domingo, 6 de novembro de 2011

...do Olhar

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...Entre os pingos das nuvens felizes por chorar,
Brilhavam lágrimas que riam de velhos caudais,
As cores do arco-íris nunca eram belas de mais,
Eram todas as lágrimas espelho do Sol a brilhar,
Beleza que impelia os rios ao encontro do mar,
Talvez lágrima, talvez um pingo furtado ao olhar,
Quem sabe, um barco avistado lá longe do cais,
Ou anil raiado nos olhos cansados de navegar!...

No olhar nostálgico de vidradas janelas,
Bátegas embaciadas revelam olhos de limpidez,
Um corpo frágil forma-se de feminina timidez,
Da Alma vislumbram-se Almas de mil cautelas,
Vidros finíssimos acariciados por frágeis lamelas,
Dançam entre a transparência de tímida nudez!...

Entre lâminas transparentes que cortam ao ver,
Espelhos d’água serão testemunhos das quedas,
Da espuma às lágrimas que não quiseram ser!...

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2 comentários:

  1. A minha memória é de poeta
    não é memória de nada...
    Apenas este ímpeto
    arrancado sílaba a sílaba
    como um livro, uma musica
    espectadora prima donna
    d’um censor primo uomo…

    Quem sabe o limiar,
    fulgor duma lágrima…
    gota ou pingo, arcaico caudal
    - Nunca! Nunca, nuvem conventual -

    Bom inicio de semana Poeta

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  2. Se é da experiência de vida que a poesia se manifesta no leitor, para d’Alma é através do olhar observador, que não se contentando em permanecer estático com a paisagem, ousa em inseri-lo no uniVerso do movimento, e retratando-o é capaz de transformá-lo.

    Desfrutando dessa paisagem como espectadora, ou como leitora, minha leitura “...do Olhar” me transporta à infância. Das imagens que me chegam à lembrança, as tardes de chuva me guardavam os sonhos favorecidos pelos potes de ouro que se escondia no fim do arco-íris, um mundo encantado de doces ilusões, onde eu crescia acreditando que nada era tão confortante quanto observar a tempestade protegida sob o olhar de minha família.

    Como um alarme, muitos anos depois sou despertada pela contemplação dos ‘espelhos d’água’. Do mistério, restou quase nada, dos sonhos, nenhum, mas todas as cenas são adaptadas à realidade, no poder que a poesia d’Alma tem de envolver e devolver o olhar para um novo ‘eu’, menos egoísta, menos narcisista, mais disciplinado, mais sereno, e, sobretudo, mais aprendiz.


    ¬

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