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segunda-feira, 4 de julho de 2016

Liturgia da Sombra... às Trevas

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Testículos sem semente,
Em versículos definitivos,
Faz-se deus quem mente,
   Por uns estéreis motivos!...

Inclusos, os substantivos,
Em exclusão substancial,
Sujeitados aos adjectivos,
   Da incontinência verbal!...

As palavras emudecem,
A bíblia sacode-se do pó,
 Dos anjos que escurecem;

E as liturgias amanhecem,
Ensombram quem está só,
    Demónios que reaparecem!..
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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Sofismática do Que Viva






Vamos unir-nos em vivas!...
Vivam as aparências e os sofistas,
A vertigem do sofisma e os trapezistas,
Vivam os honestos vendidos,
Vivam os ilusionistas,
Os santos corrompidos,
Os narizes muito compridos,
E as mentiras dos jornalistas!...
Demos vivas aos ricos cavalheiros,
Vendamos vivas felizes aos optimistas,
Toca a comprar ricas vivas para os banqueiros,
E para os cheios de esperança, sempre pessimistas,
Vivam os suicídios de empréstimos despesistas;
Ora viva a realidade das árvores idealistas,
Vivam as castanhas nos pinheiros,
Os pinhões azuis dos castanheiros,
E os corais cinzentos no céu verde da ilusão,
Longa vida aos salva vidas que morrem no verão,
E vai um viva que viva para as dunas dos surfistas,
A onda sem brilho onde surfam os alquimistas,
E, ainda, o ouro tolo das minas de carvão,
Vivam os ricos sem um único tostão,
Vivam os irmãos únicos sem um único irmão,
 Vivam também as suas abortadas gêmeas irmãs,
Filhas sem mãe e nem pai das belas com senão,
O sem senão das promessas grávidas e vãs…
Emprestemos vivas à mentira e à razão,
   E devolvamos vivas de boas noites pelas manhãs...
Já e agora, porque não dar vivas,
Á vida depois da morte,
E com o azar de alguma sorte,
Ter a sorte e o azar como perspectivas,
Num jogo único sem quaisquer outras alternativas,
        Onde ganha o mais fraco por ser um manhoso mais forte?!...
Viva a eloquência mirabolante dos versos sinuosos que se fazem aos vivas da ironia em frases de expressas intenções duvidosas do seu essencial conciso,
Viva o verso preciso,
Extenso,
E de improviso,
Sem consenso,
 Defeito imenso,
Sem aviso,
Pretenso,
Indeciso,
     Intenso!...
Viva a minha cisma,
Viva a lógica impensável do teu pensamento,
Vivam as mil vidas do meu perfeito sofisma,
Vivam os reflexos difusos do meu prisma,
    Vivam os sofistas do fundamento!...







domingo, 16 de dezembro de 2012

Alienados

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Alienaram a razão de sermos,
Alma livre em expandido brio,
Insurgem-se outros alienados,
Abusando dos mesmos termos,
Sabemo-los opostos ilimitados,
Na direção de iguais atentados,
Ao encontro de estados ermos,
O estado cego de os querermos,
No próprio interesse sem o brio,
Egoísmo livre aos mais votados,
Por escolha nua oferecida ao frio,
Fria vitória do norte e global trio,
Incógnita de outros interessados,
Esses incógnitos sem o sabermos,
Imensuráveis desígnios avaliados,
Por ditadores de ignotos estados,
Em democrático estado sem brio,
Pisando patriotismos explorados,
De vampiros com tal sangue frio,
Que em espiral de total desvario,
   Alienam seus filhos já alienados!...

Todos juntos, todos iguais,
Opõem-se à oposição oposta,
Todos bem dispostos à mesma bosta,
De serem a mesma grande merda dos demais,
Promovidos à mesma trampa com que foram feitos seus pais,
Legado de gerações herdeiras da incógnita proposta,
Em enigma afiado por criminosos punhais,
Assassinos de perguntas sem resposta!...

Cada Homem arrancou um punhal,
Das costas de outro Homem apunhalado,
Todos os Homens se ergueram de seu castigo brutal,
Sangraram injustiças até aos gritos de um jornal,
  Aí arderam as palavras do poder alienado!...

Os rios espremidos vão secando,
No sopé arruinado dos montes,
Vão ruindo vértebras das pontes,
Sob parasitas que vão arruinando,
A redenção dos que vão pecando,
Pecado inocente sem horizontes,
Que fora de si se vão fechando!...

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E nesses horizontes bem fechados,
Há um horizonte que se vai aproximando,
Para alienar o sangue dos alienados!...


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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Pombas... (A Inconsciência da Fome)

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Cultivado na intenção caiu um grão de milho,
E logo alertou a fome duma pomba sorrateira,
Silenciosa caminhou ao longo da calada caleira,
Sob as telhas expostas à sombra da fome do filho,
As penas que escondiam o esfomeado empecilho,
Alimentavam os olhos de uma ocasião matreira,
Conforme revela um ladrão, incendeia o rastilho
    Caiu a pomba infiel aos pés duma fisga certeira!...

Os pombos solitários andam por aí desorientados,
Enjeitando sujas pombas brancas desempregadas,
Negras nuvens de negros abutres voam carregadas,
Trazem as sombras vorazes dos apetites insaciados,
Chuva vermelha cobre a fome de pássaros apeados,
Pombos desarmados abandonam pombas armadas,
Esquecidas das brancas penas de seus voos amados,
     Caídas em cinzas negras de velhas searas queimadas!...

Se por ocasião das colheitas preciso for,
Virão corvos brancos e pacíficos falcões,
Flores vermelhas e os cravos de outra cor,
Cortar o pio medroso de outras ocasiões,
Com dois afiados gumes das expressões,
    Sulcadas na cegueira da fome com fervor!...

Deixaram-se esguiar as asas da liberdade,
Sucumbiram as pombas proibidas de voar,
É tão diferente o céu no inferno da realidade,
Reais diferenças entre a diferente igualdade,
   De ver livres pombas deixarem-se arrastar!...

E é nos ninhos abandonados de filhos sem nome,
Que leio cortes nas asas daqueles que não sabem amar,
Apenas porque lá no alto voam os que não ensinam a lutar,
    E toda a coragem das penas foi caindo na inconsciência da fome!...
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