domingo, 25 de março de 2018

A Poda

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O esperar a natureza cuidar,
Pode ser o excerto da moda,
Já ninguém aprende a podar,
     Se não pode é vítima da poda!...

Dizem que podar, podemos,
Poder, até podemos poder,
Podam o que nós comemos,
   Podam-nos até nos comer!...

Tivessem as podas conseguido,
Podar um coração abandonado,
E todas as podas teriam podido;

E lá vai sendo o corpo podado,
Podado como nunca havia sido,
    Só depois do coração quebrado!...
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quinta-feira, 8 de março de 2018

Saudade de uma Mulher

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Tão triste é esta minha vida tão vazia,
Já fora muito amarga e desconsolada,
Tão sua mulher, eu mulher me sentia,
Quando todos os santos dias me batia,
Meu marido que tanto me esmurrava,
Tantos pontapés meu homem me dava,
Ser sua mulher era tudo que eu queria,
Era a minha existência ser sua escrava,
Sentir que era só por ele que eu existia,
    E por cada murro com que me marcava!...

Agora, todas as agressões acabaram,
Foi meu homem proibido de me bater,
Muitas mulheres livres me abraçaram,
Vieram olhos limpos que me beijaram;
Meu marido já de mim não quer saber,
Tão vazia de tudo, já não sei que fazer,
Nem sequer me bate, tudo me tiraram,
    Sem maus tratos já não sei como viver!...

Saudade!... Sentir falta da dor no coração,
Sentir na alma o ódio de querer viver,
Saudade do desejo de o ver morrer,
E desse desejo forte, a razão,
    Razão que deixei de ter!...


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sábado, 3 de março de 2018

Lágrimas de Salgueiro ( e a Mimosa)

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Minhas lágrimas sobre mimosas,
Mimosas que nesse dia sorriram,
Sob minhas lágrimas sucumbiram,
Lágrimas envolventes, silenciosas,
Fugidas de meus olhos, perigosas,
O delicado amarelo delas cobriram,
Pelas lágrimas envolvidas, curiosas,
    Mais lágrimas sobre elas sentiram!...

Veio o frio triste e elas congelaram,
Congelaram suas lágrimas primeiro,
Tão verdes as mimosas de Fevereiro,
Tantas mimosas lágrimas dobraram,
Muitas, de tanta tristeza quebraram,
Outras floriram do amor verdadeiro;
À beira do rio, um solitário salgueiro,
A quem até o frio do amor roubaram,
     Sorria ao, da mimosa, sentir o cheiro!...

São frágeis as mimosas deste mundo,
Que ao frio do mundo sobreviveram,
Mimosas floriram do medo profundo,
Lágrimas se perderam num segundo,
    Durante séculos, lágrimas morreram!...

Beijam minhas lágrimas tua frágil cor,
Refloresces sem queixumes nem apelo,
Cobriram-te minhas lágrimas de calor,
  Minhas lágrimas que já foram de gelo,
     Sou velho salgueiro solitário de amor!...


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