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segunda-feira, 13 de julho de 2015

Pais & Filhos


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Os Pais não gostavam que seus filhos não os compreendessem como eles não os compreendiam!... Compreenderem-se era um exercício impossível, mas continuaria exercício compreensível, à luz do Amor natural que os coincidia numa série de afectos e ligações de sangue e havia sempre a possibilidade da herança da Alma. A carne era o que era, mais tatuagem, menos tatuagem ou tatuagem alguma que resultasse numa relação compreendida ou menos compreendida!... Era na incompreensão, já enraizada do tempo em que nossos pais não nos compreendiam, que compreendíamos a razão blindada de ambas as partes das gerações!... Os filhos sempre perceberam bem porque não são compreendidos, escondendo compreensíveis segredos que todos sabem e que todos sabemos, mas sempre em segredo!...
Um dia, o dia seguinte, é sempre tarde e o dia de ontem foi apenas o dia deles. Um dia só. O espaço, todo o espaço e a falta deles no seu próprio espaço e o espaço que faltava na única falha que os mantinha cheios de um ego translúcido, até ao peito, até ao olhar desconfiado, como se nós quiséssemos ocupar o espaço mais importante que nem eles conheciam, ainda que o pressentissem como um vazio bem protegido de qualquer ocupação, até que fosse ocupado pelo que tivesse de ser. Entretanto, seus olhares eram pequenos véus de fumo que de diluíam no ar de quem os olhasse. Talvez umas partículas muito transparentes, diluídas no desprezo adolescente deles, os jovens diluídos num curto espaço da sua própria natureza, a natureza de todos os que passaram e dos que haveriam de passar por esse traçado onde a luz está, algures, entre o que não se revela, o que custa revelar-se, e a impaciência da revelação descompassada, até à sua consumação imperceptível. Um dia, passaram muitos dia e, simplesmente, aconteceu,
Como se nunca houvesse acontecido,
E se juras houvesse do que houvesse sido,
Nenhum filho saberia explicar o que sofreu,
Sofrimento que deixaria qualquer um aturdido,
Se a consciência lhes mostrasse o que a vida lhes deu,
Não lhes dando o sofrimento que, deles, não fosse seu,
     Apenas dos filhos, apenas dos pais, sem o terem merecido,
Por inocência e sem a menor intenção,
De ferir aquele aconchego do coração,
Bem ninado naquele espaço tão reduzido,
E onde cabia a incomensurável sensação,
De abraçar um Amor sempre conseguido,
Até à desnecessidade de pedir perdão,
Porque, são mães e pais e são o que são,
Parte de um belo mundo incompreendido,
Que, por alguma nobre natureza da razão,
No-lo foi pedido,
E concedido,
Pelos filhos que parte de nós, nos dão!...
Não é justo!... Fazê-lo na perfeição, sem diferenças, exactamente como se houvesse uma escola que os formatasse e formatasse a nossa perspectiva das coisas, do comportamento único, do amor dado incondicionalmente sem nada querer em troca, para além de um pouco do que se dá… um pouco de amor!... Um pouquinho, só, de amor, esse pouquinho que é tanto quanto o que damos e sabemos que eles o têm para nos dar. Talvez, numa ocasião muito especial das nossas vidas em que precisamos mais dele. Um abraço, finalmente, um dia, num momento de felicidade que, se é deles, é nossa!...
 Às vezes somos fracos e, geralmente, somos todos fracos, sentimos uma fraqueza por um sentimento que não vemos manifestar-se nos outros e fraquejamos um pouco mais, escondendo o que sentimos, como se ninguém merecesse a nossa admiração, a nossa amizade, o nosso amor… o melhor de nós!... Somos uma armadilha de sentimentos vingativos em ebulição silenciosa dentro de nós, contra tudo e contra todos e, acima de tudo, que somos nós, contra nós mesmos; como adolescentes que olham, de soslaio, para o olhar do pai e da mãe, como se eles fossem a metáfora ultrapassada do que eles poderiam ser, se fossem como o que vêm em seus pais, esses seres estranhos que tanto amam em silêncio, o silêncio como única moeda de troca, a mesma moeda que os juros transformarão num grande tesouro, a partir de um dia!... Um dia seremos todos ricos, depois de sermos o que resta de um tesouro em plena manifestação de amizade, respeito e amor!...
Entretanto, os pais continuam a gostar dos seus filhos e as mães são uma fonte milagrosa, da qual nasce tudo que sacia uma família. A vida, antes de correr,
 Nasce de algumas lágrimas e escorre,
Pode uma lágrima mostrar-se antes de nascer,
Outra lágrima pode continuar depois de morrer,
Só o que não existe no coração, morre,
E é no coração que continua a viver!..




...Continua...

