segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Estatueta


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Juntaram-se vestidos a rigor,
Para receberem o que cada um merecia,
A farsa esvoaçava com a leveza da borboleta,
Realidades pagavam fictícios direitos de autor,
Efeitos visuais são pagos com irreal louvor,
E para o cúmulo maquilhado de ironia,
O prémio é atribuído pela hipocrisia,
Argumento resgatado da gaveta,
Histórias fascinantes sobre o planeta,
E das fronteiras hipócritas caídas por Amor,
Aos pés das divas que representam com alegria,
As mágicas máscaras personificadas por falsa dor,
Morrendo de prazer no orgasmo de mais uma orgia,
Embalada pelas melosas notas de uma velha cançoneta,
Vencedora anunciada sem que precisasse de se impor,
Para conquistar a distinção da dourada estatueta!...

Juntaram-se todas as partes da verdade,
Para consagrar a celebração da hipocrisia,
Choram as lágrimas que riem da realidade,
Sejam elas de profunda tristeza ou alegria,
Até o antigo preto e branco tem a ousadia,
De competir com pés de suposta igualdade,
    Contra as mesmas cores vivas da maioria!!!...

Juntaram-se os donos da guerra e do dinheiro,
À volta de um rentável fingimento tão cobiçado,
Promotor Óscar para o grande sonho dourado,
 As histórias do sacrifício de um meigo cordeiro,
Desempenhado por curtida pele de lobo inteiro,
Que tanto tem deixado o público impressionado,
   Alvo atingido pelo objectivo texto do roteiro!...

Escondido da escuridão do cinema,
Protejo-me da obscura luz da televisão,
Leio as críticas de minha clara conclusão,
Concluindo censuras do mesmo esquema,
Que vai continuando a fazer valer a pena,
    A crescente revolta humana da desilusão!...

Há um eterno filme inacabado,
De crua verdade que nua encerra,
Festivais sobre o destino da Terra,
E de quem é um pobre segregado,
Por quem sempre foi escorraçado,
   Os intérpretes senhores da guerra!...

É sobre a cor viva do sangue que escorre,
Que a mentira de uma passadeira vermelho vivo,
É breve passagem de sangue para o brilho decisivo,
Momentos capturados pelo flash da imagem que corre,
Ao encontro da notícia impressa sobre a verdade que morre,
    Juntando-se à mentira do conceito convenientemente relativo!...

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Juntaram-se nas...
 Histórias que são sempre mutáveis,
Quando o poder reescreve a história,
   Imposta às opiniões mais violáveis!...

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Estrela e o Pentágono


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Três segmentos de três rectas,
Urdiram um polígono perfeito,
Foram estabelecidas as metas,
Cumpridas por ordens diretas,
Diretas aos corações no peito,
Das Nações parasitadas a eito,
Pelas novas democracias afectas,
Às ordens cumpridas a preceito,
Por “lobys” de seitas secretas!...

O segundo polígono revelou-se implacável,
Sobrepondo-se ao primeiro triângulo alterável,
Dispondo exteriores vértices unidos em hexágono,
Blindaram o coração do mais diabólico pentágono,
    Projecto da histórica besta para ser impenetrável!...

Não foi difícil a Karl Marx imortalisar seu vaticínio,
Produto sem valor de uma imaginação fantástica,
Para os candidatos ao império era teoria plástica,
Os silenciosos segmentos traçados no raciocínio,
Surgiriam das mentes sombria... subtis,
Estranhos poderes de ideologias novas... Nazis,
A saúde decadente é vítima em massa de assassínio,
Segmentos rígidos de origem elástica,
Seis rectas divinas e iguais seis das mais vis,
Unidas pela ambivalência da histórica ideia eclesiástica,
     Abriu-se a estrela fechada à vantajosa cruz suástica!...

Há um novo abate humanitário em construção,
Que aperta o cerco aos consumidores doentes,
No estômago da cerca há uma terminal infecção,
Inseminações capitalistas,
De Sociais Nacionalistas sem nação;
São eliminadas as fraquezas de raças diferentes,
Pelos filhos inventados em histórias provenientes,
Da Nova Ordem em proliferação,
Capitalismo de germes convenientes,
Semeados por campos de concentração!...
   
