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sábado, 16 de julho de 2016

Formigas de Deus

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Procurava no céu da sua esperança,
Um rosto de Deus que o pudesse ajudar,
O diabo da carestia levara-lhe a bonança,
Esquecera tudo, sobrara uma lembrança,
A liberdade dos pássaros e seu livre voar,
Procurando no céu asas para se libertar,
Não via sob os passos seus, a matança,
Das formigas que esmagava ao caminhar,
Talvez fosse sua pura inocência de criança,
   Ou a inocência das formigas com mais azar!...

E se o céu cair em cima da cabeça?!...
É preciso estar, ao céu, atento,
Antes que o azul do céu escureça,
E o resto do céu seja levado pelo vento;
Talvez o vento traga uma espiga dourada,
Que o mesmo vento, do céu carregou,
Houve um grão que caiu e o sol dourou,
E uma formiga obstinada,
Que o sol e o grão dourado carregava,
Mas, o medo, vindo do céu tudo esmagou,
    Esmagando o olhar que formigas, esmagava!...

Não estará Deus demasiado distante,
    Tão longe dos caminhos das formigas?!...
Somos searas e grãos de todas as espigas,
Deus vê um grão a outro grão semelhante,
Somos insetos que esmagam e, não obstante,
    Esmagamos formigas que consideramos amigas!...


Todos procuram Deus quando precisam,
Têm-se dentro de si e Deus em suas barrigas,
     E não vêm as pequenas formigas que pisam!...

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domingo, 27 de dezembro de 2015

Nuvens de Corvos (Mais tarde ou mais cedo)


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Mais cedo ou mais tarde,
Vemos uma nuvem que desanima,
Aproxima-se em silêncio, sem alarde,
Escorre por sua pouco líquida auto estima,
Sua memória do arco-íris já não a mima,
Está perto do inferno sem cor e arde,
  Cai sobre nós, com o céu em cima!...

Mais tarde ou mais cedo,
As nuvens mais brancas escurecem,
Desabam sobre espantalhos, em segredo,
Não haverá raios de Sol que espantem o medo,
Searas de trigo cobrem-se de corvos e arrefecem,
Erguendo-se da terra, nuvens de corvos amanhecem,
Para escurecerem o pão em seu triste arremedo,
Longe do Sol que já não vêm e falecem!...

A três dias do fim do último dia,
Logo após a esperança nascer,
A terra grávida de agenesia,
Viu uma árvore esmorecer,
A chuva desaparecer,
E tudo que sentia,
     Secar e morrer!...

Mais tarde ou mais cedo,
As nuvens de corvos voltarão,
Chuva de penas negras escorrerão,
E aos olhos da Terra coberta de medo,
Enterrar-se-á o princípio do fim da razão,
     Haverá chuva, mais tarde ou mais cedo!...

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