segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Sempre

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Ela sempre está,
Onde sempre estamos,
Sempre nos dá,
O que sempre lhe damos,
E quando sempre esperamos,
Que ela sempre se vá,
Pressentimo-la sempre por cá,
Sempre provando que nos enganamos,
Mas se sempre a pensamos,
Como ceifeira sempre má,
É sempre o pior do pior que há,
Ainda que sempre nos dê mais uns anos,
Nós sempre nos encarregamos,
De nunca esquecer a já gasta pá,
Com que sempre escavamos,
A cova onde sempre nos deitamos!...

Nem sempre nos ensinaram a viver,
Tudo que sempre aprendemos é morrer!...

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4 comentários:

  1. ... permite-me poeta mas nem isso..nem morrer sabemos...

    Pasmo-me perdida nos teus textos...gosto pois!


    Um beijinho
    da
    Assiria

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  2. Em poucos versos, mas de uma precisão exata, a vida, de sempre, comum a todos nós, igual para todos nós, marcada por um único detalhe, “Sempre” distinta mediante as opções e as decisões que tomamos. Um tema conciso, de uma objetividade impactante, determinado pelo caráter filosófico d’Alma, refletindo numa poesia docente, dada à lição que depreendemos dela.

    A vida [“Ela sempre está, / Onde sempre estamos,”] é um somatório de mérito e demérito [“Sempre nos dá, / O que sempre lhe damos,”]. Ação, reação e uma surpresa, umas vezes agradável, outras nem tanto [“Pressentimo-la sempre por cá, / Sempre provando que nos enganamos,”]. O pessimismo [“Mas se sempre a pensamos, / Como ceifeira sempre má,”] diante das dificuldades impede o crescimento e prejudica a capacidade de discernimento [“É sempre o pior do pior que há,”] prolongando o sofrimento [“Ainda que sempre nos dê mais uns anos,”], lembrando-nos de que a morte também se dá em vida [“Nós sempre nos encarregamos, / De nunca esquecer a já gasta pá,”], pela liberdade que temos de fazer nossas próprias escolhas – livre-arbítrio [“Com que sempre escavamos, / A cova onde sempre nos deitamos!...”].

    A dignidade de um saber honra a poesia d’Alma nos dois últimos versos [“Nem sempre nos ensinaram a viver, / Tudo que sempre aprendemos é morrer!...”].

    Desde que nascemos somos condicionados pela ameaça permanente da morte. Viver, não. É mais complexo. Não se ensina o que se desconhece, ou o que não se tem domínio. Poucos, e raros, são aqueles que têm algo a nos ensinar. Já aprender, é inerente, um despertar e... acontece. Quando menos esperamos, mas nunca de onde menos esperamos.


    ¬
    Como discente não posso deixar de registrar que seus poemas mudaram o curso de minha vida. Obrigada, d’Alma.

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  3. Este teu texto dá muito que pensar...Realmente temos dificuldade em lidar com a morte e no entanto sabemos que um dia a abraçaremos...A vida...A vida...Será que dela tiramos o que devemos, antes de abraçarmos a tal morte?

    Gostei

    bjgrande do Lago

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  4. Belo poema!...

    "Nem sempre nos ensinaram a viver..."

    Nem sempre aprendemos a viver
    nem sempre aprendemos as normas ocultas

    e sempre, nos dividimos em duas metades...

    metade é chegada
    metade é partida...

    Somos nós que temos de aprender
    somos nós que temos de mudar.

    Mas nem sempre o fazemos...

    E no fim dizemos convictos e seguros do que dizemos:

    "Nem sempre nos ensinaram a viver"

    Assim eu sinto...mas somos todos diferentes e não contesto, aplaudo!

    Maria luísa

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