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Exclusão do Olhar


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Dentro de si,
O sangue corre fora de ti,
Arrefece os caminhos para o peito,
Excluíste do teu coração, o calor e o respeito,
Exclusão que dentro dos excluídos eu vi,
     Incluída fora do pensamento desfeito!...

Vejo-te viver sem qualquer razão,
Respiras caminhos que não sentes,
Vejo-te viver em anuente exclusão,
Há um caminho ao qual tu mentes,
Vejo-te viver sem coração!...

Só vês caminhos recalcados,
E te decalcas em passos perdidos,
Apenas consegues ver objectivos repetidos,
E antes de chegares aos milagres imaginados,
Vais perder-te entre vivos caminhos truncados,
Onde a esperança dos teus olhos desfalecidos,
Pela esperança dos seixos da vida cegados,
    Acaba entre sonhos nunca cumpridos!...

Nunca observaste a vida nos caminhos,
A meta brilhava com uma intensidade maior,
Não viste a exclusão dos que caminhavam sozinhos,
Nunca te deste conta de um caminho melhor,
De todos os caminhos escolheste o pior,
   Caminhar sem sentires os espinhos,
       Nem a flor regada com o teu suor!...

As velas iluminam a triste cegueira,
Os olhos vão derretendo à vista das velas,
Há uma luz divina que, de muito longe, se abeira,
Entre a luz dos olhos e a da alma há uma fronteira,
Ninguém cruza o limite de suas lágrimas singelas,
Enquanto ardem os pecados em cada uma delas,
A cera vai cobrindo uma arrefecida vida inteira,
      Que se derrete à luz das coisas mais belas!...

Um sorriso cheio de luz,
Mães acolhedoras à luz do dia,
A luz que ilumina o caminho da cruz,
Os passos, as Mães, a caminhada macia,
A humildade que não se enfastia,
O Pai e o Pão!...
A partilha e a razão,
O amor que não se esvazia,
Todos os caminhos do coração,
O sangue livre, de uma vida sadia,
Todas as luzes sem ilusão,
A luz nunca tardia,
     Nunca a exclusão!...

    


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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Estranha Gente, esta...


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Estranha, estranha, esta gente,
Estranha, ainda que nem tente,
Ser o que por estranheza não é,
Ser palavra de Deus com pouca fé,
Nem tentar sentir o que não sente,
Sentir-se ser mar sem uma única maré,
Enfrentar de costas o que vem pela frente,
Como velho veleiro sem leme e sem velas, até,
Nem tentar ser o vento, do seu propósito ciente,
    E ali deixar-se afundar em águas supostas de ter pé!...

Estranho o quadro salpicado de pintas,
Cada pinta contagiada por salpicos sem cor,
Estranha, a forma informe e o apaixonado desamor,
Dos refúgios em tristes quintais pintados às quintas,
E das quintas como qualquer dia ou seja o que for
   Dias de pintores que estão-se para as tintas!...

Estranho, esse estranho romantismo,
A contemplação da lua no céu iluminado,
Estranha, cada estrela que revive do abismo,
E das lendárias luas iluminadas pelo erotismo,
Do desencanto de mais um príncipe encantado,
Que cavalgava nas frigideiras de fundo anoitado,
E nalgumas histórias de romântico simbolismo,
   Onde só na noite brilhava um ovo estrelado!...

Como estranhar as barbas sem pelos,
Se tão estranhos são os dourados desvelos,
Dos descabelados ourives de cabeludo couro,
Ao descobrir que nem tudo que brilha é ouro,
E procura um barbeiro que já pelos cabelos,
  Cortara o mal pela raiz do mau agouro?!...
Por sorte,
Cortaram-se à morte,
E lá se enforcaram com as que à vida se fizeram,
Outros ourives falam que outros barbeiros houveram,
Que subiram na estranheza da vida à custa do pulso forte,
Pulsos como os de ourives que todo o ouro tiveram,
Quase dourados e de tão verdadeiro recorte,
Já fartos com o que nunca souberam,
Abandonaram o estranho porte,
    E, estranhamente, se detiveram!...

 E é Deus tão estranho nos pregões dos fiéis,
 Tão estranho é o pregão na vaidade do narciso,
Coroado por si mesmo com a bênção de cordéis,
Têm Deus sempre presente no discurso muito liso,
Mas quando o verdadeiro calor humano é preciso,
Quando muita doença e a fome são destinos cruéis,
Escondem-se nos estranhos bolbos, os ricos anéis,
Oferece-se Deus dos ocos com estranho sorriso,
   E a sorrir, com Deus na boca, se sentem Reis!...

Estranha, esta gente,
Com o pão sempre escondido,
Comungando como quem mente,
Egoismo vaidoso de si, e só de si, ciente,
Aceita o divino título a si, só por si concedido,
Encontrando-se em cada pensamento perdido,
    Para acabar por ser esquecido, estranhamente!...
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