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quinta-feira, 14 de julho de 2016

O Idiota que Sobra

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Na festa, a insensatez nunca se esgota,
Embriagada por luas, é queimada por sóis,
Em cada festeiro há um bêbado e patriota,
Brinda-se o último cêntimo aos heróis,
As gralhas cantam como rouxinóis,
    Sobrou apenas um sóbrio idiota!...

O povo escolhe quem o mata,
Paga a quem o apague do sofrimento,
E lhe tatue na alma uma vida abstracta,
A percepção da vida não é imediata,
A tatuagem vai desaparecendo,
Tudo à volta vai morrendo,
E pressente-se a derrota;
Há um povo em desbragada risota,
Na analgesia da festa, não vai sofrendo,
    Sobrou apenas a dor de um idiota!...


Chegou o dia seguinte,
Dia de todo o feliz Patriota,
Vestia a bandeira de contribuinte,
Ontem valia tudo, hoje é um pedinte;
Da festa e dos heróis já quase nada se nota,
   Há mais idiotas e sobrou apenas um idiota!...


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quarta-feira, 25 de junho de 2014

+ ou - 1 Soneto à Portuguesa


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Virou as lágrimas contra a bandeira,
Bandeira triste que também chorava,
Torcera por ela toda uma vida inteira,
    A última lágrima torcida que restava!...

A cor do sangue haveria de ser maior,
Sempre mais viva do que a esperança,
Foi trocado o escudo por algo de pior,
    Armilas caídas aos olhos duma criança!...

E sucedem-se as lágrimas dissonantes,
Choradas pelo pó que as hão de cegar,
    Em desfastios de cânticos consonantes!...

Tudo começou na esperança de ganhar,
  E cega exaltação do antes como dantes,
      Antes do herói que vencido há de voltar!...
    
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quarta-feira, 18 de junho de 2014

Redondez Esférica de uma Verdade Redonda


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A glória da fantasia global,
Vertiginosa lá do alto do esférico,
O círculo que envolve o estado mental,
As voltas fechadas num vai e vem histérico,
A globalização desse arredondamento genérico,
Que nos dá a volta em voltas da ingenuidade natural,
Quase sagrado com um toque fantástico e quase irreal,
Redonda consagração do feito de efeito mais homérico,
Quem nem Homero, por mais épico que fosse, e brutal,
Não imaginaria arredondar-se nesse futuro quimérico,
E vão rolando glóbulos à volta da redondez financial,
Numa linha que se liga pelo globalismo isotérico,
Onde a se arredonda de igual para igual,
Ou, pelo menos, sem parecer imoral,
Constrói-se herói mesmérico,
       Essa cura esférica do mal!...

Juntam-se mesméricos esferoides de redondo talento,
Compram-se juízes redondos para as globais lavandarias,
As bolas perfeitas são dadas ao povo redondo de sedento,
Arredonda-se a magra verdade ao globo ocular do desalento,
E quando as cores do mundo rolam num turbilhão de hipocrisia,
Que esse globo de gente redonda, tida como alegre mercadoria,
Não ouve o tiro de partida para o primeiro pontapé violento,
Nem sente as esferas que o fazem rolar sobre a idolatria,
      Até ao último tiro no final no mesmo povo cinzento!...

A bolas que rolam no sorriso da estratégia montada,
É um compressor, globo da felicidade, ao que parece,
O povo rodopia e é esmagado como sempre acontece,
Esmagado, continua a ser cor viva da ilusão montada,
    Não vê que a realidade a seria se a realidade quisesse!...
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domingo, 6 de abril de 2014

Glorioso


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Contam-se minutos de massacre desferidos por incapazes protegidos,
São cinco dias da semana e mais um a cismar no assédio do seboso,
Mandá-los para a inocente puta que os pariu, é por demais perigoso,
Trabalho de escravos competentes que asseguram o tacho adquirido,
Pobre escravo descompensado faz todo o trabalho do inútil garantido,
Adivinham-se promoções do filho do doutor, esse brasonado lustroso,
Para ele chegar onde chegou, não se poupou e foi em manha generoso,
E sob vis ameaças do desemprego é o trabalhador honesto advertido,
Porque num País que nada produz qualquer trabalhador é suprimido,
É mesmo uma real ameaça se comparado com o inabilitado vagaroso;
É justo? Pergunta o explorado, ao filho duma grande cunha divertido,
Apanhando como resposta um reles vitupério de carácter indecoroso,
    Nó que arde no estômago, inferno de ter o próximo dia como castigo!...

