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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Braços caídos - Até ao Futuro

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Em teus braços de verdes ramos,
Por tuas verdes folhas envolvidas,
Dormem cores de Outono caídas,
   No velho regaço dos verdes anos!...

O aconchego no ninho de inverno,
Calor da ternura, o afago do vento,
Sem o existir das horas e do tempo,
      Mais um dia, mais um abraço terno!...


Há milagres esperando os penitentes,
A negra esperança, o abraço nefando,
 De braços caídos em anos descrentes;

Inesperada luz que foi desmaiando,
Anoitecendo as auréolas inocentes,
    Pra trás da inocência foram ficando!...


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sábado, 20 de setembro de 2014

Teoria Absoluta da Liberdade Relativa


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Não fora suposto relacionar,
Quatro bigodes de gato, por cada gato, a dar,
Eram trinta pardos de janeiro, os famintos gatos,
Trinta e um se, por sete vezes, quisermos ser exatos,
E menos um gato de fevereiro, que já era suposto faltar;
 Seriam os pelos mais duros em seus sentidos mais latos,
Os voluntários à força que a fome soube forçar,
Soltaram os 366 miados mais abstratos,
     Mas depressa deixaram de miar!...

A felicidade numa gaiola é relativa,
Como relativa é a felicidade da própria gaiola;
Um passarito baloiça no poleiro de sua perspectiva,
Uma gaiola vê-se fechada no coração de sua tentativa,
Prisioneiros de uma argola livre, presa a outra livre argola,
Solta-se um dos muitos bigodes de gato e abre-se uma alternativa,
Se mais bigodes de gato se soltassem!…
Se as argolas, delas se libertassem!…
Um gato sem bigodes, preso do lado de fora, arranha uma viola,
Sem cordas nem bigodes, sem força nem desespero, mia uma esmola,
Na gaiola feita de bigodes de gato, há uma esperança contemplativa,
Os bigodes vão crescendo no gato e caindo da gaiola evasiva,
Sem perguntas, as respostas são vagas nos elos da escola,
O coração não aprende e os gatos são atitude passiva;
Se, pelo menos, os gatos miassem!…
Se os corações frios sangrassem!…
Se houvesse uma relação entre a liberdade dos gatos orgulhosos,
E os corações, livres de pelos desesperados, livres e carinhosos!…
Se as lágrimas presas nas lágrimas não secassem!…
Se a relatividade não fosse chave de prisão na mão dos poderosos,
Ou um pelo, em desespero, à espera que o arrancassem!…

Gaiolas em projecto,
Corações em gaiolas projectadas,
Gatos fechados em gaiolas relativadas,
Corações de passaritos em prisões sem tecto,
  Relativismos de liberdade com gaiolas relacionadas!...
   
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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Bissexto dos Comuns

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Comum não é qualquer ano,
Nem os há para qualquer um,
Há dias iguais de ano comum,
E nódoas no branco do pano,
  Há panos tingidos por engano,
      Bibes sujos sem futuro algum!...

Comum é também o pretexto,
Ego que roda à volta de seu rol,
Júlio e Gregório são puro crisol,
É ímpar a ideia de ano bissexto,
 Pares indivisíveis pelo contexto,
     Espelham o dourado do seu sol!...

É movimento sem contestação,
Girar à volta de si,
Como nunca vi,
Girar num cerco de translação,
Os calendários pouco são de ti,
São a convenção de quem se ri,
Convencionada razão,
São religiões da religião,
O poder algures por aí!...

Tudo gira por este mundo que gira,
Ai que giro ver loucas ideias a girar,
E rolam cabeças à volta da mentira,
Abraças o bissexto que anos te tira,
      És ano comum com a cabeça a rolar!...
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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Pressentimentos Revisitados (Literal e dito)


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Este não vai ser o ano dos indiferentes,
Não será o ano dos papas ou dos presidentes,
Não é ano para os pobres coitados,
Para lamúrias dos indigentes,
Nem para os coitadinhos,
Dignos do dó literal e dito!...
Os velhos não ficarão sozinhos,
Filhos não serão abandonados,
Não é um ano para maus vizinhos,
Nem para os fígados de maus vinhos,
Para jovens emigrantes angustiados,
Ou para as saudades dos apegados,
Do apego aos ternos ninhos,
    Dignos de dó literal e dito!...
Não será o ano dos inconscientes,
Dos pensadores nem dos inteligentes,
Muito menos será ano dos desconfiados,
Ou da confiança nos mais exaltados,
Não será ano dado a obedientes,
E muito menos aos curvados,
À experiência dos oferecidos,
E aos tapetes espezinhados,
    Não será ano para esquecidos,
   Dos preguiçosos e adormecidos,
Não haverá lugar para os lembrados,
Será um ano, de lembranças muito restrito,
Não será ano do santo da casa nem do proscrito,
Nem este será dos milagrosos anos mais desejados,
   Será o ano de todos os pressentimentos revisitados,
      Dignos de dó literal e dito!...

  Ou não!…
Pode ser o ano de todos os anos,
De todos, ou apenas mais um,
A prova de todos os Humanos,
Para se redimirem dos enganos,
   Reerguendo-se na verdade comum!...
Mas nisto do homem e da Humanidade,
Por muito consensual que seja a verdade,
Pode ser mais um ano sem consenso algum,
   Continuando sem divergir da triste realidade!...

Ou então…
Juntemos a coragem ao grito,
    E lutemos pelos dignos de dó literal e dito!...
   
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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

...muito Fina

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Não bastou,
A pele coberta por um ano muito pobre,
Transparente de tão sombria que foi a cortina,
Pele de nossa sombra que muita carne rasgou,
Muito fina,
Desse ano que ninguém inveja,
Por mais perto que de outro ano se esteja,
Próximos de pensamentos em dissipar a neblina,
Dessa densidade anual da memória que não se deseja,
Muito fina!...
Vergamo-nos por algo que não nos dobre,
E regressamos à fetal posição que nos cobre,
Procurando descobrir uma proteção quase divina,
Que nos descobre,
A implorar que vos proteja,
De outro ano tão mau que não nos seja,
Igual à mesma espessa rotina,
Muito fina!...
De tão ténue foi o sobreviver,
Sem ter o que ter,
Como livrar-se dessa sina,
Assassina nova ordem de ser,
 Às ordens de um novo amanhecer,
Prometido por rastejantes poderes de rapina,
Vendedores de modernos sóis ao anoitecer,
Especiosa verve de aparente suster,
Muito fina!...
Essa linha que deu a conhecer,
Prestímanos capazes de iludir um país,
Na certeza de dizer como quem diz,
O que não diz sobre o vir a sofrer,
Às mãos da privada morfina,
Que ri da incurável cicatriz,
Muito fina!...
Mas profunda como a morte;
Se ao menos os pobres tivessem essa sorte,
De morrer,
De acreditar,
De viver,
Se ao menos se partilhasse a mesma doutrina,
De adivinhar,
Sentir-se forte,
Talvez poder imaginar,
Que os sacrifícios irão resultar,
Mas o sangue continua escorrendo do corte,
E ainda que o sentimento de perda pouco importe,
Não bastará o rigor da mecânica disciplina,
Para que a justiça se vá consumar,
Porque ainda mais forte do que se imagina,
É a voz da revolta esperada do verbo gritar,
Sublevando-se…
Muito Fina!...

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Cai o pano,
De um ano caído,
Sobre os trapos do velho ano,
  Tão triste pelo novo ano prometido,
Nua esperança entre retalhos erguido,
Nova pele à medida do mesmo engano,
De esconder a Alma no corpo despido!...



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