terça-feira, 28 de maio de 2013

Eu Flutuo

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Eu flutuo!...
 Enquanto os outros caminham e me vêm caminhar a uma distância inexistente do chão que pisam, eu flutuo um pouco, muito pouco, acima do chão que os pisa!... Eu flutuo, sem peso, sem forma… talvez seja a forma de um peso excessivo que se forma, não por ele mesmo, não pelo que pesa na sua própria consciência, mas…
É um peso esmagador,
Ocupante,
Invasor,
Perturbante...
Demasiado petulante,
De um pobre sonhador,
Deitado ao desamor,
    Hehehehe… Galante!...
Eu flutuo!... Serpenteio entre as escamas esquecidas nas camas perdidas, das companhias ou do companheiro… entre o valor perdido do dinheiro… e da raiva que morde os que perderam algo, sem saberem que, ao perderem-se, foi tudo que perderam. Procuram-se entre as pessoas que não flutuam, entre as pernas daqueles que caminham entre eles, imóveis… entre o interior das coxas onde o sexo repousa, dorme e… dorme. É tanto o sono que não sabe se dorme. É tanto, o interior que morre!...
Não morre por morrer,
Vai morrendo sufocado,
Pesado,
Morre por não foder…
Envelhece por envelhecer,
Cansado,
   Sem prazer!...
E, pelos outros, eu quase amuo!...
E é pelos outros que, no caminho deles, eu flutuo!...
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1 comentário:

  1. Sem nenhuma preocupação em economizar palavras em seu processo criativo, é de se desconfiar das palavras solitárias, na construção de versos tão curtos, sem acréscimo significativo algum. Mas, de acordo com o contexto no qual eles estão inseridos, a intenção velada que dá ênfase à solidão, é de razoável conclusão: a fusão da prosa e do poema realça a ideia de que a poesia não sobrevive sem companhia.

    E, sem desprezar minha leitura baseada nos diversos sinais que me alertam ao perigo, contesto a temática difusa que compõe “Eu Flutuo”, e numa espécie de aposta, ou movimento, talvez, invisto num único tema: na leveza proveniente da integração do mundo real com a fantasia.

    Dessa leveza vale destacar o período confessional em que o poema é criado, e da integração entre os dois mundos, apesar de na união ser apenas um, a inclusão dos gêneros não deixa margem para dúvidas, e a conexão é imediata: o que é ele, é ela. Ou o que é dele, também pode ser dela.

    Brincando com as palavras, e com os versos, d’Alma, com sua sensibilidade dirigida, ou controlada, critica, quase que cruelmente, a opção ou a condição, alheia à escolha. À nossa escolha. E ri! Como se promovendo a crítica, além do escárnio, também negasse o predomínio da razão sobre a produtividade da emoção de alguns sentidos. Ou sensações.

    Natural. Indiferente, a prosa justifica. Mas é a poesia quem releva. Tudo pelas asas, e pelo voar. Imaginário ou real, porém, sempre fértil.

    E outra vez me encontro numa espécie de encruzilhada. Ainda assim, arrisco o comentário, afinal, ler, às vezes, pode ser um castigo maior que comentar, ou sentir a poesia que mora dentro. Do outro. Naquela alma, naquele corpo, e também nas asas.


    E, neste caso, só me resta desejar... Bom voo, d’Alma!

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