É certo o sacrifício oferecido à Humanidade,
Despedaçando o ferido coração da verdade,
A sequela do Holocausto reinventa a história,
A raça pura escreve para apagar da memória,
O sangue de irmãos sacrificados sem piedade,
Pelos seus irmãos sedentos da divina victória,
   Congénito Fratricídio de ancestral maldade!...

Assim chegamos ao poder dos impérios,
À reivenção do Holocausto e seus mistérios,
Dos seis segmentos e outros tantos triângulos,
Herméticos de qualquer que sejam os ângulos,
Seis polígonos de três vértices e três lados,
Perfeitamente combinados,
No segredo dos equiângulos,
Com a cruz de pontos quebrados,
Entre os mais desumanos critérios,
Protegidos por corruptíveis magistérios,
Segmentos desses monstros imaculados,
Que vão enterrando nos nacionais cemitérios,
    A esperança dos humanos desumanizados!...

No plano global foi traçada uma nova diretriz,
 Enquanto os cucos do império pôem ovos em Paris,
Falcões de guerra chocam a ordem em ninho alheio,
Na América do velho sonho prometido esgotou-se o veio,
Há muito que as garras imperiosas rasgaram veios da Flor-de-lis,
Entretempos foram chocando intrigas de morte pelo meio,
Manipulando o traço do destino traçado de mais um país,
   Que tem a identidade a perder-se bem no seu seio!...

Adeus Síria, adeus velho Irão,
Olá assassina globalização,
Crimes vergonhosos de encantos mil,
Olá rico Brasil,
Estás na lista da destruição,
Os cucos sedentos já cavaram seu covil,
     Nos recursos naturais do teu coração!...
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Máscara e Carnaval


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Com uma faca corroída por velha ferrugem,
Dilacerou metade do rosto já cansado de si,
Uma parte deforme chora pela outra que ri,
Meias caras das caras-metades que urgem,
  Riem das deformidades disfarçadas por aí!...

Há uma parte equivalente à metade risonha,
A chorar da parte asquerosa coberta de riso,
Uma é parte do pesadelo que a outra sonha,
Sendo, ambas, sonho de uma parte medonha,
   Falsas partes corroídas  pela perda do juízo!...

Se uma boa parte à outra parte não leva a mal,
A outra parte não sabe que de sua parte fazer,
Uma parte é parte que a outra já deixou de ser,
Sejam partes mascaradas de consciência carnal,
Ou partes cegas dos olhos no rosto do Carnaval,
São máscaras escondidas na dificuldade de ver,
    Olhar que não reconhece sua imagem como tal!...

Quem já não experimentou máscaras descaradas,
Que dão ao pó-de-arroz a cara por mentirosas verdades,
      Esse que reduz a pó a mentira de verdades mascaradas?!...

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Dar Pérolas...

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Emprestava à educada adulação que dava,
Toda a beleza celestial que dos anjos adultos não tinha,
Redigia aroma a alfazema por cada palavra que perfumava,
Oferecendo vigor ao deleite das flores em Primavera de rainha,
Que levitava em volta do nascer dos sóis que seu reino mantinha,
E deixava despedidas ternas ao fiel súbdito que por elas se cultivava,
Rodeando-se do servil infinito que às doces palavras adulações dedicava,
Por cada sol posto que deixava em misteriosos perfumes de uma adivinha,
Guardada na cor de frasquinhos invisíveis das essências que não adivinhava,
    Fechando todas as palavras num livro onde sua palavra não estava sozinha!...

Oferecia às palavras uma outra versão da verdade que lhe ia na Alma,
Escrevendo lisonjas amorosas no branco dos olhos escancarados ao Sol,
Com que aquecia o engodo iluminado da estimas douradas do dócil anzol,
Na certeza de pescar os amores que nadavam nas repescagens da calma,
Confiantes nos senhores de si e das senhoras erguidas da luz de um farol,
     Para ambos flutuarem na rede das correntes brilhantes vivas em seu prol!...

