quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Copo da Porta

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Ao último copo bebido perto da porta,
O vinho transbordava da cheia vontade,
Por tanto que antes de tanto fora bebido,
-Antes do último, portanto,
 Do último, a incerteza, contudo-
E outro tanto,
Foram-se os cálculos de ar sisudo,
Veio o riso livre e o desabafo com tudo,
E toda a zombaria ao silêncio com alarido;
Agora, zoina, ora hirto um dedo antes mudo,
Escondido na mão entre dedos sóbrios contido,
Ora agora que a verdade é o que muito importa,
Para dentro bem cheio de quase ter conseguido,
Adormece sem força e sem copo, a boca já torta,
     E lá se enrola a língua dentro do copo da porta!...

Num dia desses haveria de beber todos os dias,
Não restaria um só dia com entradas medrosas,
Chegaria o dia em que beberia as covardias,
Das portas malditas patentes às ironias,
    Sarcasmos de saídas corajosas!...

Ainda estão as portas abertas para os que entram,
Abertas ao último copo de quem bebe mais algum,
 São loucos os últimos copos que a saída enfrentam,
   Sem o tino que lhes diga se o último copo aguentam,
       Bebem tudo que podem e à saída arreiam mais um!...

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4 comentários:

  1. Meu amigo

    Infelizmente a bebida solta as palavras que sem ela não teriam coragem de falar...e não é a bebida a culpada, apenas faz soltar aquilo que têm dentro.
    Quero agradecer a visita e o comentário que como sempre é uma leitura da minha alma.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  2. Pontuado por um universo de extremos, o vinho, cristalizado por sua transparência, contém propriedades tanto benéficas, se usado com moderação, quanto maléficas, sem moderação. Para tanto, o alcoolismo, de caráter progressivo, ao mesmo tempo em que é uma patologia incurável, e muitas vezes, fatal, é inegável seu poder de sedução, poder e afirmação pessoal.

    “Copo da Porta” sugere o traçado do itinerário para quem a alegria, a coragem e a sinceridade são estimuladas pelo uso indiscriminado da bebida alcoólica, e estabelece a união entre a realidade e a Arte que nunca escapa à poesia d’Alma.

    A “porta”, não como fuga, mas como encontro, meio de passagem, movimento para dentro, aquilo que incluiu, ou insere, e, entretanto, por sua condição de embriaguez, a travessia não deixa de ser uma ironia. Pela liberdade que se conquista através da ilusão.

    Um brinde então, não à bebida que liberta ou abre portas, mas à poesia que faz a Arte. Da libertação.


    Bom fim de semana.

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  3. Vinícius disse que o melhor amigo do homem
    era o whisky

    e consta que foi feliz
    fora da diplomacia

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    1. Vinícius... do "rosto" para d'Alma!!!!!!!!!!!!!!!... E a diplomacia cruzada!!!!!...

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