quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Estrela e o Pentágono


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Três segmentos de três rectas,
Urdiram um polígono perfeito,
Foram estabelecidas as metas,
Cumpridas por ordens diretas,
Diretas aos corações no peito,
Das Nações parasitadas a eito,
Pelas novas democracias afectas,
Às ordens cumpridas a preceito,
Por “lobys” de seitas secretas!...

O segundo polígono revelou-se implacável,
Sobrepondo-se ao primeiro triângulo alterável,
Dispondo exteriores vértices unidos em hexágono,
Blindaram o coração do mais diabólico pentágono,
    Projecto da histórica besta para ser impenetrável!...

Não foi difícil a Karl Marx imortalisar seu vaticínio,
Produto sem valor de uma imaginação fantástica,
Para os candidatos ao império era teoria plástica,
Os silenciosos segmentos traçados no raciocínio,
Surgiriam das mentes sombria... subtis,
Estranhos poderes de ideologias novas... Nazis,
A saúde decadente é vítima em massa de assassínio,
Segmentos rígidos de origem elástica,
Seis rectas divinas e iguais seis das mais vis,
Unidas pela ambivalência da histórica ideia eclesiástica,
     Abriu-se a estrela fechada à vantajosa cruz suástica!...

Há um novo abate humanitário em construção,
Que aperta o cerco aos consumidores doentes,
No estômago da cerca há uma terminal infecção,
Inseminações capitalistas,
De Sociais Nacionalistas sem nação;
São eliminadas as fraquezas de raças diferentes,
Pelos filhos inventados em histórias provenientes,
Da Nova Ordem em proliferação,
Capitalismo de germes convenientes,
Semeados por campos de concentração!...
   
É certo o sacrifício oferecido à Humanidade,
Despedaçando o ferido coração da verdade,
A sequela do Holocausto reinventa a história,
A raça pura escreve para apagar da memória,
O sangue de irmãos sacrificados sem piedade,
Pelos seus irmãos sedentos da divina victória,
   Congénito Fratricídio de ancestral maldade!...

Assim chegamos ao poder dos impérios,
À reivenção do Holocausto e seus mistérios,
Dos seis segmentos e outros tantos triângulos,
Herméticos de qualquer que sejam os ângulos,
Seis polígonos de três vértices e três lados,
Perfeitamente combinados,
No segredo dos equiângulos,
Com a cruz de pontos quebrados,
Entre os mais desumanos critérios,
Protegidos por corruptíveis magistérios,
Segmentos desses monstros imaculados,
Que vão enterrando nos nacionais cemitérios,
    A esperança dos humanos desumanizados!...

No plano global foi traçada uma nova diretriz,
 Enquanto os cucos do império pôem ovos em Paris,
Falcões de guerra chocam a ordem em ninho alheio,
Na América do velho sonho prometido esgotou-se o veio,
Há muito que as garras imperiosas rasgaram veios da Flor-de-lis,
Entretempos foram chocando intrigas de morte pelo meio,
Manipulando o traço do destino traçado de mais um país,
   Que tem a identidade a perder-se bem no seu seio!...

Adeus Síria, adeus velho Irão,
Olá assassina globalização,
Crimes vergonhosos de encantos mil,
Olá rico Brasil,
Estás na lista da destruição,
Os cucos sedentos já cavaram seu covil,
     Nos recursos naturais do teu coração!...
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1 comentário:

  1. As imagens de horror e violência que se constroem com o poema “A Estrela e o Pentágono”, expõem um aspecto tão violento quanto delicado sobre temas que marcaram o destino da humanidade. O que há horror está estampado em vermelho nos versos e no wallpaper, líquido [vermelho] ou coagulado [azul]. A poesia que sangra é também histórica. Refletindo uma época e uma crise coletiva, e subsidiando uma reflexão sobre o passado, ela representa não só o conflito entre a informação e o conhecimento, mas uma excelente oportunidade de avaliar como guerras, extermínio de populações civis, diferenças étnicas, políticas e religiosas se formaram e influenciam até os dias de hoje a sociedade, contribuindo, assim, com uma perspectiva de construir um mundo bem melhor. Uma visão holística e polissêmica, sem dúvida, mas que não deve ser interpretada como pessimista. Ou não seria essa função da poesia d’Alma em nossas vidas. Nem seu objetivo.

    Apesar de não ter contato algum no meu dia-a-dia com fórmulas de área e volumes, sentir e compreender a poesia que usa figuras geométricas para retratar a realidade que, embora se apresente sobre diversos ângulos, ou faces, irregulares e opositivas, sempre atenta às tragédias humanas e às diferenças sociais, é reconhecer que a poesia além de toda a particularidade da criatividade e da sensibilidade, também pode, e deve, ter um caráter humanista, e delicada, admitir que, por detrás de toda a austeridade, há um coração que pulsa, vibra e vive todas as dores do mundo como suas.

    De todas as fórmulas, de certeza, essa é a mais linda de todas. Ou, o poema.


    ¬

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