Enfiadas na dupla transparência das linhas escondidas,
As mais lindas pérolas que no cerne das palavras se formaram,
Mostravam todo o Amor dedicado ao infinito das conchas perdidas,
Sempre abertas de amores às contas de vidro e outras pérolas prometidas,
Anunciadas pelo carinho ilustrado dos colares que aos mimos recebidos colaram,
Espalhando graças reluzentes na sombra grata do desassossego que as alteraram,
Com o sossego das passadas promessas ensombradas por pérolas esquecidas,
Apagadas da memória na folha que em suas páginas separadas voaram,
Poisando entre as costas voltadas do segredo ao abrigo das intrigas,
Onde dormiam sossegadas no espelho das entre costas amigas,
   Reflectindo adulações educadas das palavras que amaram!...

Às vezes pressente-se uma agitação consentida próxima do naufrágio,
E os porcos inocentes que se debatem entre a culpa das conchas antigas,
   Emergem lustrosos em quadros das tão lustrosas pérolas coladas ao adágio,
       Ofertas doces em elásticas lâminas de facas escondidas na doçura das ligas!...

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Porém...

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O fim do Amor,
Acaba com o perfume das flores,
É como se...
Ao cortar uma flor,
Caísse no coração uma semente de dor,
      E se colhessem todas as dores!...

Porém...
É no jardim da Alma que refloresce,
   O Amor que por ela mesma, flor se merece!...
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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Entre...

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Deixou-se poisar onde o chão se acaba,
Entre serenos beijos onde o Céu começa,
Hesitante é o corpo fremente que tropeça,
Nos purgatórios que a desejam libertada,
Entre um pouco do fogo que se propaga,
Pelo sangue de uma abrasadora promessa,
Inferno desejado que por ela não se apaga,
   Antes que a perda do seu desejo a impeça!...

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Veredito:Velho

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Ergueram-se fronteiras à última caminhada,
Do percurso em que toda a felicidade partilhou,
Sua juventude,
Plena de saúde,
Foi por todo o consumo estimada,
Ao cair nos braços do abismo que restou,
Lembrou-se de todos os filhos que criou,
Algures entre a fímbia que a abraçava,
À beira das trevas da memória futura,
E o infinito da profunda amargura,
Que lhe beijava a face enrugada;
Pareceu-lhe ver um Amor que nunca a beijou,
Desejou tanto ser abraçada,
Por mais um pouco da vida que fora desperdiçada,
Mas apenas o abismo a abraçou!...
Os anjos dizem que procurou
Um rosto algures no fim do fundo,
Dizem que por momentos o encontrou,
Ao sentir nas costas a mão que a empurrou,
Para o passo em frente onde começava o fim do mundo!...

Soltam-se ecos silenciosos no abismo,
O paradigma da meia idade reza em silêncio,
Pelo renascimento do velho Humanismo!...

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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Asas do Pensamento

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Nem sempre as asas acompanham o voo do pensamento,
Pássaros que já não sabem porque se esqueceram de voar,
  Esvoaçam sobre o silêncio do céu sem o azul encantamento...
Há nuvens dispersas desvanecidas por não saberem chorar,
 O retrospecto infinito dos olhos onde o Sol deixou de brilhar,
 Voa com as penas fragmentadas no voo do deslumbramento,
Transparece de fascínio a liberdade que seca no afastamento,
Das asas e dos leves corpos livres sem força para desanuviar,
O mistério que paira entre o desejo de voar e o voo cinzento,
  Asas etéreas que do mistério da Alma não se sabem afastar!... 


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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Luvas

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São tão insustentáveis as luvas do pugilista!...
Os ossos do povo entram no pequeno quadrado,
O primeiro directo é certeiro e fica sem uma vista,
Vê as sombras por cordas que o deixam encurralado,
Ameaças dos “segundos fora” ordenam que não desista,
E muito antes que o milagroso toque do gongo o assista,
Um golpe traiçoeiro nas partes baixas deixa-o capado;
A toalha branca limpa restos de caviar derramado,
Espumantes traidores celebram a conquista!...

1, 2, 3, 4... e antes que se ouvisse a voz do dez,
Todo feito num oito, levantou-se aos nove sobre os pés,
Ainda mal refeito dos tremeliques nos seus pobres joelhos,
Um par de uppercuts muito baixos fizeram-lhe cair os pintelhos,
A imagem desfocada do seu canto abandonado era um duro revés,
Ondulavam  grogues risos convexos como em divertidos côncavos espelhos,
Embora as dores nos esmagados testículos matassem,  não caiu e, ao invés,
Fustigado pelo murros do adversário atravessou o ringue de lés a lés!...

