quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Pressentimentos Revisitados (Literal e dito)


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Este não vai ser o ano dos indiferentes,
Não será o ano dos papas ou dos presidentes,
Não é ano para os pobres coitados,
Para lamúrias dos indigentes,
Nem para os coitadinhos,
Dignos do dó literal e dito!...
Os velhos não ficarão sozinhos,
Filhos não serão abandonados,
Não é um ano para maus vizinhos,
Nem para os fígados de maus vinhos,
Para jovens emigrantes angustiados,
Ou para as saudades dos apegados,
Do apego aos ternos ninhos,
    Dignos de dó literal e dito!...
Não será o ano dos inconscientes,
Dos pensadores nem dos inteligentes,
Muito menos será ano dos desconfiados,
Ou da confiança nos mais exaltados,
Não será ano dado a obedientes,
E muito menos aos curvados,
À experiência dos oferecidos,
E aos tapetes espezinhados,
    Não será ano para esquecidos,
   Dos preguiçosos e adormecidos,
Não haverá lugar para os lembrados,
Será um ano, de lembranças muito restrito,
Não será ano do santo da casa nem do proscrito,
Nem este será dos milagrosos anos mais desejados,
   Será o ano de todos os pressentimentos revisitados,
      Dignos de dó literal e dito!...

  Ou não!…
Pode ser o ano de todos os anos,
De todos, ou apenas mais um,
A prova de todos os Humanos,
Para se redimirem dos enganos,
   Reerguendo-se na verdade comum!...
Mas nisto do homem e da Humanidade,
Por muito consensual que seja a verdade,
Pode ser mais um ano sem consenso algum,
   Continuando sem divergir da triste realidade!...

Ou então…
Juntemos a coragem ao grito,
    E lutemos pelos dignos de dó literal e dito!...
   
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1 comentário:

  1. Nem previsão, nem pré-visão, experiência e visão poética. “Pressentimentos Revisitados (Literal e dito)” resgata a memória no presente, e, aos poucos, escreve o futuro baseado no passado. Um Poema que envolve a passagem do ano como local de limite entre o velho e novo, o conhecido e o desconhecido, ou a realidade e o prometido, a renovação dos sonhos, a esperança, a identidade de um povo, e a história, cúmplice do diálogo entre todas as épocas, é testemunha histórica das memórias.

    Revisitar os fatos traumáticos não é um caminho fácil a ser percorrido, entretanto, com propriedade sensitiva e com criatividade, e, tornando-se imprescindível criar atalhos, preencher espaços vazios e estreitar fronteiras que levam e trazem pedaços de memórias, à construção do futuro, a poesia pode ser considerada como meio que acesso a esse trajeto, assim como o fez d’Alma com seu Poema.

    E, nesse futuro chamado ‘esperança’, a Poesia convida à luta, e nada, nada como um ano novo, novinho em folha, para se recuperar o entusiasmo e a voz.


    Feliz António Pina, Portugal!

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