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quinta-feira, 8 de março de 2018

Saudade de uma Mulher

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Tão triste é esta minha vida tão vazia,
Já fora muito amarga e desconsolada,
Tão sua mulher, eu mulher me sentia,
Quando todos os santos dias me batia,
Meu marido que tanto me esmurrava,
Tantos pontapés meu homem me dava,
Ser sua mulher era tudo que eu queria,
Era a minha existência ser sua escrava,
Sentir que era só por ele que eu existia,
    E por cada murro com que me marcava!...

Agora, todas as agressões acabaram,
Foi meu homem proibido de me bater,
Muitas mulheres livres me abraçaram,
Vieram olhos limpos que me beijaram;
Meu marido já de mim não quer saber,
Tão vazia de tudo, já não sei que fazer,
Nem sequer me bate, tudo me tiraram,
    Sem maus tratos já não sei como viver!...

Saudade!... Sentir falta da dor no coração,
Sentir na alma o ódio de querer viver,
Saudade do desejo de o ver morrer,
E desse desejo forte, a razão,
    Razão que deixei de ter!...


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domingo, 1 de novembro de 2015

"Cuspo na Tua Sepultura"

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Nesta terra com que te enterrei,
Terra onde não há vida nem apreço,
É a terra que me deste e eu escavei,
É só tua a terra que da cova eu tirei,
Terra que por ser tua não mereço,
E por ser tão tua, tua terra te dei,
    Terra que eu não esqueço!...

São teus ódios, agora, de terra
Nesse coração de terra infecunda,
Onde minhas mágoas foram enterradas,
Com a terra de tuas suspeições infundadas,
    De onde nasceu minha felicidade profunda!...

Trago as cicatrizes profundas que me deixaste,
Na alma que, sem tu saberes, Deus me deu,
Trago-te a terra que para mim compraste,
Nada quero do que comigo gastaste,
Com todo o desprezo que era teu,
    Tão teu que, com o meu ficaste!...

Só não te trago paz, meu amor,
Deste céu para o inferno onde estás,
Todos os dias desenterraste a triste dor,
    Desta que todos os dias terra te trás!...
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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A Pedrinha




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Aquela pedrinha,
Ali sempre quietinha,
Nunca se queixava;
Batia-lhe, batia-lhe,
E não pestanejava,
Doía-lhe, doía-lhe,
E ali ficava!...

No regresso de cada patuscada,
Presságio e arrepio do que não pedira,
O monstro desaustinado, bêbado de ira,
Corria a Pedrinha à pedrada,
E por cada uma que lhe acertava,
Entumecia pelo ciúme que o impelira!

Depois, com o remorso, vinha a covardia,
Fugia o covarde para bem longe da Pedrinha,
Esquecia a Justiça que na pedra merecia,
Mas não a pequena Pedra mansinha!...

Num dia cinzento, quis a Pedra fugir,
Mas não tendo amigos para onde ir,
Ali ficou!...
Num Inverno em que Sol não havia,
Sentiu que a sorte mudava;
 A Pedrinha, que antes sofria,
E pelos castigos aguardava,
Agora já não aguentava,
Veio mais um que a possuía,
Mais um que seu sofrimento não via,
Se um a magoava,
O outro lhe batia!...

Apostavam ambos a Pedrinha,
Naquele cruel jogo da Vida,
Todos desejavam sua beleza de rainha,
Beleza dela sempre escondida;
Ora a perdiam,
Ora a ganhavam,
Numas vezes a agrediam,
Noutras a beijavam,
Se uns a maltratavam,
Dela, todos riam,
Outros bofetadas lhe davam!...

No fim de um Inverno,
A Pedrinha desapareceu,
Dizem por aí que morreu;
Para a Pedrinha de olhar terno,
Acabara uma vida de inferno!
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