segunda-feira, 18 de julho de 2011

...navegar

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Algures da visão do meu limite suspenso,
Escorro-me de areia branca numa azul bruma,
E sigo névoas ao vento de teu navegar propenso,
Às despedidas bordadas num encontro pretenso,
De acenada sereia que na saudade se esfuma,
 Imaginando a travessia do atlântico imenso!...

É doce o monograma das rotas de sal,
Que flutuam no adeus de teu salgado lenço,
Talvez lágrimas emersas de meu naufrágio real,
Ou a salvação das algas de teu oceano virtual!...

Há segredos vagos a sobreviver na lacuna,
De profundos pensamentos com sentido intenso,
Afogados na maresia íntima que se liberta da espuma!...


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5 comentários:

  1. Naufragar em belezas de mares imensos, nadar por poemas intensos, assim tem sido neste mundo virtual. E neste seu poema mergulho, e em algumas frases bebo a maresia de espanto e deslumbramento.

    abraço!

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  2. suas postagens são para mim como uma obra de arte...eu vejo...e admiro...e nunca me canso de admirar....


    meu carinho...


    Zil

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  3. Teu poema me transportou
    feito travessia pelo oceano,
    marulho, cheiro de maresia,
    gosto de sal e todos os tons do
    mar

    Belo poema!

    Afetuoso abraço!

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  4. A saudade é amarga de manhã e muito salgada à noite.
    Mas é o sal que dá sabor e completa o tempero.

    Abraço.

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  5. Um ritmo diferenciado e “...navegar” revela a poesia que existe no lado oculto dos versos aparentes. E assim, nasce o poema, desvelando toda uma poética cheirando a maresia, deixando-nos a impressão de se tratar de uma fotografia, carregada de lembranças e gestos, e misturando-se ao oceano, com a intensidade dos sentimentos mais dolorosos que já experimentamos, a partida [“Às despedidas bordadas num encontro pretenso,”].

    No contar da história, os versos escondem-se e revelam-se ao mesmo tempo [“É doce o monograma das rotas de sal, / Que flutuam no adeus de teu salgado lenço,”], lendo no seu reverso, alcançamos seu verso e somos atingidos em cheio pela dor [“Que flutuam no adeus de teu salgado lenço,”]. Do definitivo. A imagem que predomina sobre a paisagem é desoladora. Pela concepção amorosa de cada um, nos aproximamos ou nos afastamos, ou prosseguimos com a leitura e enfrentamos suas consequências, ou a interrompemos. Partir dói e nunca sabemos se a dor é recíproca para quem fica. Talvez sim [“Talvez lágrimas emersas de meu naufrágio real,”]. Talvez não [“Ou a salvação das algas de teu oceano virtual!...”].

    Em meio ao conflito e ao sofrimento, uma nova estrofe emerge e há um verso que exprime, senão esperança, algum alívio: “Há segredos vagos a sobreviver na lacuna,”. Num universo de solidão e devastação, a física explica [“De profundos pensamentos com sentido intenso,”], é a luz quem nomeia o canal de lucidez necessária e imprescindível antes do fim que se principia [“Afogados na maresia íntima que se liberta da espuma!...”]. Mesmo que não assegure a efetividade de sua manifestação, existe a opção. E cada qual que faça a sua.


    ¬

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