quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Nuvens e o Vento


.
.
.


Teu olhar cansado, baixado e triste,
Vai alegrar-se quando vir a alegria passar,
Talvez a alegria passe pela tristeza que sentiste,
Teus olhos arrependidos pela alegria que não pediste,
Entristecem-se perto daquela alegria que não pode ficar;
Olha que ao longe, há olhos que te olham e te fazem sonhar,
Revêem-te em seus olhos a tua esperança que não desiste,
E descem ao sítio onde tuas lágrimas adormecem!...
Eleva-te até ao cume da montanha e leva teu olhar,
Salga as tuas doces lágrimas e nelas faz-te ao mar,
Segue as nuvens velozes que não se entristecem,
São loucas pelo vento, mas nunca enlouquecem,
E antes que o vento as leve sem nunca as amar,
Pede à nuvem mais baixa que te ensine a voar,
   Sente como as nuvens, do vento se esquecem!...
  
.
.
.




5 comentários:

  1. Há sempre solidão na luta... mas encontro na glória...
    Poema muito bom e imagem belíssima...

    beijinho amigo

    ResponderEliminar
  2. Longe, bem longe de ser uma literatura de autoajuda, o Poema “Nuvens e o Vento” vislumbra uma possibilidade que nem é voar, nem navegar, mas aprender a viver em pleno vento, sem medo dos espelhos, ou dos reflexos, e a exercer com resignação a vida em harmonia com a paisagem que a vida nos oferece em todas as suas manifestações.

    Assim, a céu aberto, com origem no mar, no ar e na luz que vence a sombra e a escuridão, e brilha, navega a Poesia, mar a mar, ar a ar, como agente transformador da realidade, a favor dos anônimos solitários e dos desesperançados, ancorada na sensibilidade e na criação artística. E, nessa moldura sensível do poema reconheço meu caminho, admito minhas fragilidades e me descubro protagonista de uma história que também poderia ser a minha, não pela inabilidade de administrar problemas e soluções, mas por ignorar a leveza do vento que transporta as nuvens e, nem por isso, se sentem em dívida com ele; de confundir fé com esperança; de subestimar a alegria e superestimar a tristeza. E tudo isso só porque, só!

    É preciso ampliar a linha do horizonte [“Eleva-te até ao cume da montanha e leva teu olhar,”], não importa a distância entre o sonho e a realidade, ou entre as asas e as palavras, a paisagem existe, e a Poesia d’Alma também, habitat. Não somos apenas parte integrante dessa ou daquela paisagem, mas herdeiros dessa imagem, ou daquela, que escolhemos visualizar enquanto mensagem ou mensageira, e enquanto beleza Poética de liberdade de escolha.


    Boa tarde, António Pina.



    À Poesia que me tira do chão e que me dá asas, e que até me atira ao chão sem aviso prévio, mas que, igualmente, é âncora, obrigada.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A. Bom Ano Novo!
      Trata bem T.A., sempre tiro partido da Poesia e do Comentário TA!
      A_braços!!

      Eliminar
  3. Gostei muito desta leveza.

    Ótima semana.
    Abraço

    Sónia

    ResponderEliminar
  4. Não gosto de nuvens
    nem de fronteiras
    prefiro a luz dos relâmpagos

    Abraço

    ResponderEliminar