terça-feira, 25 de abril de 2017

Era uma Vez um Sonho de Abril

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Era uma vez um sonho,
Que conheceu a Liberdade,
Acabaram com algo medonho,
    Começaram suas vidas de felicidade!...

Era uma vez um lindo vermelho cravo,
Que conheceu os filhos da revolução,
Não pagaram por ele um centavo,
     Andou nas lapelas da ilusão!...

Dizem por aí que foi uma vez,
Que o dia 25 conheceu esse dia febril,
 Ainda hoje lembram a festa que se fez;

Choveram cravos de promessas mil,
Murcharam depressa os cravos desse mês,
    Era uma vez um lindo sonho de Abril!...
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quinta-feira, 20 de abril de 2017

Tristes Trovas do Mundo Triste


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Que triste mundo este,
Da morte se faz festa,
Ainda mal nasceste,
E já nada te resta!...

Que triste vida esta,
No mundo se faz a morte,
Ninguém se manifesta,
Neste mundo sem sorte!...

Tristeza muito forte,
Toda esta tristeza,
Mundo sem fé nem norte,
Bem longe da beleza!..

Tão triste a crueza,
Deste mundo vazio,
Cheio de riqueza,
Em triste desvario!...

Água cega no rio,
Triste por ter de fugir,
Foge do coração frio,
    Sem olhos para sorrir!...

É tão triste não sentir,
A tristeza sentida,
Viver e não conseguir,
   Ver a vida perdida!...

De tudo esquecida,
Triste por em nada crer,
Esperança vencida,
Por esperança não ter!...

Só Deus nos pode valer,
Valha-nos o Seu amor,
Até Deus vemos morrer,
   Rezamos à nossa dor!...

Tão triste este horror,
Por onde caminhamos,
Caminho do Criador,
    Esse que renegamos!...

Nossas vidas amamos,
Com toda a nossa vida,
Vida que desprezamos,
     Neste mundo, perdida!...

A vida prometida,
Promessas de fartura,
Farta a fome de vida,
    Farta de amargura!...

A natureza pura,
Natureza perfeita,
Sua memória futura,
     Que o homem rejeita!...

A mentira enfeita,
A beleza sofrida,
A tristeza se deita,
     Na noite mal dormida!...

Triste esta ferida,
Tão aberta do nada,
 Sangra na despedida,
     Por tristeza criada!...

Triste e fustigada,
Pela humanidade,
Triste e indignada,
     Por triste maldade!...

Feito de saudade,
Chora o coração,
Vem a ansiedade,
     E toda a emoção!...

É rezada a oração,
É Deus a esperança,
Amor, conforto e pão,
   Caridade e bonança!...

Mas, se nem Deus resiste,
Á tristeza do mundo,
Também Deus está triste,
    P’lo amor infecundo!...

Entristecer profundo,
Tristeza de sentir dó,
Tão triste o Ser imundo,
     Reduzido ao triste pó!...

É tão triste ser triste,
Tão triste por nada ser,
Sentir que não resiste,
   Á certeza de morrer!...

É o medo de sofrer,
Triste efeito dominó,
Nasce o neto sem avó,
     Morrem filhos sem querer!...

Chega o anoitecer,
Chega o pesadelo,
Triste dia o de saber,
    Da morte sem apelo!...
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sábado, 15 de abril de 2017

Serpentes de Pedra ( Muralhas da Oração)

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A dor cresce no caminho rasgado pelos insolentes,
Pedras lascadas fustigam o coração, infernalmente,
Por cada passo, as pedras afiam-se como navalhas,
Passos de pedra perseguem os passos do inocente,
Preparam-se as mortalhas,
Preparam-se as medalhas,
Embrulham corpos com o sangue frio da serpente,
Serpenteia o louvado mérito do carrasco, meigamente,
Preparam-se as fornalhas,
O corpo arde lentamente,
Preparam-se as batalhas,
Arde o ódio, docemente,
No inferno das muralhas,
    Construídas vorazmente!...

Cobre-me o silêncio de mais um dia,
Em silêncio pergunto ás lágrimas que vão caindo,
Se é calor meigo que do meu coração vai saindo,
Ou se cada lágrima que do meu coração saía,
Era mais uma pedra lascada que dele caía,
   No vale de lágrimas que foi construindo!...

Serpentes de pedra mordem de mansinho,
Suavemente, envolvem o meigo coração,
Prostram os fiéis aos pés da oração,
 Que rezam às pedras do caminho,
O sofrimento da ilusão!...
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quarta-feira, 12 de abril de 2017

Em nome d'Ele (Propósito do Senso Católico)

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O católico é um ser vingativo, por sua natureza,
Seu corpo, mesmo humilde, veste-se de riqueza,
Pelo seu deus, até por Deus, a Deus renuncia,
Esconde-se da Alma de Deus e da beleza,
E, desalmando-se de Deus, anuncia,
Mais um santo eleito com alegria,
  Santo que morreu de tristeza!...

Sinto crescer a descrença,
Não acredito no que me tornei,
Já nada sei sobre o que Deus pensa,
Sinto-me pecador como nunca e uma ofensa,
Ofendi os pecadores e por mim pequei…
Por mim, nunca a Deus me entreguei,
Mas, sempre em mim O senti,
Como imagem que nunca vi,
A mesma imagem a que sempre me dei,
      Imagem de esperança que d’Ele tenho de Si!...

Rogo-te que me apazigues, meu Deus,
Porque a nobre Igreja erguida em teu nome,
Enganando inocentes almas, os filhos Teus,
E, adoptando-os como sendo filhos seus,
    Alimenta-se, sôfrega, de sua fome!...
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