gordos pesadelos, foi a nossa carne desossada,
 Ossatura sustida com promessas de não doer nada,
 E depressa damos por nós a roer os próprios ossos,
   Com o parvo espírito de nossa crença desdentada!...

E ainda com a nossa carne nos dentes,
Com facas arrancadas de nossas costas,
Cortam os nossos sonhos muito rentes,
Servem-nos mais promessas às postas,
Em pratos políticos sempre coerentes,
Às perguntas grátis vendem respostas,
E como saem caras as facadas expostas,
Infectadas por outras facadas recentes,
Perfídia sobre memórias decompostas,
   Compostas por propostas indecentes!...

Amanhã, com a memória das pessoas esgotada,
Formatada que foi a humana razão porque lutar,
Estranha a carne que sangrar por cada chicotada,
Sem os entardeceres nem a brisa da madrugada,
Sensações sem rosto, sem estímulo para copular,
Sem sentir o abrir-se da carne à carne sem aleijar,
Cicatrizaram feridas da humanidade equivocada,
     Cicatrizes sem memória do velho desejo de Amar!...

   
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sábado, 30 de agosto de 2014

Adestramento Global


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As janelas globais,
Estão cheias de inocentes,
De inocência em flagrante delito,
Apanham-se humanos em teias virais,
E se os blocos de vírus não são suficientes,
Volta a dar-se o dito por tudo quanto foi dito,
Até que ditadura das imagens sejam sementes;
Vê-se dos olhos fechados abrolharem outras mais,
As árvores são ensinadas a crescer todas iguais,
Envoltas numa subtileza global das serpentes,
Há no silêncio da floresta árvores diferentes,
Proibidas de crescer nos conselhos gerais,
Caridosas serpentes estrangulam o grito,
E o mundo em seu tormento infinito,
Vê humanos em seus suicidas rituais,
Vê-se mundo cansado, o mundo aflito,
Um mundo global de globais vítimas casuais,
O adestrar globalizado de todos os indiferentes,
Com descontrolo global de inconscientes mentais,
    E dos humanos corações mentalmente doentes!...

Deus, sempre sereno, vê os donos de um deus,
Vê-os implorarem por dinheiro em seu nome,
Vê a Fé em Si, ser guerra entre filhos Seus,
Os novos apóstolos, por Ele, são ateus,
-É por ele, -diz o ateu que tudo come,
-Que ao pão do mundo, dirás adeus,
     E, por deus, morrerás de fome!...

As almas perdidas alimentam satanás,
Fizeram-nas almas corrompidas com divina calma,
É global o encolher de ombros do nada se fez e nada se faz,
E sem nada fazer pelo tanto deixado por fazer ficado para trás,
  Morrem por Deus sem saberem que perderam a Alma!...
  
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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Estranha Gente, esta...


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Estranha, estranha, esta gente,
Estranha, ainda que nem tente,
Ser o que por estranheza não é,
Ser palavra de Deus com pouca fé,
Nem tentar sentir o que não sente,
Sentir-se ser mar sem uma única maré,
Enfrentar de costas o que vem pela frente,
Como velho veleiro sem leme e sem velas, até,
Nem tentar ser o vento, do seu propósito ciente,
    E ali deixar-se afundar em águas supostas de ter pé!...

Estranho o quadro salpicado de pintas,
Cada pinta contagiada por salpicos sem cor,
Estranha, a forma informe e o apaixonado desamor,
Dos refúgios em tristes quintais pintados às quintas,
E das quintas como qualquer dia ou seja o que for
   Dias de pintores que estão-se para as tintas!...

Estranho, esse estranho romantismo,
A contemplação da lua no céu iluminado,
Estranha, cada estrela que revive do abismo,
E das lendárias luas iluminadas pelo erotismo,
Do desencanto de mais um príncipe encantado,
Que cavalgava nas frigideiras de fundo anoitado,
E nalgumas histórias de romântico simbolismo,
   Onde só na noite brilhava um ovo estrelado!...

Como estranhar as barbas sem pelos,
Se tão estranhos são os dourados desvelos,
Dos descabelados ourives de cabeludo couro,
Ao descobrir que nem tudo que brilha é ouro,
E procura um barbeiro que já pelos cabelos,
  Cortara o mal pela raiz do mau agouro?!...
Por sorte,
Cortaram-se à morte,
E lá se enforcaram com as que à vida se fizeram,
Outros ourives falam que outros barbeiros houveram,
Que subiram na estranheza da vida à custa do pulso forte,
Pulsos como os de ourives que todo o ouro tiveram,
Quase dourados e de tão verdadeiro recorte,
Já fartos com o que nunca souberam,
Abandonaram o estranho porte,
    E, estranhamente, se detiveram!...

 E é Deus tão estranho nos pregões dos fiéis,
 Tão estranho é o pregão na vaidade do narciso,
Coroado por si mesmo com a bênção de cordéis,
Têm Deus sempre presente no discurso muito liso,
Mas quando o verdadeiro calor humano é preciso,
Quando muita doença e a fome são destinos cruéis,
Escondem-se nos estranhos bolbos, os ricos anéis,
Oferece-se Deus dos ocos com estranho sorriso,
   E a sorrir, com Deus na boca, se sentem Reis!...

Estranha, esta gente,
Com o pão sempre escondido,
Comungando como quem mente,
Egoismo vaidoso de si, e só de si, ciente,
Aceita o divino título a si, só por si concedido,
Encontrando-se em cada pensamento perdido,
    Para acabar por ser esquecido, estranhamente!...
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