Chega tão ansiado dia onde se jogam contidos recalcamentos,
Duas cores diferentes jogam o ódio e amor de adeptos iguais,

Um apito suspeito toma decisões inócuas, outras vezes fatais,
É o chefe injusto para o qual foi um trabalhador, divertimento,
Agora é baliza devassada por impropérios de desabafos totais,
Grande cabrão, filho duma puta, são jogadas de procedimento,
  Desabafa a vingança da imensa dor trabalhada no pensamento;
É o alívio na fervura intensa da injustiça onde vós trabalhais,
Orgasmo de contenção explodindo dos foras-de-jogo carnais,
É o povo que se liberta sem nunca deixar de ser instrumento,
   Bola maltratada e fácil de conduzir em dribles de sentimento!...

Prostra-se o mundo enfeitiçado aos pés de iletrados mortais,
Peões de circular ignorância redonda paridos em partos normais,
Ninguém lhes ensinou o abecedário ou o valor de uma primavera,
Nem eles se envergonham de certeiras biqueiradas na atmosfera,
Quando o esférico, amante de gloriosos momentos e outros mais,
Se arredonda em sedução aos olhos de quem seu amante espera,
Transformando a lua em novos amores de victórias sempre reais,
E, não fosse o Sol, rei de toda a
luz, seduzir os sonhos irracionais,
Brilharia a bola rainha no centro deste mundo verde que a venera,
Em vez do quadrado que fora do rectângulo cozinhados tempera,
   Provando que no gosto do povo apenas se jogam as vitórias finais!...

O povo agradece a vida do vermelho que corre nas veias,
Cor que aviva a Alma, imensa fé desta encarnada religião
Os copos de leite também se tingem de vermelhas ideias,
Já as mulheres, do vermelho, parecem nunca ficar alheias,
Rubras mulheres de alma popular vestidas de vermelhão,
Beleza conquistadora invejada por rivais de atitudes feias,
E de tão vaidosas, desse glorioso jamais se sentem cheias,
   Vaidade imensa iluminada pela luz do orgulhoso lampião!...

Papoilas mágicas em zig-zag entre espinhosos adversários,
Delicadeza à solta enlouquecendo em estonteantes rendilhados,
Nós atrás de nós no juízo defensivo de guardiões desesperados,
Entre pernas e chapéus, gordos frangos de desportivos aviários,
Aselhas desorientados em ataques cegos de sentidos contrários,
Sentem-se avermelhar de vergonha, por papoilas atormentados,
E saem para o intervalo rezando pelo final apito dos aliviados!...

 Voo para o glorioso abraço vermelho de paixão,
Voo forte das orgulhosas asas de um Lusitano povo,
É velho o nobre orgulho de um orgulho sempre novo,
Explicado de pais para todos os filhos encarnados de razão,
Razões a correr nas veias, vermelho de Amor sem explicação,
A mística vitoriosa pela qual, tal como tu, eu por ela me movo,
Irresistível a Rainha dos céus, gloriosa Águia de rubro coração,
Dúvida dissipada entre garras em chamas de um imenso fogo,
Dribles quentes de glória, aquecendo a vida num intenso jogo,
Jogo de vidas gravadas com as garras douradas de uma visão,
  Golos inflamados de sofrimento e o prazer de ser campeão!...

Bem me esforço para dominar esta minha vermelha voragem,
Mas este esplendor que na Luz infernal de minha alma irradia,
É como um fogo vivo que arde, alastrado por gloriosa ventania,
Soprado lá do céu onde o Glorioso é lança-chamas de coragem,
Inflamando este povo nunca farto de vitórias à sua passagem;
Traça-se o milagre da Luz em relvados de vermelha sabedoria,
Reencarnados, os apóstolos da Luz, espalham fé com harmonia,
Uma fé benfiquista que até sobre os católicos já leva vantagem,
Que Deus me perdoe a blasfémia insolente, talvez em demasia,
Mas neste Portugal onde à Luz se peregrina em alegre romaria,
A verdade assim proferida, é ao Benfica uma justa homenagem,
   E tudo o resto, que bem fazendo parte da natureza, é paisagem!...
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Poema dedicado ao Glorioso em 2010
(Campeão Nacional 2009/2010)