domingo, 1 de abril de 2012

Mentira...

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Dentro do teu vislumbre que te mira,
Desmaia uma fraca verdade enganada,
Iludida pelos olhos oscilantes da mentira,
Indecisos entre aquele teu olhar que ruíra,
   E o amplo horizonte de tua vista arruinada!...

Teus olhos cansados vão continuar a mentir,
Aos olhos teus tão cheios de um olhar insano,
A verdade que te mente não é causa de dano,
Nem teus olhos que te olham vão saber fingir,
Que não vêm a tua verdade que estás a omitir,
   Mentirosos olhares de tua cegueira e engano!...

A verdade é que por muito que não tentes,
O espelho que te mostra o avesso da verdade,
Ilumina-te com os reflexos de tua cega vaidade,
    Reflectida na mentira do engano que desmentes!...

Julgo, sem falsa ironia,
Não enganar-te nem estar enganado,
    Ao dizer que talvez seja este o teu dia!...



  Parabéns!...
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3 comentários:

  1. A imagem. As imagens. Quem somos. Quem gostaríamos de ser. Como os outros nos veem. Como os outros nos imaginam. Como os outros gostariam que fossemos.
    A imagem. As imagens. Quem somos? Quem gostaríamos de ser? Comos os outros nos veem? Como os outros nos imaginam?
    A imagem. As imagens. Refletidas nos espelhos. Nos espelhos da vida. Nos espelhos dos dias. Nos espelhos dos relacionamentos. Nos espelhos da consciência. (para os que tem).
    A imagem. As imagens. Reais. Fantasiadas. Idealizadas. Deturpadas. Deformadas. Projetadas. Sublimadas.
    A imagem. As imagens. Verdades ou mentiras?

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  2. Nestas páginas já li muito dedo apertado à ferida que em vez de conter a hemorragia, mais dor e sangue dela surgiam, mas nada se compara à leitura de “Mentira...”. Não pelo sofrimento, que esse, acomodando-o à minha medida e adequando-o à admiração pela poesia d’Alma, resulta sempre em aprendizagem, mas porque faz da verdade um princípio ameaçador e da mentira um fim exterminador.

    O que pode parece ser fácil falar assim, ou depreender assim, torna-se extremamente desconcertante pela sublime ironia dos contrários que o poema trabalha. Verso e reverso de uma poesia que, sem revelar-se como fraude, ou propaganda enganosa, torna real, ou visível, uma cópia fiel à original marcada pelo desafeto entre a realidade e a aparência de uma imagem refletida [“A verdade que te mente não é causa de dano,”]. Miragem!

    E nunca a mentira fora contada de maneira tão serena, e deliberadamente verdadeira. A arte do engano não consiste em escrever certo por linhas tortas. Isto é outra coisa! Ela consiste, porque é d’Alma, em refletir a imagem real de uma verdade que deixa de ser mentira, ou uma aparente mentira, para se tornar realidade. Sem engano, afinal, a imagem real e a refletida pertencem ao mesmo corpo.

    Também a poética que a de seu dono, ou Poeta, não foge à regra. Nem a moral. Ética e virtude.


    Boa semana.

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  3. É a mentira, a não-verdade, a imagem que queremos ver...sem ser...


    Muito há neste poema...muito há nesta"Alma"!

    Tinha saudades tuas....
    BShell

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