quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Azul


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Para lá de todo o céu azul do olhar,
Na imensidão azul onde se coloria a loucura,
Perdiam-se sonhos imensos em azul d’Amar,
Azul em despedida reflectido nos azuis do ar,
Vistos partir no coração azul de uma aventura,
Veleiro azulado que um desejo azul procura,
     Azul que antes do adeus vê seu azul voltar!...

Vai-se desvanecendo o azul no fim do dia,
Olhos guardam imensos azuis enternecidos,
Uma lágrima azul voa sobre azuis da maresia,
Beija o distante horizonte azul com nostalgia,
E sente suaves azuis de sentires indefinidos,
Tornarem-se a brisa de sua azul companhia,
   Até amanhecerem seus azuis agradecidos!...

No alto das falésias azuis e no azul dos cais,
Olhos de todas as cores esperam o azul eleito,
Com a azul Esperança de quem espera demais,
Azul que não basta ao azul que se cansa jamais,
Contemplação que tonaliza de azuis o conceito,
Dos seus azuis afectos matizados de azuis sinais,
    Que do outro lado contemplam o azul perfeito!...

Há azuis assim,
Azuis que palpitam no peito,
    Numa azul admiração sem fim!...
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2 comentários:

  1. Extasiada nos tantos azuis teus,
    achei que nem conseguiria de tanto que gosto,

    mas teu poema deixou-me aqui gostando ainda mais
    muito mais do azul!

    Adoro ficar olhando o céu desvanecido de final de tarde a virar sépia...

    Abraço!

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  2. Distante o bastante de um lugar chamado longe, “Azul” revela-se como um novo mar. Contemplando a paisagem, saio de minha superfície e submerjo na aventura que a poesia me proporciona para emergir no mundo que a poesia d’Alma se encontra: para além dos nossos problemas, das nossas dificuldades e dos nossos horizontes, tão restritos ao nosso próprio ângulo geográfico.

    O espaço marítimo reserva ao poema a serenidade como meio natural de liberdade e beleza [céu, ar, mar e barco]. Mas é na esperança, na natureza que reflete a passagem do tempo, o destaque à temática. Se em terra firme a esperança se mantém por uma força inerente e renovadora da própria natureza de cada ser humano, na poesia ela é azul: na adiada despedida que acolhe e recolhe todo o nascer e o renascer de um novo dia.

    De repente me ocorre de dizer, nesse meu comentário que atravessa não um mar, mas um oceano, que também o horizonte é um caminho, e talvez o melhor deles. Porque antes de ser um esforço mecânico, a vontade de caminhar, ou navegar, é do olhar. Se a admiração é azul, ou não, não sei. Sei do peito e da multiplicidade de cores como a própria vida, que dá asas à poesia que voa sem origem e sem destino, e que depois de certo tempo acaba fazendo parte da paisagem não como elemento de figuração, mas como um lugar que a gente escolhe para descansar e refletir. Na esperança de navegar junto, ainda que distante.

    Há poemas assim. E tudo isso sem sair do lugar. Do meu lugar.


    ¬

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