Um espartilho de cordas deixou-o imóvel a um canto,
Entre a saraivada de jabs e outros golpes mal encaixados,
As costelas acusavam os castigos e da direita caiam cruzados,
Os impactantes maus tratos de esquerda levantavam o espanto,
Que não deixavam cair aquele Povo para qualquer um dos lados,
Porque é assim, de pé, que os Povos sem nada são massacrados,
Depois de combinadas as garantidas apostas com todo o encanto,
Victórias arranjadas pela traição do dono dos derrotados!...

Do gongo chegou-lhe a muito custo um toque fraquinho,
Caiu em si, como se não bastassem os golpes que lhe caíam,
Percebeu a toalha desaparecida entre o espumante fresquinho,
E o desaparecido banco,
No seu solitário canto,
Onde...
Com o seu sangue e todas as partes que lhe doíam,
  Ali estava ele, um saco de pancadas com ele mesmo sozinho!...
Sentado sobre a dura realidade do verdadeiro caminho,
Levantou-se a custo até onde suas pernas podiam,
Entre cortinas de sangue avançou devagarinho...
Silêncio que vai...
Devagarinho...
Silêncio que vem...
Devagarinho...
Coragem era a única força que todos viam,
À volta do ringue os velhos cravos morriam,
A última rosa deixou cair a última pétala...
                                                                                        E o último espinho!...

E caiu!...




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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Gambozinos


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Rodeou-se o imaculado gestor de S. Bento,
De excelsos sábios e protectores génios divinos,
Hábeis decifradores de todos os enigmas dos destinos,
Que haviam enfrentado tempestades liderados pelo vento,
Lendas contam que cegaram o mais ambíguo olho agoirento,
E expurgaram o veneno do mau olhado entrelaçado nos hinos,
Canto das bandeiras envenenadas pelo mais ardiloso intento,
     Mas não há Povo que resista aos guardiões de gambozinos!...

É por demais evidente a imagem da realidade,
São gambozinos que o inquilino do palácio não vê,
Cresce a fome que alimenta fantasmas da tempestade,
Nas costas reais de um génio já careca de tanta vaidade,
     E as pedras de S. Bento não querem perceber porquê!!...
É estranho o analfabetismo do sábio que não lê,
As bizarrices geniais dos analfabetos mais finos,
Carecas que deixam o cheque do Povo à mercê,
     Da negação existencial de milagrosos gambozinos!...

Lá para os lados de Belém,
Outro investidor rodeou-se também,
De outros investidos génios e sábios iguais,
Venerados economistas de públicas falências reais,
Protegidos pela  careca Justiça deste Povo refém,
   Dos invisíveis Gambozinos e outros que tais!...

A realidade perdeu o tino da imagem,
Só os promovidos gambozinos são imagem real,
Acreditar na genialidade destes sábios é ser o aval,
    De todos os cheques carecas deste pelado Portugal!...
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Azul


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Para lá de todo o céu azul do olhar,
Na imensidão azul onde se coloria a loucura,
Perdiam-se sonhos imensos em azul d’Amar,
Azul em despedida reflectido nos azuis do ar,
Vistos partir no coração azul de uma aventura,
Veleiro azulado que um desejo azul procura,
     Azul que antes do adeus vê seu azul voltar!...

Vai-se desvanecendo o azul no fim do dia,
Olhos guardam imensos azuis enternecidos,
Uma lágrima azul voa sobre azuis da maresia,
Beija o distante horizonte azul com nostalgia,
E sente suaves azuis de sentires indefinidos,
Tornarem-se a brisa de sua azul companhia,
   Até amanhecerem seus azuis agradecidos!...

No alto das falésias azuis e no azul dos cais,
Olhos de todas as cores esperam o azul eleito,
Com a azul Esperança de quem espera demais,
Azul que não basta ao azul que se cansa jamais,
Contemplação que tonaliza de azuis o conceito,
Dos seus azuis afectos matizados de azuis sinais,
    Que do outro lado contemplam o azul perfeito!...

Há azuis assim,
Azuis que palpitam no peito,
    Numa azul admiração sem fim!...
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