sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Veredito:Velho

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Ergueram-se fronteiras à última caminhada,
Do percurso em que toda a felicidade partilhou,
Sua juventude,
Plena de saúde,
Foi por todo o consumo estimada,
Ao cair nos braços do abismo que restou,
Lembrou-se de todos os filhos que criou,
Algures entre a fímbia que a abraçava,
À beira das trevas da memória futura,
E o infinito da profunda amargura,
Que lhe beijava a face enrugada;
Pareceu-lhe ver um Amor que nunca a beijou,
Desejou tanto ser abraçada,
Por mais um pouco da vida que fora desperdiçada,
Mas apenas o abismo a abraçou!...
Os anjos dizem que procurou
Um rosto algures no fim do fundo,
Dizem que por momentos o encontrou,
Ao sentir nas costas a mão que a empurrou,
Para o passo em frente onde começava o fim do mundo!...

Soltam-se ecos silenciosos no abismo,
O paradigma da meia idade reza em silêncio,
Pelo renascimento do velho Humanismo!...

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1 comentário:

  1. Está muito bonito, cheio de sentimento e interrogações com resposta previsível.
    Parece o "canto do cisne" de alguém moribundo que reparou tarde demais no mais trivial que a vida nos dá, mas que, no fim do caminho, essas coisas simples, são sem dúvida as que mais amamos e que mais lamentamos perder.

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