sexta-feira, 16 de março de 2012

Insegura...

Vê-se-lhe a criança semeada pela Vida,
Dizem que é Bem-se-quer ou Margarida,
Num belo jardim descoberto pela felicidade,
Há flores a dizer que é um rebento sem idade,
Flor exalando a terra fresca de roseira florida,
Sem espinhos sente-se flor de beleza ferida,
  Desenfeitada por aquela agreste lealdade...
Sentia-se-lhe o perfume da filha perdida,
De uma sensível pétala agradecida,
E de outras pétalas tão suas que a faziam flor,
lábios entregues ao desvelo de seu amor...
Renascia por cada pétala renascida,
Reagindo com ansiedade,
Ao beijo de sua vontade,
E de um certo renascer sonhador,
Que não a fizesse flor vencida,
Com a sensação da necessidade,
De ser flor protegida,
  Pelos espinhos da saudade...
Abraça-se-lhe seu primaveril olor,
Perfume de Inverno em despedida,
Do velho espinho protector,
Escol delicado de ser ela,
Delicadeza sempre bela,
   Em sua e sempre dor!...
 .
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1 comentário:

  1. Assim que terminei de ler “Insegura...” a primeira coisa que me ocorreu foi questionar ‘de que terra é fecunda aos poemas d’Alma?’. Não demorei muito para responder que ‘é do talento de saber esperar pelo momento certo para transformar o poema em poesia’. Mas errei por um detalhe, esqueci-me de referir que ‘pelo olhar atento e especial de um homem sensível e receptivo ao seu meio’, e isso era tão abrangente que não cabia comentar. Ou não cabia somente ao poema em foco.

    Esse erro, como todos os erros que cometo, e sejam eles debitados ou não, levou-me a pensar na minha ligação com seus poemas e que dispensam qualquer explicação. Páginas de todo o meu respeito, já fiz delas palco e cenário de muitas paisagens. Já nos odiamos e nos amamos, já sorrimos e também choramos. E fato, já aprendi mais com elas do que muitas outras tentaram me ensinar.

    Concluir que d’Alma é um livro cuja leitura me remete à minha própria leitura, é fácil.

    Jardim da vez à imaginação fértil, o poema cresce independente de uma dimensão territorial, do clima ou do solo, e simplesmente pela magia de um cuidado chamado POESIA. Na sutileza e na harmonia que cobre versos correlacionando-os ao sofrimento e à importância de se conservar a serenidade, e de preferência, sem sangrar e sem provocar dor.

    Difícil é ler toda essa legitimidade que origina seus poemas e não me deixar ser levada pela sensação de paz que me envolve, mesmo que em algum momento ela se apresente em forma de algum desconforto ou controversa à minha própria realidade. Tal qual seu poema. Tal qual minha leitura. Tal qual meu papel, nesse palco, ou nessa página.

    E assim, agradecida pelo talento da poesia que é d’alma e com a segurança de que aqui a poesia vinga, passeio entre seus jardins, ou folheio as páginas desse livro.


    ¬
    Bom fim de semana.

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