domingo, 26 de junho de 2011

Sabichão


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Há imenso amor na corporativa literatura organizada,
Lindos pavões nas entrelinhas visíveis das invisíveis linhas,
Há chaves mestras em informações de mágicas varinhas,
Pálidos copos de leite seguindo a cópia da cópia refinada,
Há um gelo azul no whisky eloquente da linha entrelinhada,
Cultura de sabichão vendida à leitura de gurus e adivinhas!...

Há um livro sem autor,
Sem folhas ou capa de couro,
Há linhas corrompidas com amor,
Nas entrelinhas de muito douto senhor,
Há Cultura que se prostitui a peso d’ouro,
Irresistível erário de insinuante tesouro,
Há obra alheia que paga o plagiador,
Incontestável património vindouro,
Há dádivas de incalculável valor!...

Às páginas tantas,
Na prosápia balofa de quem em si já não cabe,
Há muito saber de quem muito sabendo,
Mais do que aquilo que lê não sabe!...

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3 comentários:

  1. Olá!

    O rótulo não poderia ser mais apropriado. O homem, aparentemente,sabe de tudo, ou pelo menos de tudo sabe falar: ele vai do futebol à ópera, com muita política e propaganda despudorada pelo meio.Tanto fala e tão "sábio" parece, que chega a enjoar...

    Gostei muito do texto - bem construído.
    Um abraço.
    Vitor

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  2. Um texto fantástico com um titulo apropriado e bem encaixado a este tempo por que estamos a passar....
    Há sempre os que "sabem " de tudo!!!!!

    Bjgrande do Lago

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  3. Entre a cultura e a corrupção, a arte de dizer desdizendo imita o mundo real no uniVerso dos contrários, mas não contraria nem o poema, nem a poesia, ao contrário, reafirma a poética dos extremos intelectuais e sociais com o poema “Sabichão”.

    A mídia é um tipo de discurso essencialmente persuasivo para o lançamento de produtos e obras, servindo também como instrumento à indústria cultural [“Há imenso amor na corporativa literatura organizada,”]. Para o bem e para o mal. A matéria jornalística, através da informação, propõe à sociedade um aparente manual de uso. Ou seja, o que antes deveria ser pautado na credibilidade da informação, da autoria e até, da fonte, transformou-se num jogo de poder que corrói a sociedade [“Lindos pavões nas entrelinhas visíveis das invisíveis linhas,”]. Não há mágica, nem varinhas, nem chaves mestras [“Há chaves mestras em informações de mágicas varinhas,”]. O que há é a pretensa conquista [ou não pretensa] de um poder relativo de conhecimento ao preço da corrupção [“Pálidos copos de leite seguindo a cópia da cópia refinada,”] e de nenhuma transparência sobre a origem da fonte, onde as informações de rotina são provenientes das fontes ligadas às elites do poder [“Cultura de sabichão vendida à leitura de gurus e adivinhas!...”].

    Para a justiça, a balança representa o equilíbrio e a igualdade das decisões aplicadas pela lei. No wallpaper, a linguagem é clara quanto à prevalência de quem sobre o quê. O desequilíbrio é intencional à imagem poética. E ao caráter. O ônus da prova, ou da escrita, cabe a quem melhor fizer seu uso, ou mesmo seu desuso, mas é essencial seja original a partir da autoria da informação [“Há obra alheia que paga o plagiador,”]. A política editorial está acostumada a premiar quem tem seu lugar conquistado na mídia, não importando a qual preço [“Incontestável património vindouro, / Há dádivas de incalculável valor!...”].

    Na poesia, como fruto da inquietude d’Alma, os contrários reconciliam-se e nos preparam à reflexão em busca de um conhecimento que deve ser pautado na defesa da ética [“Há muito saber de quem muito sabendo, / Mais do que aquilo que lê não sabe!...”].

    Ao leitor, cabe a distinção, ou preferência.


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